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Estado de Minas

Epidemia de dengue j� atinge mais da metade das cidades da RMBH

Junto com a capital, mais de 50% das cidades da Grande BH registram n�meros alarmantes da doen�a. Servi�os de sa�de est�o superlotados e imp�em agonia em dobro a pacientes, que, al�m dos sintomas, enfrentam a espera


postado em 13/04/2019 06:00 / atualizado em 13/04/2019 08:22

Pacientes esperam por atendimento na UPA Leste(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Pacientes esperam por atendimento na UPA Leste (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A epidemia de dengue que avan�a por Minas Gerais e j� toma conta de mais de 52,93% das cidades da Regi�o Metropolitana de BH lota unidades de sa�de e cria um gargalo no atendimento de quem precisa come�ar o tratamento. Em Belo Horizonte, enquanto o v�rus debilita fisicamente os pacientes ao ponto de deix�-los aguardando deitados no ch�o em unidades de sa�de, o aumento da demanda, estimado em 40%, atrasa o atendimento e pressiona o lado psicol�gico, criando um cen�rio de sofrimento em dose dupla. Ontem, a equipe do Estado de Minas percorreu quatro unidades de pronto-atendimento da capital (Nordeste, Pampulha, Leste e Odilon Behrens), que j� tem 13.713 casos prov�veis de dengue, e presenciou os dramas de quem mal consegue sustentar o pr�prio corpo enquanto espera cuidados m�dicos. Dados da Secretaria de Estado da Sa�de indicam que a cidade tem incid�ncia considerada alta da doen�a, com 435,22 casos a cada 100 mil habitantes, e tamb�m acaba pressionada pela busca de moradores de munic�pios pr�ximos, que enfrentam a mesma situa��o e t�m menor estrutura.

Ontem, quando a equipe do EM chegou � UPA Leste, na Avenida dos Andradas, no Bairro Vera Cruz, a dona de casa Selma L�cia Ara�jo, de 66 anos, embarcava em uma ambul�ncia com o marido, o aposentado Belchior Ara�jo, de 70, rumo ao Hospital S�o Jos�. Ele passou a quinta-feira na unidade com suspeita de dengue, reclamando de dores em todo o corpo. Os dois chegaram �s 13h e conseguiram atendimento depois de quase tr�s horas. “Acho que, pela idade, ele foi atendido um pouco mais r�pido que outras pessoas. Isso aqui ontem (anteontem) estava imposs�vel”, contou Selma.

Belchior foi diagnosticado com dengue, segundo a mulher, mas passou a aguardar vaga em algum hospital do Sistema �nico de Sa�de (SUS), porque precisava fazer exames dos rins. S� conseguiu ontem, quando deixou a UPA Leste. “Eu senti dor no corpo todo. Mas era muita dor, mesmo. Agora estou melhor. Tomei sete litros de soro na veia”, contou o aposentado. “Ele veio fraco, desidratado e reclamando demais. Quando chegamos, quase chorei quando vi tanta gente esperando. Ele n�o aguentava nem se mexer na cadeira”, completa.

Na UPA Odilon Behrens, a situa��o n�o era muito melhor para o mec�nico Tiago Augusto Soares, de 22. Ele esperava a mulher, da mesma idade, sair do atendimento, que at� foi r�pido, segundo ele. Mas ela s� conseguiu chegar ao consult�rio depois de passar pela segunda unidade p�blica. Na quinta-feira eles esperaram por nove horas no Hospital Risoleta Tolentino Neves, na Regi�o de Venda Nova, e foram embora sem que ela conseguisse a consulta. “Primeiro, alegaram que a ficha dela tinha sumido, mas quando amea�amos chamar a pol�cia eles localizaram e em um determinado momento disseram que tinha s� um m�dico para atender 10 pessoas que j� estavam dentro do hospital e mais um tanto de gente que estava fora.

