(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Cria��o de hortas urbanas em �reas degradadas ganha espa�o em BH

Volunt�rios aproveitam espa�o livre � beira da Ant�nio Carlos para plantar alimentos e ervas medicinais. Safra � distribu�da na comunidade. Ideia se repete em outras �reas


postado em 15/01/2019 06:00 / atualizado em 15/01/2019 10:37

Cida Barcelos, idealizadora do Quintal de Sô Antônio, e o estudante Paulo Vinícius cuidam dos canteiros. 'É uma ação muito gratificante', diz ele(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Cida Barcelos, idealizadora do Quintal de S� Ant�nio, e o estudante Paulo Vin�cius cuidam dos canteiros. '� uma a��o muito gratificante', diz ele (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Eles plantam milho, colhem ab�boras e adubam o canteiro de manjeric�o com entusiasmo. Molham os p�s de milho, semeiam ervas medicinais e admiram o crescimento do girassol, que, � luz da manh�, se torna ainda mais brilhante. � beira da Avenida Ant�nio Carlos, no Bairro Lagoinha, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, grupo de volunt�rios cuida de uma �rea chamada mineiramente de Quintal de S� Ant�nio, refer�ncia ao pol�tico Ant�nio Carlos Ribeiro de Andrada (1870-1946) que d� nome � via p�blica e foi “presidente” de Minas Gerais na �poca em que “governador” n�o era usual. A ideia se estende e ganha terreno em outros bairros da capital, como o Nova Cintra, na Regi�o Oeste, onde uma mulher se dedica a aproveitar �reas degradadas e oferecer bons frutos.

Com chapel�o de palha, �culos escuros e mangueira em punho, a idealizadora do projeto Hortel�es da Lagoinha, Cida Barcelos, atriz, conta com o apoio de estudantes de biologia e de um t�cnico em meio ambiente, todos volunt�rios, para receber, em troca, os agradecimentos dos moradores. “Somos um coletivo interessado em aproveitar o espa�o urbano, cuidar dele, plantar, colher e distribuir a safra para quem quiser. A partir do canteiro de ervas medicinais, queremos promover a cura”, afirma Cida Barcelos, que mora perto do Quintal localizado no cruzamento da Ant�nio Carlos com as ruas Adalberto Ferraz e Francisco Soucasseaux.

�s 10h de s�bado o movimento j� era intenso na avenida de acesso � Pampulha, mas nem motores, nem buzinas tiravam a concentra��o da turma preocupada em retirar matos e galhos secos, trabalhar a terra com a enxada, revolver o solo e, nesta �poca, come�ar a colher batata-doce. Cida conta que a iniciativa come�ou h� dois anos, floresceu e frutificou gra�as ao envolvimento das pessoas e resposta positiva do entorno. “O lugar est� aberto a todo mundo, tanto que muitos moradores de rua passam sempre aqui e pegam o que estiver em produ��o”, afirma Cida que, ao fim da frase, recebe o abra�o de um homem que mostra gratid�o s� com o olhar. “Este est� sempre aqui, virou amigo”, observa, explicando que o plantio � todo feito na forma circular das mandalas.

O sol escaldante n�o tira o entusiasmo dos estudantes de biologia, ambos de 23 anos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Paulo Vin�cius de Jesus Morgado, morador da Pampulha, e Alexandre Proc�pio Silva Alvarenga, do Bairro Floresta, na Regi�o Leste. Sempre aos s�bados, o coletivo est� a postos. Com a ferramenta limpando o mato, Paulo Vin�cius destaca a import�ncia do aproveitamento do terreno com o cultivo e, nessa atividade, tem oportunidade de aliar os conhecimentos acad�micos � pr�tica. “Procuramos trazer de novo a natureza para dentro da cidade, numa a��o muito gratificante”, revela. No projeto, os vizinhos colaboram com o fornecimento de �gua.

Saindo do meio do pequeno milharal a poucos metros do asfalto, Alexandre lembra que a a��o coletiva significa “ativismo ambiental” em favor da agricultura urbana. “Estamos recuperando uma regi�o muito degradada. Somos movidos pelo entusiasmo, pela vontade de fazer”, diz o jovem, enquanto o t�cnico em meio ambiente Alexandre de Oliveira Diniz, de 42, explica que se trata de uma regi�o degradada em v�rios aspectos, incluindo os lados social, arquitet�nico e ambiental. Passando por ali, o professor Marlon C�sar de Freitas, de 49, enaltece o esfor�o do grupo, que alia a sustentabilidade a pr�ticas importantes, como evitar ac�mulo de lixo na rua. 


