
A festa vai de um lado a outro e na cidade inteira. Tem bloco que segue adiante, outros concentram, mas n�o saem. E tem palcos. Para agradar a quem quer curtir show, em �rea reservada, com amigos ou em fam�lia. Eles n�o fogem � regra do carnaval de Belo Horizonte: s�o na rua e de gra�a. Ser�o montados em oito pontos da capital mineira, levando a folia tamb�m para fora do Centro, e valorizando o trabalho de artistas locais. Com expectativa de levar �s ruas 4,8 milh�es de pessoas, essa � mais uma op��o, reestruturada para acompanhar a evolu��o crescente do reinado de Momo em BH. E se a divers�o � popular e para todos, os pequenos n�o podem ficar de fora. Programa��o para o p�blico infantil ser� ampliada este ano para garantir samba no “pezinho”. Mais de 500 blocos desfilam em todas as regionais. S� na noite de ontem, foram 18, que ignoraram a chuva e ca�ram na farra.
Se a descentraliza��o impera em BH, moradores e visitantes t�m um destino certo, antes de cair na farra nos blocos: Savassi, na Regi�o Centro-Sul. Bares, restaurantes, lojas e muito charme garantem o aquecimento e tamb�m horas de curti��o. Tr�s amigas de Recife (PE) trocaram o bolo de rolo pelo p�o de queijo, o “oxe” pelo uai e o Galo da Madrugada pela farra em BH. Sem remorso nem nada – s� com muita anima��o –, Simone Estima, engenheira civil, Juliana Leite, contadora, e Maria Eduarda Kovack, fisioterapeuta, deixaram, pela primeira vez, o carnaval da terra natal para sair “em todos os blocos” da capital mineira.
Para come�ar, Simone, Juliana e Maria Eduarda posaram para fotos e fizeram selfies num lugar muito especial: o letreiro vermelho com a frase-tema Carnaval de BH � de todo mundo, localizado na Rua Ant�nio de Albuquerque entre as avenidas Get�lio Vargas e Crist�v�o Colombo. “Ouvimos falar muito da folia daqui, e resolvemos conhec�-la. Vai ser bom e j� temos fantasia para todos os dias: Sol, Lua e Arco-�ris; Tequila, Sal e Lim�o; e a terceira em homenagem ao frevo, mas com frases referentes a Pernambuco e Minas”, contou Simone.
PIQUE TOTAL
No mesmo pique, Maria Eduarda se declarou “alucinada” com os agitos do reino de Momo. “Adoro, sou louca por carnaval, mas como em Recife tem folia o m�s de janeiro inteiro, decidimos conhecer outra cidade, e compramos as passagens e reservamos hotel com bastante anteced�ncia”, acrescentou a fisioterapeuta. Hospedadas no Centro de BH, o trio adiantou que, na ter�a-feira, vai conhecer Ouro Preto.
Uma turma de estudantes de Uberl�ndia, na Regi�o do Tri�ngulo, tamb�m resolveu conhecer o carnaval de BH, que ganhou fama como um dos mais animados do pa�s. Na tarde de ontem, Gustavo Marques, de 23 anos, e Fernando Dornelas, ambos alunos de engenharia qu�mica, e Hugo Vieira, de 21, engenharia ambiental, curtiram a tarde com outros amigos. Vestido de diabinho, com chifre e tridente, Hugo mostrou que n�o est� para brincadeira, enquanto Fernando, por enquanto, est� explorando territ�rio. Com um chapel�o de palha, Gustavo guarda as surpresas das fantasias para os bloquinhos.
Segundo os comerciantes, as vendas melhoraram muito nos �ltimos dias. Funcion�ria de uma loja na Rua Para�ba com Ant�nio de Albuquerque, Tamires Andr�a Rodrigues se mostrou satisfeita com o movimento, principalmente com a comercializa��o de acess�rios carnavalescos. “Cresceu 100%”, afirmou. Numa cervejaria no quarteir�o fechado, o gar�om explicou que a sexta-feira foi �tima: “Tivemos um movimento superior em 20%. Ainda bem, pois � bom sinal para os pr�ximos dias”.
PALCOS DE MOMO
Os palcos do carnaval de BH ficam no Hipercentro (Pra�a da Esta��o e Parque Municipal) e em seis regionais: Centro-Sul, Leste, Norte/Nordeste, Barreiro, Venda Nova e Noroeste/ Pampulha. Os eventos est�o com novo hor�rio, das 16h �s 23h. Ter�o o mesmo tempo de dura��o de anos anteriores, mas v�o come�ar e terminar mais cedo. Antes, finalizavam � 1h. O diretor de eventos da Belotur, Gilberto Castro, explica que o per�odo de festa foi revisto em raz�o de diversos pontos, entre eles seguran�a e o inc�modo de vizinhos com o barulho.