Enquanto isso, ela chorava de dor, com febre, dor de cabe�a, e desconfiando de dengue mais grave. Mesmo com ela nesse estado, tivemos que voltar sem que ela fosse atendida”, afirma Tiago. Na avalia��o dele, a demora e dificuldade pioram o quadro do paciente. “A gente n�o pode dar rem�dio sem saber o que �, ent�o fica bem complicado”, queixa-se.

Hospital Risoleta Tolentino Neves confirmou ter feito o registro e a triagem da paciente na quinta-feira, �s 11h50, mas alega que a aferi��o de dados vitais e da temperatura n�o apontou altera��es e que ela n�o relatou dor no corpo. Sustentou ainda que havia de plant�o quatro cl�nicos gerais, dos quais dois se dedicam ao atendimento de casos de menor complexidade, “o tipo para o qual a paciente foi classificada e que demanda maior per�odo de espera”. A unidade, por�m, admite que, nos �ltimos 10 dias enfrenta procura acima do normal e superlota��o do pronto-socorro, e que d� prioridade a casos de risco iminente de perda da vida.


PAMPULHA
Sentindo dores pelo corpo, a bab� Analia Moreira dos Santos, de 27, contava outra hist�ria de peregrina��o em busca de atendimento, enquanto aguardava na UPA Odilon Behrens. Ela disse que suspeitava estar com dengue, mesmo situa��o que a filha de 3 anos. Na quinta-feira, levou a menina at� a UPA Pampulha, no Bairro Santa Terezinha, �s 19h, mas � meia-noite n�o teve mais condi��o de esperar. Ontem, j� com sintomas da dengue, voltou com a garota. Enquanto a crian�a foi atendida no Hospital Odilon Behrens, ela ficou na UPA. “Sinto muita dor nos olhos, no corpo, coceira e fiquei empolada. Essa situa��o de demora � muito complicada, porque as pessoas sentem muitas dores e ficam muito tempo na mesma posi��o, sem ter o que fazer”, contou ela, que j� esperava havia uma hora.

A reclama��o sobre a UPA Pampulha se repetiu nas palavras da diarista e cozinheira Eliane Santos, de 40. Ela contou que na quinta-feira esteve na unidade para levar o filho, que tem anemia falciforme. “Cheguei �s 3h da madrugada e s� sa� �s 21h30. A quantidade de pessoas que vinham com suspeita de dengue era muito grande. O tempo todo chegava gente”, disse, enquanto acompanhava o menino na unidade Odilon Behrens, para onde foi transferido da Pampulha.

Com reclama��es apontando para a unidade da regi�o, a equipe do EM foi at� a UPA Pampulha, onde conversou com a desempregada Raquel Alves Ribeiro, de 25. O marido dela, Anderson de Jesus Souza, de 31, esperava atendimento deitado no ch�o da unidade, � qual j� tinha ido no dia anterior, antes de seu quadro piorar. “Ele est� com dor no corpo, dor de cabe�a, febre alta e n�o consegue andar sem se escorar. Moramos em Contagem, mas na UPA Ressaca falaram que estava muito cheio, ent�o viemos para c�. Acho que nestes momentos o ideal seria aumentar as equipes, para as pessoas n�o passarem tanto sofrimento”, diz ela.

O gerente de Urg�ncia e Emerg�ncia da Secretaria de Sa�de de Belo Horizonte, Alex Sander Sena, admite as dificuldades de acolher tanta demanda. “O fluxo est� muito grande. Nossas portas de entrada (no sistema p�blico da capital) est�o extremamente lotadas. Da� a import�ncia de salientar que, durante a semana, principalmente, as pessoas que est�o em melhor condi��o de sa�de, com menos tempo de evolu��o da doen�a, procurem primeiro os postos de sa�de”, afirmou. Segundo o gerente, o paciente que aguardava deitado no piso da UPA Pampulha n�o quis esperar e foi embora. “Ele passou pela classifica��o e teria condi��es de aguardar. Ent�o, era um paciente que poderia procurar um centro de sa�de”, acredita Alex Sander Sena. “Estamos aumentando as cadeiras e macas para os pacientes na unidade”, completou.


