
Fam�lias de 52 pessoas desaparecidas durante o rompimento da barragem 1 da Mina do C�rrego do Feij�o da Vale, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, esperam not�cias da identifica��o de cada um e, decorridos dois meses e meio da trag�dia, o momento de velar seus mortos, fazer o sepultamento e encerrar um ciclo de sofrimento. A rapidez no processo, no entanto, esbarra em dois pontos, conforme comprovaram ontem, em visita surpresa ao Instituto de Criminal�stica da Pol�cia Civil, os deputados estaduais da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) formada para ajuda na apura��o do caso. Em primeiro lugar, est� o n�o cumprimento da mineradora da entrega de equipamentos e insumos para os exames de DNA das v�timas, que foi acordada com o Minist�rio P�blico, e, em seguida, a burocracia na m�quina do governo estadual, que impede, por exemplo, o funcionamento de um gerador.
O novo balan�o da Coordenadoria de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec) sobre as v�timas da trag�dia mostra grande diferen�a no n�mero de desaparecidos. A pedido da Pol�cia Civil, 16 nomes de pessoas que estariam sendo procuradas foram retirados da lista. O motivo foi a grafia errada, que acabou duplicando alguns nomes. O levantamento divulgado no in�cio da tarde de ontem mostra que s�o 52 pessoas desaparecidas. No boletim divulgado ontem eram 68 pessoas ainda sendo procuradas. A Pol�cia Civil j� tinha retirado outros 17 nomes da lista por motivos diversos, como erros de grafia, acr�scimos errados de sobrenomes, duplica��o, pessoas que n�o estavam desaparecidas e foram encontradas, al�m de tentativas de estelionato de indiv�duos que queriam receber, indevidamente, as indeniza��es.
Em 4 de abril, a delegada Ana Paula Kich Gontijo, respons�vel pela delegacia de Brumadinho, informou que estava fazendo uma for�a-tarefa para conferir todos os nomes que constavam na lista de desaparecidos. “Quando aconteceu o rompimento da barragem, nos primeiros dias, muitas pessoas entraram em contato com os canais criados para relatar pessoas desaparecidas. Mas essas situa��es n�o eram checadas. Agora, estamos fazendo isso”, explicou Ana Paula. O rompimento da barragem j� deixou 225 mortos. Outras 395 v�timas foram localizadas. O Corpo de Bombeiros continua as buscas na regi�o que foi tomada pela lama.
GERADOR Um dos casos considerados mais surpreendentes na identifica��o das v�timas no Instituto de Criminal�stica se refere � entrega, h� duas semanas, de um gerador ainda impedido de funcionar. Segundo D�rio, o equipamento tem capacidade para 100 litros de �leo diesel, mas conta com apenas um quinto disso: o entrave est� na burocracia do governo estadual, que ainda n�o regularizou a “entrada” do gerador no patrim�nio estadual, fato que impede at� mesmo a compra do combust�vel. Al�m de interpelar a Vale sobre a situa��o, a comiss�o, que entrar� na segunda frase, ouvindo testemunhas, sobreviventes da trag�dia, familiares e outras fontes de informa��o, vai pedir explica��o ao governo estadual. No Instituto de Criminal�stica, a comiss�o visitou tamb�m o laborat�rio no qual s�o feitos os exames de DNA.
A Vale n�o comentou o atraso constatado pela CPI. Em nota, disse ter doado equipamentos e servi�os para o IML e o Instituto de Criminal�stica que equivalem a R$ 15,5 milh�es” e que “no montante est�o contemplados aparelhos que v�o agilizar o processo de identifica��o, como tom�grafo, flat scan, raio X, raio X odontol�gico, microsc�pios, sistema de cromatografia, instrumentos de ponta de an�lise de DNA, entre outros”. A nota n�o explicita, entretanto, quais desses equipamentos j� foram entregues.