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Estado de Minas

Barragens da Vale t�m risco maior ou igual de apresentar os mesmos problemas que a de Brumadinho

Oito barragens da Vale com alto risco de rompimento, segundo o MP, s�o tanto ou mais suscet�veis a um desastre do que a que estourou, conforme documentos da pr�pria mineradora


postado em 14/02/2019 06:00 / atualizado em 14/02/2019 08:01

Destruição provocada pelo rompimento da Barragem 1 em Córrego do Feijão: potencial de vulnerabilidade indicado em outras estruturas preocupa(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Destrui��o provocada pelo rompimento da Barragem 1 em C�rrego do Feij�o: potencial de vulnerabilidade indicado em outras estruturas preocupa (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


Todas as oito barragens que o setor de gest�o de risco geot�cnico (GRG) da mineradora Vale S.A. considerou dentro da Zona de Aten��o (Alarp Zone) em outubro de 2018 e que se encontravam sob “risco de rompimento”, segundo avalia��o do Minist�rio P�blico de Minas Gerais, tinham fator de risco considerado igual ou maior que o da Barragem 1, que se rompeu em Brumadinho em 25 de janeiro, deixando 166 mortos e 155 desaparecidos. As informa��es constam de relat�rios anexados � A��o Civil P�blica movida em 31 de janeiro contra a mineradora Vale pelo MP, que mostra 10 barragens consideradas de risco, duas delas j� destru�das na cat�strofe. O valor da causa foi estimado pelo MP em R$ 500 milh�es. No �ltimo dia 29, a Vale anunciou o descomissionamento de nove barragens no estado com alteamento a montante – m�todo mais barato e menos seguro –, entre elas Forquilha I, II e III e Capit�o do Mato, que integram o processo.

A Barragem de Forquilha III, por exemplo, em Ouro Preto, apresenta o mesmo n�vel de risco calculado para a barragem rompida em Brumadinho. Seu maior problema � a possibilidade de liquefa��o do conte�do de 18,2 mil metros c�bicos (m³) armazenados, segundo o processo. Apesar do pequeno volume, cerca de 700 vezes menor que a de Brumadinho, que tinha 12,8 milh�es de m³, um dos perigos � que a for�a de seu rompimento possa atingir outras duas, de Forquilha I (26 milh�es de m³) e II (24 milh�es de m³), no mesmo complexo. Caso isso ocorra, o perigo associado � de 500 mortos numa mancha de destrui��o que pode se estender por 210 quil�metros, amea�ando Ouro Preto, Belo Horizonte, Itabirito, Jaboticatubas, Lagoa Santa, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Raposos, Rio Acima, Sabar�, Taquara�u de Minas, Santa Luzia, Jequitib� e Funil�ndia. Forquilha I apresenta o mesmo potencial de risco que a Barragem 1 de C�rrego do Feij�o, enquanto Forquilha II tem potencial de problemas duas vezes maior. Enquanto os estudos apontavam que a capacidade de preju�zos de um rompimento em Brumadinho seria de R$ 5,6 bilh�es, em Forquilha III pode atingir R$ 16 bilh�es.

J� o Dique B, em Nova Lima, apresenta risco de rompimento cinco vezes maior que o da Barragem 1 de Brumadinho, com seus 330 mil m³ de rejeitos podendo atingir 150 pessoas ao longo de 87 quil�metros dos munic�pios de Nova Lima, Rio Acima, Raposos, Sabar�, Belo Horizonte e Santa Luzia, de acordo com documentos obtidos pelo MP. Os preju�zos s�o estimados em R$ 5,6 bilh�es. Pelos estudos, o galgamento, ou seja o transbordamento do material reservado pela barragem � a principal amea�a. Segundo os estudos do GRG, isso ocorre quando h� a passagem de �gua sobre a crista da barragem, “levando-a � ruptura por eros�o no p� da barragem”.

