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Estado de Minas

Crimes violentos contra a mulher aumentam 13% em Minas nos �ltimos dois anos

Na segunda semana do ano, duas mulheres foram assassinadas por seus ex-companheiros e engrossam esta realidade. Para especialista, viol�ncia verbal pode ser o primeiro sintoma de um relacionamento abusivo


postado em 12/01/2019 06:00 / atualizado em 12/01/2019 07:48

Milena Siqueira tinha uma medida protetiva contra Emerson de Faria, mas isso não o impediu(foto: Facebook/Reprodução da Internet)
Milena Siqueira tinha uma medida protetiva contra Emerson de Faria, mas isso n�o o impediu (foto: Facebook/Reprodu��o da Internet)


A cada dois dias, uma mulher foi morta em Minas Gerais no ano passado, o que corresponde a uma alta de 13% desde 2016. E a segunda semana deste ano termina com mais epis�dios tristes para incrementar as estat�sticas de feminic�dios registradas em Minas Gerais. Em Formiga, Centro-Oeste de Minas, uma fisioterapeuta de 37 anos foi assassinada pelo ex, de 45. O homem tamb�m atirou em uma das cinco filhas dela, de 17, que foi internada em um hospital da cidade. Ap�s balear as duas, ele se matou com um tiro na cabe�a. O crime ocorreu na noite de quinta-feira. Horas antes, outra mulher, de 38, gr�vida de oito meses, foi esfaqueada pelo companheiro em Esmeraldas, na Grande BH. A morte dela e do beb� foram confirmadas no mesmo dia. Somente entre os dias 1º e 6 de janeiro, a Pol�cia Civil j� contabilizava tr�s feminic�dios e outras tr�s tentativas no estado, isso sem contar os dois casos de quinta-feira.

O crime em Formiga ocorreu perto da casa de Milena da Silva Pereira Siqueira, no Bairro Recanto da Praia. Por meio da assessoria de imprensa da Pol�cia Civil, a Delegacia de Mulheres da cidade informou que Emerson Modesto de Faria era casado com outra mulher – que sabia do envolvimento dele com a v�tima. Quando Milena p�s fim ao relacionamento, o homem passou a amea��-la. Em 4 de outubro do ano passado, a fisioterapeuta procurou a delegacia para denunciar as amea�as. Equipes de policiais civis procuraram Emerson, que foi levado para a delegacia e preso em flagrante com base no Artigo 147 do C�digo Penal (crime de amea�a), mas ele pagou fian�a e foi liberado.

No mesmo dia, foi requerida a medida protetiva para Milena junto ao Judici�rio. A v�tima informou � delegada que o ex n�o a procurava mais, mas passava de carro frequentemente em frente a casa dela. Conforme a Pol�cia Civil, Emerson estava dentro do carro, esperando por ela a certa dist�ncia e, quando Milena chegou com a filha, ele as abordou e efetuou os disparos. H� relatos preliminares de que ele tentou for��-la a entrar no carro e como Milena resistiu, acabou sendo baleada junto com a filha. M�e e filha foram atingidas no t�rax. A adolescente ainda tentou se proteger com uma das m�os, que tamb�m foi gravemente ferida por um disparo. Em seguida, o homem atirou contra a pr�pria cabe�a.

As duas foram levadas � Santa Casa de Caridade de Formiga, mas a mulher j� chegou morta ao hospital. A adolescente ficou internada na unidade. De acordo com a Pol�cia Militar (PM), o rev�lver usado no crime foi apreendido ao lado do carro de Emerson, um Gol prata. Dentro do ve�culo foram encontrados um fac�o, medicamentos, uma corda e bra�adeiras. Os materiais foram entregues � Pol�cia Civil. Al�m de trabalhar em uma cl�nica de est�tica, Milena cantava em uma banda da cidade. Tanto o estabelecimento quanto o grupo musical publicaram mensagens de luto pela v�tima.