A Pra�a da Esta��o, o maior dos palcos, com p�blico variando entre 15 mil a 20 mil pessoas por dia, vai receber pelo terceiro ano o kandandu, desta vez durante dois adias – o encontro de blocos afros que marcou a abertura da festa de Momo ontem vai se estender pelo s�bado. A parceria da Prefeitura de BH (PBH) com a Associa��o dos Blocos Afro de Minas Gerais (Abafro-MG) vai levar 12 grupos. “A ideia � dar ainda mais visibilidade a esses blocos. Tentamos tamb�m trabalhar quest�es como inclus�o e igualdade racial”, diz o diretor.
Outra novidade � a amplia��o da programa��o da PBH para o p�blico infantil, que contar� este ano com atra��es durante todos os dias da folia. O carnavalzinho, antes restrito aos palcos do Parque Municipal e da Savassi, agora ser� feito tamb�m na Avenida Brasil, pr�ximo ao quartel da Pol�cia Militar, no Bairro Santa Efig�nia. L�, o palco funcionar� em dois momentos diferentes, durante tr�s dias. Das 10h �s 14h, vai garantir a divers�o das crian�as e, das 18h �s 23h, dos adultos. A festa vai rolar para os pequenos no Parque Municipal no domingo e, na Savassi, na ter�a. “� um carnaval de todo mundo, por isso � t�o importante priorizar tamb�m esse p�blico das fam�lias”, afirma Castro.
Os palcos das outras regionais receber�o um dia de shows cada (confira quadro na p�gina 14). O do Barreiro estar� localizado na Avenida Deputado �lvaro Ant�nio, entre avenidas Ol�mpio Meireles e Dois, no Bairro Industrial. O de Venda Nova, na Avenida �rico Ver�ssimo, entre a Rua dos Crenaques e a Rua Xavante, no Bairro Santa M�nica. Na Via 240, limite das regi�es Norte e Nordeste, a estrutura ser� montada na Avenida Risoleta Neves, entre a Avenida Novecentos e Vinte e Nove e a Rua Raimunda Ferreira Rocha, no Bairro Aar�o Reis. Falta definir o ponto da festa que vai abranger as regionais Noroeste e Pampulha.
Gilberto Castro avisa que nenhum dos palcos est� preparado para receber menos de 5 mil pessoas. A estrutura acompanha o tamanho da festa. “Sonoriza��o, ilumina��o, seguran�a privada e do poder p�blico, ambul�ncia e tudo o que � necess�rio para um grande evento. Todo esse preparo � feito para atender bem a popula��o”, diz. Por quest�o de seguran�a, os locais s�o cercados e, o acesso, s� passando por revista pela equipe de seguran�a, para garantir que pessoas n�o entrem com objetos proibidos, como armas e garrafas de vidro.
18 blocos na sexta
Mesmo embaixo de chuva, milhares de pessoas seguiram os 18 blocos que sa�ram na noite de ontem em Belo Horizonte, entre eles o Tchanzinho Zona Norte, no Bairro Dona Clara, e WS El�trico, na Avenida Brasil, pr�ximo � Pra�a da Liberdade, um dos cart�es-postais da capital mineira. E os sotaques se misturaram na folia. O som envolvente do trio do WS El�trico, que tem acoplado um tel�o, chamou a aten��o das amigas argentinas Daiana Rodrigues Luciana Franco e a americana Shannon Ong. “Carnaval em BH foge do estere�tipo que as pessoas de fora t�m da festa. Acham que � s� mulheres com corpos pelados e dan�ando. Estou gostando muito”, disse Daiana.
J� no fim da noite, o tradicional colorido do carnaval deu lugar �s cores preta e branca na Pra�a da Bandeira, na Regi�o Centro-Sul. Em vez das fantasias de unic�rnio, sereias e her�is, monstros e zumbis foram a inspira��o dos foli�es que acompanharam o Bloco F�nebre. O lema da agremia��o � um s�: sepultar as tristezas e ressuscitar as alegrias. E foi exatamente assim que o grupo desfilou at� a Pra�a Milton Campos. O bloco nasceu h� seis anos tendo como inspira��o o Dia dos Mortos, celebrado com festa no M�xico.“Este lema nunca foi t�o representativo como neste ano, em que tivemos muita tristeza. Ent�o, vamos esquecer os problemas para viver o carnaval”, disse a cantora Fl�via Ribeiro, de 34 anos, uma das organizadoras.
Elias Peixoto, de 39, Luiz Gustavo Pimenta, de 37, e Ana Carolina, de 35, chegaram cedo j� que moram pr�ximo ao local. Carol, como � chamada pelos colegas, fez as pinturas nos rostos. “Olhei na Internet e desenhei”, conta. Com eles, estavam ainda Leo Mentex e Rubem Figueiredo. “ At� deixei de viajar para ficar aqui e aproveitar”, contou Elias. (Com D�borah Lima*)
*Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Regina Werneck