
Respeito, inclus�o e representatividade. A capital mineira recebe o primeiro aplicativo de transporte particular pensado para o p�blico LGBT+ (l�sbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transg�neros). O aplicativo Homo Driver funciona, em quase tudo, como os que j� circulam no pa�s. A diferen�a � que s� aceita motoristas que sejam desse grupo. E os passageiros tamb�m. A inten��o � proporcionar empatia entre o prestador do servi�o e o cliente e mais tranquilidade para os dois. Alguns j� abra�am a ideia, outros temem o efeito de segrega��o social e eventual inseguran�a na plataforma.
Os aplicativos Homo Driver e Homo Driver Motorista, lan�ados ontem, somam quase 800 downloads, sendo 700 de pessoas com interesse em ser passageiros e 90 pr�-cadastros de motoristas que querem fazer parte dessa onda social. A empresa garante que os motoristas v�o passar por um treinamento para conhecer sua cultura organizacional e eliminar os riscos de preconceito por seus usu�rios.
Diante do cen�rio de desemprego, a plataforma tamb�m busca dar oportunidade ao grupo, que sofre preconceito tamb�m no mercado de trabalho. Dificuldade enfrentada principalmente pelos transg�neros, transexuais e travestis. De acordo com dados levantados pela Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% da popula��o de travestis e transexuais utilizam a prostitui��o como fonte de renda e possibilidade de subsist�ncia, devido � dificuldade de inser��o no mercado formal de trabalho e � defici�ncia na qualifica��o profissional causada pela exclus�o social, familiar e escolar. Para ele, a meta da empresa de oferecer mais seguran�a e liberdade ajuda a combater “a segrega��o que j� existe na sociedade para com a comunidade LGBT ”.
Antes mesmo de come�ar a rodar, o aplicativo j� provoca pol�mica entre as pessoas que tomaram conhecimento do lan�amento por meio das redes sociais s�o divergentes. “Apesar de eu n�o conhecer o funcionamento desse aplicativo, acredito que me sentiria mais confort�vel. Quando vou para S�o Paulo, fa�o uso do Lady Driver (aplicativo em que motoristas e passageiras s�o mulheres) e me sinto mais tranquila”, conta a professora �rsula Viana Mansur, que garante que vai utilizar o Homo Driver. “Penso que medidas como essas s�o necess�rias. As pessoas deveriam ter capacidade de lidar com as diferen�as, mas j� que n�o t�m, prefiro fazer o uso”, completa. A atriz e comunicadora Kayete, apoia a iniciativa mas n�o esconde a tristeza em ter que “segmentar as coisas”. “Infelizmente h� pessoas que n�o sabem lidar com a diferen�a. A gente precisa se sentir bem, seguro pra ir e vir”, defende.
Gabriel Lomasso, de 25 anos, tem uma vis�o diferente. Para ele, usar o aplicativo seria ampliar o risco. “Esse tipo de transporte � mais usado em momentos de muita vulnerabilidade, saindo da balada, cansado, �s vezes b�bado e de madrugada. N�o me sentiria confort�vel porque, ao usar o aplicativo, j� estaria ‘atestando minha homossexualidade’, logo eu seria um alvo mais f�cil. Em outros apps, n�o tenho que me manifestar sobre sexualidade, ela n�o fica t�o exposta”, disse. A empresa garante que investe na seguran�a. E para isso promete um rigoroso controle de avalia��o no fim das viagens, para excluir da plataforma o usu�rio que for acusado de praticar qualquer a��o discriminat�ria e/ou homof�bica.
O presidente do Centro de Luta Pela Livre Orienta��o Sexual de Minas Gerais (Cellos/MG), Azilton Viana, apoia o aplicativo e espera que a startup v� al�m do vi�s mercadol�gico. “ Num mundo cada vez mais conectado, pode ser uma ferramenta importante e de visibilidade, refor�o da imagem positiva e de orgulho em refer�ncia �s pessoas LGBTI”. Afirmou.
Prote��o ou segrega��o?
Para a psic�loga Dalcira Ferr�o, a proposta � uma faca de dois gumes: oferta de prote��o, de um lado, e segrega��o, de outro. “Em tempos em que a viol�ncia contra a popula��o LGBTI tem se dado de forma mais expl�cita, declarada e sem nenhum pudor, bem como tamb�m aumentando de forma not�ria, iniciativas como esta surgem com o intuito de buscar garantir o m�nimo de seguran�a e pertencimento ao referido grupo. Por outro lado, essa mesma iniciativa pode ser entendida enquanto uma maneira de segrega��o por parte da comunidade LGBTI”, avalia a psic�loga, conselheira-presidente do Conselho Regional de Psicologia de MG e militante LGBTI. De toda forma, a pr�pria necessidade de buscar esse tipo de solu��o j� � um indicativo das dificuldades enfrentadas pelo grupo, numa “conjuntura que tem se mostrado pouco acolhedora”, avalia a psic�loga.
Os aplicativos Homo Driver e Homo Driver Motorista est�o dispon�veis para download em Android, e, a partir de segunda-feira, poder�o ser acessados tamb�m na plataforma IOS. Ap�s finalizado o download no smartphone, o usu�rio faz seu cadastro para login e tem acesso aos servi�os. O aplicativo ent�o, permite a busca por motoristas e passageiros baseada na localiza��o voltada para o p�blico LGBT . Inicialmente, as corridas ser�o em Belo Horizonte e Contagem, na Regi�o Metropolitana, mas h� planos de expans�o para outras cidades. *Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho