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Estado de Minas

Vizinhos de barragens e �reas j� atingidas colocam im�veis � venda; pre�os despencaram

Moradores tentam se mudar das �reas afetadas pelo vazamento da lama de min�rio da Vale, enquanto o medo em Nova Lima e Congonhas provoca desvaloriza��o de im�veis


postado em 15/02/2019 06:00 / atualizado em 15/02/2019 08:06

Barragem da Mina Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional, se ergue diante de comunidades em Congonhas: temor de nova tragédia tira o sono de moradores, derruba preços de imóveis e dificulta negociações(foto: Glayston Rodrigues/EM/DA Press)
Barragem da Mina Casa de Pedra, da Companhia Sider�rgica Nacional, se ergue diante de comunidades em Congonhas: temor de nova trag�dia tira o sono de moradores, derruba pre�os de im�veis e dificulta negocia��es (foto: Glayston Rodrigues/EM/DA Press)


Brumadinho, Nova Lima, Itabirito e Congonhas – Diante da trag�dia que provocou o rompimento da Barragem 1 da Vale em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, moradores das regi�es mais afetadas pelo vazamento da lama de min�rio fazem planos para deixar suas casas, o que pode representar uma debandada nas comunidades pr�ximas ao complexo de minera��o.

O desejo de partir de C�rrego do Feij�o e Parque da Cachoeira se mistura � decep��o de quem j� havia colocado im�veis � venda e, agora, percebe que ter� ainda mais dificuldade de achar quem os compre. O medo de que a cat�strofe se repita leva � mesma decis�o de sair de perto das barragens moradores de Nova Lima, tamb�m na regi�o metropolitana da capital, e Congonhas, na por��o Central do estado.


Na cidade hist�rica que abriga as obras do Mestre Aleijadinho, quem p�de j� fez sua mudan�a dos bairros Cristo Rei e Residencial, logo abaixo da barragem da Mina Casa de Pedra, da Companhia Sider�rgica Nacional (CSN). Parte desses bairros, pelos quais se espalham placas indicativas de rotas de fuga e pontos de encontro, seria rapidamente engolida em caso de rompimento do reservat�rio dos rejeitos de min�rio de ferro, que em alguns casos se ergue a apenas 250 metros de dist�ncia das primeiras moradias.

Os pre�os de im�veis em Congonhas chegaram a despencar a menos da metade nesses bairros, nos quais a barragem est� bem ao alcance dos olhos. Com o cuidado de n�o se identificar, moradores ouvidos pelo Estado de Minas disseram que, mesmo com a desvaloriza��o imobili�ria, faltam interessados na compra. A crise no mercado de im�veis alcan�a, inclusive, o segmento de m�dio padr�o. Casas avaliadas em R$ 250 mil est�o sendo oferecidas por pouco mais de R$ 110 mil, redu��o de 56%.

Cercado de montanhas e de um verde buc�lico, de um lado; e por barragens do complexo Maravilhas, da Vale, de outro, o condom�nio de luxo Vale dos Pinhais, em Nova Lima, tamb�m passou a enfrentar o dilema da desvaloriza��o imobili�ria. Lotes � venda n�o chamam a aten��o de compradores como antes, e os propriet�rios bem-sucedidos na empreitada se viram for�ados a aceitar proposta de compra de lotes de 2.300 metros quadrados com desconto de pelo menos 25% em compara��o aos valores pagos no ano passado.

Terrenos ofertados a R$ 180 mil em 2018 foram arrematados nos �ltimos meses por R$ 135 mil. Em outubro do ano passado, a��o civil p�blica proposta pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) pediu a retirada de moradores dos condom�nios Vale dos Pinhais e Est�ncia Alpina, al�m de outras medidas em favor das comunidades. A justificativa dos promotores � que as fam�lias n�o teriam tempo h�bil para sair de suas casas em caso de rompimento das barragens do complexo Maravilhas, da Vale.

De 157 lotes do condom�nio Vila dos Pinhais, h� cerca de 60 casas constru�das e em obras, das quais 30 ocupadas por pessoas que vivem no local. A outra parcela � de propriet�rios que usam os im�veis nos fins de semana. A s�ndica Maria do Carmo Ferreira diz que os cond�minos tentam negociar uma sa�da. “Temos cinco ou seis casas grudadas nas barragens. Por que a tecnologia n�o chegou a uma rela��o mais sustent�vel da explora��o, sem as barragens?”, questiona.

