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Estado de Minas

'M�fia mineira' � apontada como respons�vel por chacina em 2012

Grupo � suspeito de promover assassinatos de desafetos por 20 anos no Leste de Minas, incluindo homic�dios de cinco pessoas em Tumiritinga de uma �nica vez


postado em 21/11/2018 06:00 / atualizado em 21/11/2018 08:11

Enterro de uma das vítimas da chacina de Tumiritinga, em 2012. Operação desmantelou quadrilha apontada como mandante do crime(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS - 08/02/2012)
Enterro de uma das v�timas da chacina de Tumiritinga, em 2012. Opera��o desmantelou quadrilha apontada como mandante do crime (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS - 08/02/2012)
Empres�rios, pol�ticos, fazendeiros, agentes das for�as p�blicas de seguran�a e pessoas de grande influ�ncia numa regi�o, seja pelo poder pol�tico ou econ�mico, se unem e formam um conselho deliberativo. Nele, decidem como e quando v�o resolver, na base da morte, os problemas que os afligem. Abrem m�o do poder p�blico para fazer justi�a pr�pria, a seu modo. Parece at� roteiro de filme, mas � hist�ria real de um grupo que ditou “leis” e promoveu uma s�rie de homic�dios nos �ltimos 20 anos no Leste de Minas. Ontem, uma grande opera��o, batizada de “La Famiglia”, em alus�o � origem italiana da m�fia, resultou na pris�o de 21 pessoas. Seis outras est�o foragidas. Entre os crimes, est� uma lista longa e diversa, que inclui at� assassinato de herdeiro por briga de terra. A chacina ocorrida em 2012 na cidade de Tumiritinga, no Vale do Rio Doce, tamb�m � relacionada ao grupo. Na ocasi�o, um vereador e outras quatro pessoas foram assassinadas (leia mais abaixo).


O Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e as Pol�cias Civil e Militar tinham em m�os 42 mandados de pris�o contra 27 alvos para serem cumpridos em Minas Gerais, em outros tr�s estados (Bahia, Cear� e Maranh�o) e tamb�m fora do Brasil. A subcoordenadora do Grupo de Atua��o Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Governador Valares e Te�filo Otoni, Ingrid Veloso Soares do Val, explica que as investiga��es come�aram h� tr�s anos, quando colegas da comarca vizinha de Conselheiro Pena pediram ajuda para elucidar homic�dios que, ao que tudo indicava, eram cometidos por um mesmo grupo. Ao longo das apura��es, percebeu-se que v�rios crimes que ocorriam naquela �rea eram semelhantes aos que se passavam em toda a regi�o.


Todos os crimes tinham um dado em comum: eram cometidos mediante emboscada, pagamento (encomenda) ou recompensa. Nesses tr�s anos, somente em Conselheiro Pena, o grupo foi respons�vel por pelo menos 18 mortes. “Come�amos a fazer a rela��o dos homic�dios. Tinha-se dificuldade de perceber isso antes, porque havia cautela de n�o repetir executores na mesma regi�o e todo um aparato para evitar que se chegasse aos mandantes. As autoridades locais s� viam aquela morte, n�o viam as outras. Se andassem 10 quil�metros, caiam para outra comarca, com outro juiz. Ent�o, n�o era f�cil associar ao grupo”, conta a promotora. “Como o Gaeco trabalha com v�rias institui��es, pudemos contar com dados do MP, Pol�cia Militar e Civil, verificamos a atua��o ao longo da regi�o”, relata.


Desacertos comerciais, desaven�as familiares, desaven�as pol�ticas, queima de arquivo, furtos de gado e de armas, infidelidade conjugal, agiotagem, cobran�a de d�vida e at� casamento que n�o deu certo – qualquer pessoa que se torna um inconveniente � um alvo. A organiza��o era conhecida como “fam�lia” ou “irmandade” e usava estrat�gias refinadas para eliminar seus desafetos. N�o h� um l�der, por isso, a alus�o � m�fia, na qual um grupo imp�e o poder.


O grupo se organizava para que n�o ocorressem flagrantes durante os crimes, inclusive observando escalas da Pol�cia Militar, organizava apoio log�stico para monitoramento do entorno das cenas de crimes e acompanhava de perto as investiga��es, para obter informa��es privilegiadas. Al�m disso, a organiza��o coagia v�timas e autoridades, eliminava testemunhas e se aproximava das autoridades para obter vantagens. “Esse modo de opera��o gera muito poder. Ningu�m testemunha contra o grupo. Quem ousou fazer isso foi morto”, diz Ingrid.

Operação prendeu 21 pessoas e mira outras seis que estão foragidas(foto: Ministério Público/Divulgação)
Opera��o prendeu 21 pessoas e mira outras seis que est�o foragidas (foto: Minist�rio P�blico/Divulga��o)


Entre os presos, est�o policiais civis e militares e agentes penitenci�rios, suspeitos de darem cobertura, executar crimes, fornecer informa��o sigilosa e armas. Havia uma estrutura muito bem montada, na qual eram definidos os grupos de executores, de agenciadores e de log�stica (quem providenciava ve�culos e armas, por exemplo). Alguns crimes foram praticados com disfarces.


Num dos casos, foi morto um herdeiro de uma propriedade menor que n�o quis vender suas terras. As investiga��es revelaram ainda a participa��o do grupo num crime que ficou conhecido como chacina de Tumiritinga e chocou o pa�s em 7 de fevereiro de 2012. Cinco pessoas foram assassinadas sem chance de defesa numa fazenda que fica no distrito de Divino do Sul, em Tumiritinga, no Vale do Rio Doce. Entre os mortos estava o ex-vereador Jandir Caetano dos Santos, dois filhos dele e dois funcion�rios que cuidavam do terreno. Um terceiro filho do parlamentar e um garoto de 12 anos conseguiram fugir.


“Na �poca, o Minist�rio P�blico atuou, as pessoas ficaram presas preventivamente, mas foram absolvidas. Agora, descobrimos que houve atua��o da organiza��o criminosa para desviar o curso da investiga��o e impedir que cheg�ssemos aos autores”, informa a promotora. O processo ser� reaberto.


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