(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Amea�a avan�a pela regi�o metropolitana

Das 34 cidades que comp�em a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, a epidemia de dengue j� atinge 18, incluindo a capital mineira, o equivalente a 52,93% do total. Dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES/MG) mostram que h� 14 munic�pios com incid�ncia muito alta da doen�a, situa��o caracterizada quando h� uma proje��o de mais de 500 casos prov�veis por grupo de 100 mil habitantes. M�rio Campos apresenta o mais alto �ndice, com 4.496,63, seguido de Sarzedo, com 3.872,80, e de Betim, com 2.614,56. Com incid�ncia alta, que j� � tratada como epidemia, est�o quatro munic�pios, entre eles BH, que tiveram �ndice entre 300 e 499. Ainda em situa��o que n�o � considerada epid�mica, mas que tamb�m gera alerta, h� outras sete cidades com m�dia incid�ncia (de 100 a 299 casos/100 mil habitantes).

Na capital, balan�o divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Sa�de mostra que a doen�a avan�a rapidamente. J� s�o 13.713 notifica��es neste ano, m�dia de 135 por dia.  Desse total, 3.217 moradores tiveram diagn�stico da doen�a confirmado. Outros 10.496 est�o sendo investigados. Foram descartadas, desde o in�cio de 2019, por meio de investiga��o, 3.511 notifica��es. Nenhuma morte foi confirmada pela virose.

A situa��o mais cr�tica � na Regi�o do Barreiro. Segundo a secretaria, s�o 2.257 casos prov�veis registrados, sendo 698 confirmados. A Regional Nordeste vem em seguida, com 1.988, sendo 441 confirma��es. Depois aparece a Oeste, com 1.829 registros e 382 confirma��es.

MEDIDAS Com quadro epid�mico da doen�a, a Prefeitura de BH anunciou a��es para melhorar o atendimento. Segundo a Secretaria Municipal de Sa�de, centros de sa�de nos bairros Conc�rdia (Nordeste), Santa Terezinha (Pampulha) e Tirol (Barreiro) abrem hoje para tentar amenizar a demanda das UPAs. O munic�pio tamb�m vai abrir 12 leitos extras de interna��o pedi�trica no Hospital Odilon Behrens. Um chamamento p�blico foi lan�ado para contratar imediatamente cerca de 200 profissionais da sa�de, dos quais 87 m�dicos, principalmente pediatras e cl�nicos gerais.

“J� temos v�rios profissionais interessados nas vagas em aberto. Na segunda-feira faremos nova avalia��o das medidas do fim de semana, para ver n�mero de atendimentos, a repercuss�o e os impactos nas UPAs. Outras medidas poder�o ser tomadas, como abertura de postos nos fins de semana em outras regi�es e de unidades mistas de hidrata��o”, afirmou Alex Sander Sena, gerente de Urg�ncia e Emerg�ncia da Secretaria Municipal de Sa�de.

Na �rea m�dica, ser�o contratados profissionais de angiologia/cirurgia vascular, cardiologia, cirurgia geral, cl�nica geral, gastroenterologia, ginecologia, homeopatia, infectologia, medicina f�sica e reabilita��o, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria, psiquiatria, reumatologia e urologia. Tamb�m ser�o contratados terapeuta ocupacional, educador f�sico, enfermeiro, farmac�utico biom�dico, psic�logo, assistente social, t�cnicos de laborat�rio, em radiologia e de sa�de bucal, al�m de auxiliares de enfermagem, de laborat�rio e de sa�de bucal. A carga hor�ria varia de 12 a 40 horas semanais e a remunera��o vai de R$ 2.808,29 a R$ R$ 15.350,96, conforme unidade e plant�o de trabalho.


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