
O jornalista, publicit�rio e cronista do Estado de Minas, M�rio Ribeiro, morreu ontem, aos 77 anos, em decorr�ncia de ataque card�aco. As cr�nicas de M�rio eram publicadas �s quintas-feiras, na p�gina 2 do caderno de Cultura. Com o t�tulo O real e o fant�stico, a �ltima cr�nica escrita por ele foi enviada ao EM na segunda-feira. No texto, Mario fala sobre as mem�rias que tem do livro Cem anos de solid�o, de Gabriel Garc�a M�rquez. “Tudo passa, mas a hist�ria fant�stica de Gabriel Garc�a M�rquez n�o”, escreveu (leia o texto completo abaixo).
O vel�rio do jornalista ser� realizado hoje, das 9h �s 15h, na Rua Domingos Vieira, 600, Santa Efig�nia (vel�rio da Santa Casa). O corpo ser� cremado.
Nascido em S�o Vicente, distrito de Baldim, na Regi�o Central de Minas, M�rio foi um dos publicit�rios mais conhecidos de Belo Horizonte, onde trabalhou nas principais ag�ncias. Escreveu v�rios livros: V�cios impressos, colet�nea das cr�nicas publicadas no EM, Pensando agachado, Trinta linhas e Versos, este �ltimo dedicado � mulher Gracinda.
Era tamb�m amante da m�sica. Lan�ou, em 2014, o CD autoral Passarinho ao vento, que contou com duas parcerias: S� depois, feita com seu pai, Jo�ozito; e O real e o sobrenatural, assinada tamb�m pelo seu irm�o, o psicanalista Milton Ribeiro.
Em entrevista ao EM, em 2014, M�rio afirmou que a descoberta da bossa nova, no fim dos anos 1950, com Jo�o Gilberto e a turma que revolucionou a MPB, foi um divisor de �guas na sua vida. “Aquilo tudo me fascinou muito e toda a minha gera��o. De um jeito ou de outro, todos quer�amos tocar e cantar como eles”, afirmou � �poca.
Outra paix�o era o Galo. O jornalista era conselheiro eleito do Atl�tico. M�rio Ribeiro deixa esposa, Gracinda Gon�alves Ribeiro; tr�s filhos – Ana Gabriela, Gustavo e Mariana –; e quatro netos – M�rio Henrique, Pedro Ivan, Ana Laura e Stela.
O real e o fant�stico
(M�rio Ribeiro) Ainda repercute em nossas mem�rias o livro Cem anos de solid�o, do autor colombiano Gabriel Garc�a M�rquez, que usou a t�cnica do realismo fant�stico para narrar uma hist�ria fora do convencional.
A hist�ria vem � mem�ria diante de tantas realidades fant�sticas do mundo, para n�o citar a chuva que cai inclemente em nossas cabe�as nesses dias, como na Macondo de Garc�a M�rquez.
A adora��o e o uso dos aparelhos celulares no nosso dia a dia, por exemplo, mais do que prestar servi�os importantes de informa��o, tornou-se v�cio comum para quem n�o o tira das vistas e das m�os.
Nos filmes de faroeste que j� n�o existem, sacava-se o rev�lver da cintura sem qu� nem porqu�.
Hoje sacamos o celular de forma instintiva, para n�o dizer “desesperada”.
Com raz�o, porque afinal ali tudo se encontra, mesmo o que n�o se queira, mas que acaba atraindo a nossa aten��o.
Cem anos de solid�o nos emocionava pelo inusitado, o fant�stico e a criatividade do autor em criar situa��es m�gicas.
O celular, com toda variedade de servi�os que oferece, deixou de ser fantasia para se tornar recurso moderno �s nossas m�os, como nunca antes nesse mundo.
Tamb�m ele � fant�stico pela utilidade ou vazio das conversas de quem se deixa levar ao infinito em buscas e comunica��o. Certamente, mais servi�os ser�o desenvolvidos nos celulares, como cibern�tica ou quest�es de f�sica qu�ntica.
Tudo passa, mas a hist�ria fant�stica de Gabriel Garc�a M�rquez n�o.
