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Estado de Minas GERAL

Barragens que ru�ram em Brumadinho e Mariana tinham modelo ultrapassado


postado em 29/01/2019 11:15

As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, em 2015 e na semana passada, foram erguidas com a mesma t�cnica, considerada obsoleta e de maior risco por especialistas. No modelo de alteamento � montante, mais econ�mico, a constru��o de novas etapas da barragem � feita sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. � o formato mais comum de dep�sitos de rejeitos na minera��o.

Minas Gerais, palco dos dois desastres, tem registro de outras 53 barragens com essa tecnologia na minera��o (27 de propriedade da Vale), segundo balan�o da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) de 2016. O pr�prio documento do Estado indica que esses tipos de barragem t�m "maior risco de ruptura".

Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produ��o e Mec�nica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UF-JF), esse � um modelo "bem mais arriscado". Como a barragem cresce sobre o pr�prio rejeito, n�o � t�o est�vel. A alternativa mais segura, diz, � o reservat�rio � jusante, erguido do lado de fora.

"No Pa�s, ainda h� muitas dessas, e as que j� existem t�m de ser refor�adas. � preciso que os novos empreendimentos usem outros m�todos, mais seguros. � um processo mais caro, mas de custo insignificante se comparado ao preju�zo que decorre de um rompimento", afirma Roberto Kochen, do Instituto de Engenharia de S�o Paulo.

Nesse tipo de dep�sito, o maci�o da barragem � formado com camadas de rejeito seco. "Faz o primeiro dique e vai lan�ando o rejeito, at� atingir a altura, quando se faz novo alteamento. � como fazer uma escada, com v�rios degraus. H� sempre o risco de acumular �gua e, sem boa drenagem, a possibilidade de acidente � maior."

Em agosto de 2016, ap�s a trag�dia de Mariana, a Vale anunciou que reduziria o uso de barragens e produziria menos 700 milh�es de toneladas de rejeitos at� 2025. Na �poca, a empresa disse ter reformulado o plano de lavra de suas minas e que pretendia adotar cada vez mais o processamento a seco, que n�o utiliza barragens e costuma encarecer o pre�o do min�rio. Procurada, a empresa n�o informou se levou o plano adiante.

Nesta segunda-feira, 28, o diretor de Finan�as e Rela��es com Investidores da Vale destacou o fato de as duas trag�dias envolverem esse m�todo. "At� agora, a �nica informa��o relevante que liga os dois acidentes (de Mariana, em 2015, e Brumadinho) � que foram duas barragens constru�das com m�todo de alteamento � montante, mais antigo"

Para Willy Lacerda, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio (UFRJ), essas barragens s�o bombas-rel�gio. Ele explica que, em barragens �midas, � preciso tomar cuidados extras, como instalar aparelhos que medem a deforma��o da barragem em todas as profundidades. "S�o tocos ocos, que se deformam junto com a barragem, e permitem detectar direitinho onde tem movimento."

Al�m disso, ele diz que � necess�ria a instala��o de um "dam break", aparelho que mostra o alcance da lama num eventual rompimento, o que poderia ter evitado muitas mortes.

Proibi��es

Em rea��o ao desastre de Mariana, Minas proibiu, em decreto de 2016, novas licen�as para barragens com essa tecnologia. Para estruturas j� existentes, n�o exigiu desativa��o, mas auditorias t�cnicas. A barragem de Brumadinho tinha laudo de garantia de estabilidade, do ano passado.

O decreto tamb�m n�o suspendeu processos j� em andamento que pediam libera��o ou amplia��o de barragens com essa tecnologia. Em novembro de 2016, o Minist�rio P�blico de Minas entrou com a��o civil p�blica contra o Estado para tamb�m suspender esses solicita��es. Segundo a Promotoria, na �poca havia ao menos 37 pedidos em andamento que propunham esse m�todo. Na Justi�a, o processo est� parado desde outubro de 2017.

Em nota, a Semad informou que o decreto sobre barragens � "importante mudan�a na legisla��o" sobre o tema e destacou a exig�ncia de auditorias. Disse ser favor�vel a ampliar a medida e estudar a "descaracteriza��o" das barragens existentes com essa tecnologia, al�m de fomentar t�cnicas alternativas.

Em 2016, o Minist�rio P�blico Federal tamb�m pediu � Uni�o que n�o aprovasse mais planos de lavras com barragens de conten��o de rejeitos de minera��o por este m�todo. Procurada nesta segunda-feira, a Ag�ncia Nacional de Minera��o n�o informou se mudou a orienta��o sobre isso. No Chile, o modelo j� foi proibido. Na Europa e nos Estados Unidos, tamb�m tem sido menos usado nas �ltimas d�cadas. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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