
Brumadinho – “H� um rio de l�grimas e sangue correndo entre n�s. E ningu�m pode ficar de fora, ignorar o que est� acontecendo”. Misto de lucidez e emo��o, a frase � do bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Vicente Ferreira, que acompanha de perto os efeitos tr�gicos do rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande BH, e visitou fam�lias das v�timas ao lado do arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo e o titular da Par�quia S�o Sebasti�o, padre Ren� Lopes. Hoje, �s 19h30, dom Walmor vai presidir, na Matriz de S�o Sebasti�o, no Centro de Brumadinho, a missa de s�timo dia por inten��o dos que morreram sob a lama de rejeitos de min�rios da estrutura da Vale. A cerim�nia ser� concelebrada por dom Vicente e pelo padre Ren�.
A pedido de dom Walmor, todas as par�quias da arquidiocese dever�o organizar missas de s�timo dia por inten��o das v�timas. Na capital, a celebra��o eucar�stica ser� �s 18h15, no Santu�rio Arquidiocesano Nossa Senhora da Boa Viagem, na Regi�o Centro-Sul, sendo presidida pelo bispo auxiliar Giovane Luiz da Silva. A arquidiocese compreende 28 munic�pios, sendo dividida pelas regi�es episcopais Nossa Senhora Aparecida, Esperan�a, Nossa Senhora da Concei��o e Nossa Senhora da Piedade. Para atender a quem est� sofrendo tanto, dom Walmor designou 13 di�conos (auxiliares da Igreja nos trabalhos de evangeliza��o) que, junto dos padres, atendem o p�blico.
Na tarde de ter�a-feira, ap�s visitar comunidades atingidas, como o Parque das Cachoeiras, e se encontrar com fam�lias na Esta��o Conhecimento (local de busca de informa��es para fam�lias), em Brumadinho, dom Walmor disse que a mensagem � de “reacender a esperan�a no cora��o de todos, pois o estado vive a dor emoldurada pela degrada��o da natureza.” Ele disse ainda que Minas, a partir de agora, n�o poder� mais ser a mesma “� hora de mudan�a e de mudan�a muito radical. Quando a gente burla a verdade, quando a gente fica na contram�o da Justi�a, est� agindo na contram�o de Deus”. Para o arcebispo, “tudo que � um atentado � vida das pessoas � fruto de gan�ncia e fruto da perda do sentido exato daquilo que � a vida como dom. Por isso, precisamos fazer um novo caminho”.
"De t�o desesperados, alguns falam at� em tirar a pr�pria vida"
Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
Em nota, a arquidiocese informa que o arcebispo j� se reuniu como secret�rio de Estado de Governo, Cust�dio Mattos, e tem participado de reuni�es com parlamentares para refor�ar uma solicita��o feita ao governador Romeu Zema, no dia 5, durante visita ao Santu�rio Bas�lica Nossa Senhora da Piedade, em Caet�, na Grande BH: “moderniza��o da legisla��o ambiental em Minas, caminho para evitar desastres como os ocorridos em Brumadinho e Mariana”.
Antes de seguir para Brumadinho, o arcebispo foi ao Instituto M�dico-Legal (IML) tamb�m com a miss�o de acolher a quem busca not�cias sobre familiares desaparecidos. No dia seguinte � trag�dia, dom Walmor celebrou missa com todos os bispos auxiliares (dom Joaquim Mol, dom Otac�lio Lacerda, dom Vicente Ferreira e dom Geovane da Silva) e consolou os que est�o de luto.
F� E ESPERAN�A Desde o rompimento da barragem em Brumadinho, a arquidiocese come�ou uma ampla campanha para acolher as fam�lias v�timas da trag�dia, incluindo, principalmente, amparo psicol�gico, espiritual e material. No in�cio da semana, ap�s visitar a comunidade do C�rrego do Feij�o, onde est� montado um centro de opera��es, o bispo auxiliar dom Vicente Ferreira disse ser fundamental, nesse momento, o acolhimento �s fam�lias dos mortos j� identificados e dos desaparecidos sob a lama de rejeitos de min�rio, e ajuda espiritual aos profissionais que trabalham, desde o in�cio da tarde do dia 25, no resgate e tentativa de salvamento de centenas de pessoas.

Na companhia do padre Ren� Lopes, o bispo aben�oou brigadistas, bombeiros militares e outros integrantes das equipes de socorro. “As pessoas trabalham durante muito tempo, est�o esgotadas. A tristeza � grande em todos os cantos, portanto, torna-se importante levar uma palavra de conforto a cada um”, explicou dom Vicente, acrescentando que, al�m de um munic�pio enlutado, h� os danos irrepar�veis ao meio ambiente. “N�o se trata de uma profiss�o religiosa, mas de confian�a em Deus. Assim, estamos recebendo pessoas de todas as cren�as”, lembrou padre Ren�. No local, os dois religiosos se encontraram com o embaixador de Israel, Yossi Shelley.
DESESPERO S�o dilacerantes os depoimentos das pessoas que procuram a Esta��o do Conhecimento, informa o bispo auxiliar de BH: “De t�o desesperados, alguns falam at� em tirar a pr�pria vida. As pessoas recebem as not�cias de morte de um parente, por exemplo, e ficam sem amparo, da� a import�ncia de haver esse acolhimento e tamb�m ajudando na cerim�nia de despedida, no sepultamento.”
Indignado e considerando “lament�vel, terr�vel e inacredit�vel” o rompimento da barragem, padre Ren� afirma que n�o se pode chamar de acidente o que, na verdade, � “um crime contra pessoa humana e a natureza”. E, comovido, diz que “precisamos aprender com nossos erros, mas nesse caso, h� o poder da gan�ncia e a explora��o.”