
No fim de mar�o, o servi�o de urg�ncia j� registrava um crescimento na demanda de mais de cinco vezes. De uma m�dia de 150 atendimentos por dia, passou para 783. Os m�dicos informaram que, no mesmo per�odo, devido ao tempo prolongado de espera, foi registrada uma taxa de desist�ncia de 27%, gerando preocupa��o por parte da equipe m�dica em rela��o aos pacientes n�o assistidos, diante da possibilidade de piora do quadro cl�nico e retorno em condi��es de maior gravidade.
Os profissionais ressaltam que o protocolo de triagem preconiza que pacientes classificados como “verde’’ esperem no m�ximo duas horas – estavam aguardando 7 horas e 40 minutos por atendimento. Aqueles triados como “amarelo” deveriam ser atendidos em, no m�ximo, uma hora, mas estavam aguardado duas horas, enquanto os classificados como “laranja” precisariam ser atendidos em no m�ximo 10 minutos, ao inv�s de 1 hora e 28 minutos.
A situa��o, no entanto, piorou nos primeiros dias de abril. Neste domingo, � intenso o movimento no local. Na �rea reservada � espera, crian�as choram enquanto os pais tentam distra�-las e amenizar a dor. A dona de casa Viviane Monteiro, de 41 anos, chegou com o filho Bernardo, de 5 anos, neste s�bado �s 16h. O menino, que est� com suspeita de dengue, foi atendido �s 5h. Fez os exames e, por volta das 10h, ainda aguardava os resultados e era medicado quando a febre aumentava.
“A m�dica me relatou quase chorando que nunca passou por um plant�o desses. As pessoas est�o aguardando em m�dia 15 horas. Este fim de semana foi um dos piores em termos de tempo de espera”, conta Viviane. “O governo mandou os contratados embora e s� os m�dicos concursados est�o atendendo”, afirma. Neste domingo, dois m�dicos est�o trabalhando, sendo um no consult�rio e outro na emerg�ncia. “Nunca passei por isso, mas meu marido ficou desempregado e perdemos o plano de sa�de”, diz. Antes de enfrentar o Jo�o Paulo II, ela ainda tentou a UPA Centro-Sul, que n�o atende crian�as.
Relatos de pais e m�es d�o conta de que os pr�prios m�dicos chamaram a pol�cia h� alguns dias para fazer boletim de ocorr�ncia da situa��o. Uma m�e contou que o problema n�o ocorre apenas no fim de semana. Na quinta, chegou no local das 20h, mas o beb� de 10 meses s� foi atendido �s 7h do dia seguinte. Neste domingo, ficou desolada ao entrar com o mais velho e ter not�cia da demora. Outra m�e, cuja filha est� internada no hospital desde janeiro, afirmou que a demora nos atendimentos j� vem desde o in�cio do ano.
O contador Jarbas Domingos, de 44, chegou ao hospital tamb�m as 16h de s�bado e esperou com os filhos Isabel, de 5 anos, e V�tor, de 1 ano e 10 meses, at� as 2h, sem atendimento. A menina tem febre, dor de cabe�a e no corpo h� tr�s dias e o menino tem os mesmos sintomas h� dois. Neste domingo, voltaram � unidade. Chegaram �s 6h, com previs�o de atendimento por volta das 11h. “Eu os levei embora de madrugada, porque estavam no limite deles. N�o era mais poss�vel esperar”, conta.
O que diz a Fhemig
Por meio de nota, a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que o n�mero de atendimentos aumentou bastante nos �ltimos dias em decorr�ncia, principalmente, dos casos de virose e dengue. Para suprir o d�ficit de pessoal no hospital, a Fhemig solicitou � Secretaria de Estado de Planejamento a substitui��o de vac�ncia de m�dico (quadro vago por aposentadoria e falecimento).
Acrescentou que, em 2016, houve concurso p�blico para preenchimento de 45 vagas na rede. J� foram nomeados 118 profissionais. Desse total, 67 entraram em exerc�cio, 51 n�o tomaram posse ou n�o entraram em exerc�cio em tempo h�bil e seis pediram exonera��o.
A Fhemig destacou ainda que, recentemente, foram nomeados oito profissionais, com posse programada para 10 de abril. “Como solu��o emergencial est� sendo avaliado o remanejamento de vagas de outras unidades para o Hospital Infantil Jo�o Paulo II”, diz o texto.