MAIS UM CASO Outra hist�ria tr�gica foi registrada em Esmeraldas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, com o assassinato de uma mulher gr�vida de oito meses. De acordo com os relatos de populares � pol�cia, Deurismar Vieira, de 38, “n�o havia aceitado o fim do relacionamento” com a ex-companheira, Gilvane Paula Agostinho, tamb�m de 38. Com uma faca e uma talhadeira, ele atacou a v�tima na cabe�a, no rosto e em uma das orelhas. A mulher precisou ser socorrida � Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Contudo, a equipe m�dica indicou a transfer�ncia para o Hospital Municipal de Contagem, tamb�m na Grande BH, onde ela foi internada em estado grave e morreu. De acordo com o boletim de ocorr�ncia, Deurismar tem defici�ncia f�sica em um dos bra�os e em uma das pernas.

Logo depois do crime, ele fugiu em um Fiat Grand Siena prata, adaptado para pessoas com necessidades especiais. Por�m, momentos depois, receberam uma comunica��o da Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv), que atendia uma ocorr�ncia de capotagem na LMG-808, envolvendo o ve�culo. L�, a PMRv constatou que se tratava do suspeito de feminic�dio. Deurismar estava preso �s ferragens e, ap�s ser retirado, foi encaminhado ao Hospital Municipal de Contagem – o mesmo onde a ex-companheira morreu.

Desprezo pela condi��o  feminina

O feminic�dio � o assassinato de uma pessoa pela condi��o de ser mulher. Em 2015, a Lei do Feminic�dio (Lei 13.104/15) juntou-se � Lei Maria da Penha na constru��o do empoderamento das mulheres em conjunto com as pol�ticas criadas para prevenir e punir atentados, agress�es e maus-tratos. Os n�meros divulgados ontem pela Pol�cia Civil mostram aumento de 4% de casos de feminic�dios de 2017 a 2018. A alta � ainda maior se comparados com 2016: 13%. Entretanto, em rela��o ao n�mero de feminic�dios tentados, o n�mero teve uma pequena queda: de 309 para 277.

A delegada Alice Batello explica que o feminic�dio se caracteriza como as mortes de mulheres provocadas por menosprezo pela condi��o feminina, discrimina��o ou por viol�ncia. “O fim do relacionamento n�o � a raz�o do feminic�dio. A raz�o � o sentimento de posse, o machismo em que o homem acredita que a mulher te pertence”, pontuou ela. E uma caracter�stica marcante destacada pela delegada � que muitas das tentativas ou dos assassinatos s�o praticados na presen�a de pais ou filhos (as) das v�timas – como ocorreu no caso de Formiga. E a pena do feminic�dio � aumentada de um ter�o at� a metade se o crime for praticado nessas condi��es citadas. “Os agressores tamb�m tendem atingir as �reas de feminilidade como, por exemplo, o seio. Isso mostra que, na percep��o dele, a mulher � inferior. � uma mensagem impl�cita de �dio contra o g�nero”, completou a delegada, que lembrou que os crimes sempre s�o muito brutais.

Por isso, a especialista atenta: os sinais de que ocorrem epis�dios de viol�ncia muitas vezes s�o claros, mas podem ser bloqueados pelo envolvimento afetivo. “O relacionamento abusivo costuma evoluir em um ciclo de agress�o que evolui da verbal para a f�sica, arrependimento e reconcilia��o. A agress�o f�sica dificilmente vir� antes da viol�ncia psicol�gica. E tudo come�a quando o homem passa a impedir que a mulher v� a faculdade, use tal roupa”, pontuou. A policial tamb�m chama a aten��o para o fato de que as den�ncias n�o precisam partir necessariamente das agredidas, embora no caso da prote��o prevista na Lei Maria da Penha essa participa��o seja necess�ria. “Em briga de marido e mulher, os amigos, os familiares, os vizinhos precisam meter a colher”, completou.


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