Al�m das instru��es para descomissionamento da Barragem 1, Forquilha III e Dique B, o GRG fez outras recomenda��es. A barragem de Laranjeiras, em Bar�o de Cocais, teve indicada a revis�o de “seus riscos de eros�o interna por meio de processos de filtragem interna e caracteriza��o das funda��es”. O represamento de Menezes II, em Brumadinho, tamb�m no Complexo Paraopeba, teve detectado um soterramento de duto que funciona como extravasador, com necessidade de “instalar um filtro na sa�da interna da drenagem”.

Em Nova Lima, a Barragem Capit�o do Mato teve indica��o de uma “forma alternativa de ampliar a capacidade de descarga da estrutura”. Na Barragem de Taquaras, na mesma cidade, foi recomendada a realiza��o de novos testes laboratoriais e sua discuss�o com a equipe geot�cnica. J� em Ouro Preto, as estruturas de Forquilha I e II carecem de “avalia��es de carregamentos s�smicos”, ou seja a capacidade de a estrutura ser avariada ap�s a ocorr�ncia de tremores de terra naturais ou artificiais.

Em nota, a Vale informa que “adota os par�metros mais modernos de seguran�a e monitoramento dispon�veis hoje no mercado” para acompanhar a situa��o das barragens. Ainda de acordo com a mineradora, todas as barragens listadas pelo MP “est�o devidamente licenciadas e possuem seus respectivos atestados de estabilidade vigentes”. Ressaltou tamb�m que “os laudos de seguran�a s�o atestados por empresas especializadas e independentes”.

Quanto �s comunidades a jusante das barragens pontuadas pelo Minist�rio P�blico, a Vale disse que todas essas represas “possuem um Plano de A��o de Emerg�ncia de Barragens de Minera��o (PAEBM)”. Segundo a empresa, h� diversas a��es que fazem parte da gest�o de seguran�a, entre elas a implanta��o de sirenes, cadastro dos moradores, execu��o de auditorias externas e revis�es peri�dicas por empresas especializadas e ado��o de um sistema de videomonitoramento.

FISCALIZA��O No mesmo documento em que detalha os relat�rios do setor de gest�o de risco geot�cnico (GRG) da Vale, o Minist�rio P�blico afirma que “o fato mais assustador foi a informa��o de que as barragens da Mina C�rrego Feij�o possu�am laudos que atestavam sua estabilidade e seguran�a, conforme se nota de informa��o extra�da diretamente da p�gina da Funda��o Estadual de Meio Ambiente – Feam”. Em nota, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) informou que suspendeu, em 5 de fevereiro, as atividades nas oito barragens apontadas como em risco no estado. De acordo com a pasta, a medida ocorreu logo depois de o MP repassar ao �rg�o o teor da a��o. A Semad informou, ainda, que cabe ao governo do estado “a fiscaliza��o dos aspectos socioambientais desses empreendimentos”, enquanto a seguran�a diz respeito � Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM).

 

N�mero maior


Aumentou para 10 o n�mero de barragens em risco severo de rompimento em Minas Gerais. Conforme a��o movida pelo Minist�rio P�blico estadual, as represas Sul Superior (Mina Gongo Soco), em Bar�o de Cocais (Regi�o Central), e Vargem Grande, em Nova Lima (Grande BH), tamb�m est�o em amea�a. De acordo com o MP, no caso de Bar�o de Cocais, a Vale tamb�m deve ser condenada por ter declarado, em 8 de janeiro, “que n�o haveria outras estruturas em risco”. Em nota, a Vale informou que “as duas barragens citadas possuem declara��o de estabilidade emitida no ano passado, sem qualquer indica��o de risco iminente”. J� a Semad disse que suspendeu as atividades em Sul Superior. Em rela��o a Vargem Grande, a pasta foi procurada pela reportagem ontem, mas at� o fechamento desta edi��o n�o conseguiu levantar tal informa��o.


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