Dez dias depois do rompimento da barragem B1 da mina do C�rrego do Feij�o, da Vale, o sobrevivente Sebasti�o Gomes, de 54 anos, vive um turbilh�o de emo��es a cada nascer do sol. Na sexta-feira, em entrevista ao Estado de Minas, ele se emocionou ao ver, pela primeira vez, as imagens que mostram sua fuga no desastre, por meio de uma caminhonete. Neste domingo, ele relatou como s�o os dias posteriores � trag�dia. “Eu estou recebendo muitas visitas. Hoje (domingo) mesmo recebi gente de manh� e � tarde. Antes, eu come�ava a contar e chorava muito. Agora, gra�as a Deus, j� relato os fatos e n�o me emociono mais”, conta.
De acordo com ele, depois que assistiu ao v�deo divulgado pela TV Band, na �ltima sexta, o baque foi grande. “Aquilo ali me deu um choque, porque mostrou a barragem de frente e eu com a caminhonete pra l� e pra c�. Veio aquela lembran�a, como se fosse um choque”, detalha Sebasti�o Gomes.

Os �ltimos dias s�o classificados pelo sobrevivente como “tranquilos”. Ao decorrer da entrevista, ele evita usar tal adjetivo, diante do tamanho do desastre, mas ressalta que, gra�as a medicamentos, tem conseguido dormir. “Eu consegui dormir ontem (s�bado). Agora est� tudo mais calmo. Nem estou pensando no trabalho agora, porque n�o sei quando terei condi��es psicol�gicas para voltar”, destaca.
Sebasti�o deve sua fuga a Deus. Ele � ministro da Eucaristia na Par�quia do Divino Pai Eterno, no Bairro Jardim das Alterosas, em Betim, onde mora. “Na sexta do acidente (25), eu j� sabia que no domingo (27) eu teria que fazer uma prega��o na igreja. Mesmo com a trag�dia, eu fui fazer a prega��o. Reuni toda minha fam�lia pr�xima ao altar”, diz.
Tsunami de lama
Por meio das imagens � poss�vel averiguar que a velocidade da lama e dos rejeitos era de 114km/h. Isso, porque se constata que a avalanche atinge uma pequena lagoa em apenas 13 segundos, percorrendo 413 metros dentro do p�tio da empresa. O tsunami de rejeitos desacelera enquanto se desloca, mas, se a mesma velocidade fosse mantida, o distrito de C�rrego do Feij�o, que fica a 1,85 quil�metro, teria sido atingido em apenas 58 segundos. A Pousada Nova Est�ncia, que fica a 2,5 quil�metros, soterrada depois de 1 minuto e 20 segundos. Em todos esses pontos, a velocidade de rea��o das pessoas que estavam na regi�o teria de ser muito alta para que algu�m conseguisse se salvar.