Maria José cuida de canteiro de flores e chás iniciado por ela há nove anos, um oásis perto de lixão no Bairro Nova Cintra(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Maria Jos� cuida de canteiro de flores e ch�s iniciado por ela h� nove anos, um o�sis perto de lix�o no Bairro Nova Cintra (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
O�SIS N�o poderia ser mais f�rtil o cruzamento das ruas Benjamim Flores e Felic�ssimo, no Bairro Nova Cintra. � beira da via-f�rrea, a cearense de Juazeiro do Norte Maria Jos� Diniz Cordeiro, h� nove anos em BH, criou um o�sis florido e colorido a poucos metros de um lix�o que tira a tranquilidade dos moradores da Regi�o Oeste. Com apoio do marido Ricardo e dos filhos Daniel, de 30, J�natas, de 37 e Ra�ssa, de 28, Maria Jos� cultiva bico de papagaio, samambaias, beijinhos, espada-de-s�o-jorge e uma moita de capim cidreira. “O pessoal pode pegar aqui para fazer ch�”, conta a simp�tica cearense que, � noite, vende cachorro quente num carrinho e gosta do lugar sempre limpo. “Agora, quero aumentar e fazer uma horta”, avisa.

A iniciativa ganhou forma em julho e, nos meses seguintes, muitos melhoramentos foram chegando. Para evitar que os bodes que transitam na regi�o acabassem com os canteiros, cercados com pneus doados por um morador e pintados com capricho, Maria Jos� comprou tela de metal e protegeu a �rea de cerca de 20 metros quadrados. Para implementar um programa informal de educa��o ambiental, colocou cartazes, como a cita��o de uma m�sica: “As rosas n�o falam, simplesmente exalam o perfume”, ou a direta “N�o arranque. Deixe crescer”.

“Aqui era muito sujo, tinha lixo para todo lado, dava um aspecto de abandono. Fa�o a minha parte. A gente precisa come�ar a ajudar o bairro de algum jeito, n�o � mesmo? Tenho paci�ncia. No in�cio, muita gente passava e levava as mudas. Agora est� melhorando, as plantas cresceram”, diz com um sorriso a av� de duas crian�as, uma nascida em BH. Satisfeita com o resultado, a cearense leva diariamente garraf�es de �gua e agradece a colabora��o dos vizinhos que tamb�m fazem sua parte. “J� peguei capim cidreira para fazer ch� � algo muito bom para todos n�s”, comenta dona Jandira, que virou “freguesa” e contente com o novo ponto de conv�vio.

Morador h� mais de quatro d�cadas da Rua Felic�ssimo, o morador aut�nomo Pedro de Paulo e Silva elogia o “esfor�o e colabora��o com a comunidade” de Maria Jos�, e, com humor, garante que o m�nimo que pode ficar � “felic�ssimo”. 

ARTICULA��O
A Prefeitura de Belo Horizonte informa, por meio da Secretaria Municipal de Assist�ncia Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania, que oferece apoio a iniciativas de agricultura urbana. Os procedimentos necess�rios s�o: ter algum tipo de articula��o na comunidade (pode ser um grupo que n�o precisa ser formalizado, mas organizado), sendo que o coletivo deve fazer a identifica��o de uma �rea p�blica e com potencial para ser cultivada. Os integrantes devem procurar a regional respons�vel, que far� uma primeira avalia��o (territorial) da �rea e do n�vel de articula��o da comunidade.

Em nota, a secretaria informa que “reconhecida a proposta pela regional, ser� feito o encaminhamento de um protocolo interno para a Subsecretaria de Seguran�a Alimentar e Nutricional e para a Ger�ncia de Fomento a Agricultura Familiar e Urbana – ap�s o encaminhamento, � feita a avalia��o de viabilidade t�cnica da proposta e se h� articula��o para a produ��o, com in�cio de um processo de forma��o. Para a produ��o, a prefeitura oferece apoio para a implementa��o da horta, cercamento da �rea e oferta de insumos (mudas, adubos e ferramentas).

“Dependendo do amadurecimento da produ��o e havendo interesse do grupo e escala de produ��o, a prefeitura tamb�m apoia o processo de organiza��o para a comercializa��o”, informam os t�cnicos. As a��es s�o dentro dos princ�pios da agroecologia, excluindo qualquer uso de produtos qu�micos e agrot�xicos, visando � produ��o de alimentos saud�veis e sustent�veis, agindo tamb�m para a recupera��o do meio ambiente.

 

 

Comunidades contra o lixo


 

Luta incessante contra o lixo. Em 11 de novembro, moradores dos bairros Nova Cintra e Vista Alegre e das vilas Vista Alegre e Bet�nia fizeram uma manifesta��o contra o descarte de res�duos dom�sticos e entulho de constru��o ao longo do trecho ferrovi�rio que corta a Regi�o Oeste de Belo Horizonte. O ato teve distribui��o de folhetos educativos, m�sica, depoimentos e culminou com um abra�o simb�lico no cruzamento das ruas Jornalista Jo�o Bosco e Benjamim Flores, trecho movimentado do Nova Cintra. A principal reivindica��o das comunidades � que moradores e construtores parem de jogar lixo ao longo da linha sob concess�o da VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atl�ntica (FCA). “A situa��o est� cada vez mais dif�cil, com perigo di�rio. O objetivo � conscientizar todo mundo, mostrar que o lixo s� traz doen�a”, disse o presidente da Associa��o Primeiro de Maio da Vila Vista Alegre, S�rgio Diniz de Oliveira, ao lado do presidente da Associa��o de Moradores e Empreendedores da Vila Bet�nia (Ame-Bet�nia), Gladson Reis.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)