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Estado de Minas

'Ela est� viva, gra�as a Deus': policial militar fala sobre resgate de mulher em Brumadinho

Sargento que atuou no dia do rompimento da barragem da Vale salvou mulher de 42 anos no meio da lama. Filha dela est� entre os desaparecidos


postado em 01/02/2019 06:00 / atualizado em 01/02/2019 08:38

O sargento Natalino com Alessandra: 'Ajudamos uma família a se reencontrar, numa tragédia que separou tantos pais dos filhos'(foto: Sérgio Natalino/Arquivo pessoal)
O sargento Natalino com Alessandra: 'Ajudamos uma fam�lia a se reencontrar, numa trag�dia que separou tantos pais dos filhos' (foto: S�rgio Natalino/Arquivo pessoal)


Brumadinho – Salvar uma vida da lama de rejeitos, num desastre de magnitude como a de Brumadinho, n�o � algo corriqueiro, principalmente em vista da grande quantidade de mortos confirmados. Mas um dos socorristas que atuou no salvamento das pessoas atingidas e v�timas n�o apenas salvou uma pessoa que quase morreu, como ainda reuniu uma fam�lia das v�rias dilaceradas por essa trag�dia. O sargento S�rgio Natalino, do Batalh�o de R�dio Patrulhamento A�reo da Pol�cia Militar de Belo Horizonte resgatou, Alessandra Paulista de Souza, de 42 anos, que depois se reencontrou com a irm�, Talita Cristina de Oliveira Souza, de 15. A filha dela, La�s de Souza, de 14, continua desaparecida.

Na sexta-feira, dia do rompimento da Barragem de C�rrego do Feij�o, o helic�ptero P�gasus da Pol�cia Militar de Minas Gerais levantou voo para atender ao desastre. Ao chegar, o sargento descreveu o cen�rio avistado do alto como uma cena de guerra. “Viemos para ajudar no resgate aos sobreviventes nesse primeiro momento. Quando chegamos, vimos tudo acabado, lama para todo lado. Os vilarejos e as casas sumiram, pontes ca�ram.”

Naquele dia, a aeronave pousou em Brumadinho e embarcou dois bombeiros para serem lan�ados em campo pelo helic�ptero. Foi ent�o que a equipe avistou o que parecia ser um corpo no meio da lama. Os dois bombeiros desceram e o helic�ptero teve de ficar pairando, pois o pouso na lama seria imposs�vel.

Ao ver que os bombeiros faziam manobras de reanima��o numa mulher, o sargento S�rgio desembarcou e ajudou a traz�-la para dentro da aeronave. As dificuldades eram enormes, pois os ventos obrigavam o piloto a dominar o P�gasus e fazer da m�quina uma plataforma est�vel, enquanto os tr�s militares tentavam trazer para dentro a mulher com suas pernas afundando at� os joelhos. “Nesses resgate que est�o ocorrendo no meio da lama, n�o tem como a aeronave pousar. Ent�o, o que conta � a habilidade do piloto, fazendo aquela manobra que chamamos de pairado”.

Quando, por fim, ela foi embarcada, o sargento a deixou numa posi��o mais confort�vel, no seu colo e deitada no banco. “A gente sempre acredita que as pessoas poder�o sobreviver, por isso, quando vimos que havia esperan�a, n�o desistimos. Nosso papel � procurar e ajudar sem parar”, conta.

O sargento conta que a mulher estava t�o suja com uma grossa camada de lama de rejeitos que ele n�o conseguia enxergar direito o seu rosto. “Foi quando percebi que ela mexeu a perna, tentando me ajudar a embarc�-la. Nesse momento, vi que era uma pessoa que poderia sobreviver e me agarrei a isso. Pensei ‘ela est� viva, gra�as a Deus’”, lembra.

Aos poucos, o militar ia limpando o rosto da mulher, enquanto o piloto a levava para Brumadinho, onde ela seria encaminhada a um atendimento de urg�ncia no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, em Belo Horizonte. “Ela tinha barro demais nos olhos, no nariz, na boca. Comecei a limpar o rosto dela para ela respirar e eu tentar conversar com essa v�tima”, conta.

Ao perguntar se ela poderia conversar, a mulher fez um grande esfor�o para responder. “Ela disse que se chamava Alessandra e que tinha 43 anos, mas que tinha duas filhas dela que estavam na casa e que estavam tamb�m desaparecidas”, disse. “esses nomes n�o saem da minha cabe�a Talita, de 15 anos, e La�s, de 14 anos. Mesmo fraca, ela demonstrou preocupa��o, ansiedade. Um certo desespero, que � natural, perguntando se ir�amos salvar as meninas”, recorda.

As palavras do militar mineiro foram de conforto. “Falei que n�s n�o �amos desistir. Que ir�amos procur�-las e as localizar, se Deus quiser. A�, ela se acalmou e pudemos encaminh�-la para o Samu”, disse. O caso, para o militar, foi um dos mais emocionantes da sua carreira. “As pessoas muitas vezes n�o sabem, mas a PMMG ajuda muito acidentados e necessitados. S�o policiais feridos, gente que precisa ser resgatada. Mas esse caso foi ainda maior, porque n�o apenas salvamos mais uma vida, como ajudamos uma fam�lia a se reencontrar, numa trag�dia que separou tantos pais dos filhos. Tenho uma filha pequena e s� de pensar em ela estar desaparecida, longe de mim, � devastador”, considera.

Sargento S�rgio Natalino entrou na Pol�cia Militar em 1994. Serviu no 34 Batalh�o, em BH, no Gate e Batalh�o de Choque, entre outros at� chegar, em 2006, ao Batalh�o de R�dio Patrulhamento A�reo. “A Pol�cia Militar n�o apenas prende, mas tamb�m salva. Ali�s, quando prendemos, tamb�m estamos salvando”, disse.


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