SEM CONDI��ES

Em Congonhas, moradores t�m medo de se expor e revelam, sob condi��o de anonimato, j� ter visto vizinhos fecharem a casa e ir embora. Caminhando pelas ruas Alfredo F�lix Melion e Maria Jos� C. Barbosa, as mais pr�xima do impressionante maci�o riscado por alteamentos (a eleva��o dos n�veis de armazenamento da barragem), j� � poss�vel observar im�veis fechados. Uma dona de casa que desde o vazamento de lama em Brumadinho s� consegue dormir � custa de rem�dios conta n�o ter condi��es financeiras para deixar o im�vel no qual mora, no Bairro Cristo Rei. “Nem adianta tentar vender. O vizinho da frente est� se mudando para cair no aluguel, mas eu n�o tenho a mesma condi��o”, afirmou � equipe do EM.

A depender do im�vel e do local,  alugu�is de padr�o popular em Congonhas est�o na faixa de R$ 500 a R$ 800 por m�s. Outra moradora da cidade, que se mostra convicta de estar a salvo de uma trag�dia como a de Brumadinho e Mariana, confessa: “N�o compraria um im�vel aqui”, referindo-se ao Bairro Cristo Rei.

Em Brumadinho, multiplicam-se placas e faixas anunciando a venda de imóveis perto da área afetada pela lama.
Em Brumadinho, multiplicam-se placas e faixas anunciando a venda de im�veis perto da �rea afetada pela lama. "Minha mulher desanimou. O cemit�rio est� cheio de corpos de amigos", diz um dos vendedores (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)

(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)

"Acabou a gra�a do Feij�o"


� geral o sentimento de tristeza com a perda da qualidade de vida de que desfrutava a popula��o nos distritos de Brumadinho afetados pela trag�dia do vazamento de lama da Vale. O comerciante Odilon Alves, de 61 anos, mora h� 10 no Parque da Cachoeira, bairro que acumula a maior quantidade de danos materiais pela passagem dos rejeitos da Mina C�rrego do Feij�o. Dono de uma loja de material de constru��o, ele viu as vendas praticamente ca�rem a zero e agora pretende se mudar para o interior. “Sa� de Belo Horizonte em raz�o da viol�ncia e agora, aqui, acabou o sossego. Se aparecer um valor perto do que eu acho que minha casa vale vou esticar para o interior, para resgatar a tranquilidade, que n�o volta mais”, diz ele, que vive com a esposa e a filha.

Com a casa � venda desde o ano passado, a faxineira Norma Auxiliadora, de 56, j� tinha a inten��o de sair do Parque da Cachoeira, mas agora o desejo de se mudar o mais r�pido poss�vel cresceu. “Depois que estourou a barragem, a� que fiquei mais doida. Minha casa trincou e agora desvalorizou. Perdemos a confian�a nisso aqui. Pode haver contamina��o, a gente n�o sabe. Aqui tinha uma lagoa onde a gente pescava e uma cachoeira pequena. Agora est� tudo debaixo da lama”, conta ela. Mesmo com a perda do valor, ela quer vender depressa o im�vel. A inten��o � seguir para o Norte de Minas, para viver perto da filha.

Em C�rrego do Feij�o, o sentimento de muita gente � semelhante. O carpinteiro Jo�o Edivo da Silva, de 67, diz que desistiu de viver na comunidade. Por isso, pretende vender o terreno de 3 mil metros, que abriga uma casa simples e seria transformado em um s�tio. “Acabou a gra�a do Feij�o. Minha mulher desanimou. O cemit�rio est� cheio de corpos de amigos e al�m disso, muita gente trabalhava na Vale. Como vai ser o futuro?”, indaga Jo�o.

Nascida no C�rrego do Feij�o, Adneia Vieira, de 31, est� vendendo a casa que � dela e das irm�s, onde morava a m�e, j� falecida. “Antes eu ainda gostava muito de passar o fim de semana. Mas agora, com tudo destru�do, eu n�o tenho nem coragem de ver como ficou. Eu perdi uma sobrinha que trabalhava na Nova Est�ncia (pousada soterrada pela lama) e o padrinho da minha filha. Choro o tempo todo. N�o h� clima para voltar e n�o sei se algu�m vai querer comprar a casa num lugar desse”, diz ela.

“Minha esposa trabalhava na Nova Est�ncia e saiu ao meio-dia para dar almo�o ao nosso filho. Por 28 minutos, ela estaria morta”, diz o t�cnico em mec�nica Maur�cio Ornelas Novais, de 32. A situa��o abalou emocionalmente a mulher, que deseja recome�ar a vida longe do C�rrego do Feij�o. “N�s n�o temos mais expectativa de vida no Feij�o. O psicol�gico dela est� abalado e meu filho, assustado. Trabalho em Itabirito e agora ela n�o tem emprego. Portanto, pretendo me mudar. Se aparecer uma proposta interessante, vendo a casa”, afirma Maur�cio Novais.

 


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