Mais amor para conviver com as diferen�as e sabedoria para respeitar pensamentos distintos. Esse foi o recado dado pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, durante celebra��o da Missa da Unidade, evento da Igreja Cat�lica que marca a quinta-feira santa e � a oportunidade da comunidade cat�lica de se unir no amor por Jesus Cristo. Mais de 15 mil pessoas participaram da missa, que ocorreu no gin�sio do Mineirinho, na Regi�o da Pampulha, na capital mineira, e teve na homenagem aos mortos de Brumadinho seu ponto mais alto.
“Estamos no contexto da nossa sociedade brasileira lamentavelmente com muitas polariza��es, muitas disputas e com falta de sabedoria para conduzir adequadamente na dire��o certa. A Missa da Unidade, ao proclamar a palavra, nos d� a oportunidade de fortalecer a comunh�o e de nos abrirmos ao amor de Deus, o que � fundamental. Pois ao nos abrir no amor de Deus, brota em n�s uma sabedoria que n�o vem de livros nem mesmo da experi�ncia, mas nos fecunda, nos fazendo capaz de viver o caminho do amor. Por isso precisamos de comunh�o e estamos aqui nos renovando nesta comunh�o”, diz dom Walmor.
Segundo o chefe da Arquidiocese de BH, a semana santa � um grande retiro espiritual. “Para o qual n�s convidamos todo o povo de Deus, toda a sociedade para uma escuta mais profunda do amor de Deus. Porque sem espiritualidade, sem algo mais profundo no nosso cora��o, n�o ter�amos condi��es de superar os desafios que temos. Seremos muito mais por n�s mesmo, por nosso interesse, quando na verdade precisamos nos abrir mais e mais no amor de Deus”, afirma o religioso.
Segundo o arcebispo, a Missa da Unidade � o momento para bispos, padres, di�conos, evangelizadores, ministros e o povo de Deus se congregarem para renovar o seu compromisso de unidade, que significa fixar o olhar em Cristo. Oportunidade de demonstrar mais uma vez o luto por Brumadinho, que deixou 230 mortos e ainda mant�m 47 desaparecidos sob a lama da Vale. “Chegamos para a Missa da Unidade em luto por causa de Brumadinho. Por conta de trag�dias, por conta de desastres, por conta da viol�ncia que cresce e do desamparo dos pobres. Mas esse luto h� de se transformar pela luz da f� em um novo caminho. E � por isso que estamos aqui na unidade. Que precisamos de uma grande for�a para lutarmos e construirmos um mundo novo com a luz da f� e nos valores do evangelho de Jesus Cristo”, acrescenta dom Walmor.
A aposentada Helenice Maria Rodrigues dos Santos, de 73 anos, est� acostumada a frequentar sozinha a Missa da Unidade h� d�cadas. � o momento que ela tira para refletir. “Sem Deus n�o somos nada. Toda vez, saio daqui com esperan�a que o mundo melhore e com o esp�rito muito mais tranquilo”, afirma. A dom�stica Edna L�cia Ces�rio, de 67, chegou mais cedo e ficou colada na grade, para n�o perder nenhum momento. “� o dia santo, essa missa traz a uni�o de toda a diocese. A missa � �tima, gosto de ver meus padres passando, matando a saudade daqueles que j� passaram pela par�quia”, diz ela. O momento de muita dissemina��o de �dio, segundo Edna, demanda mais amor. “Precisamos de mais amor para a humanidade, que o povo est� precisando. As pessoas est�o esquecendo de uma palavrinha t�o pequeninha que � o amor. Amor ao pr�ximo, o amor que Cristo nos deixou”, completa. A dona de casa Vanilda Alves da Silva, de 65, destacou o momento �mpar da Missa da Unidade. “Esse momento � �nico na vida da gente. A gente procura estar junto a Deus pra se fortalecer. � um dia �nico na minha vida. Temos que abrir o cora��o para acolher os outros. Essa foi a mensagem que Jesus nos deixou”, diz.
O ponto alto da celebra��o foi uma apresenta��o que misturou teatro e dan�a em homenagem �s v�timas de Brumadinho. Jovens da Par�quia Dom Bosco, na Regi�o Noroeste da capital, fizeram duas coreografias relembrando o estado de Minas Gerais e tamb�m a trag�dia da Vale. Vestidos com camisas brancas sujas de lama eles celebraram a mem�ria de quem se foi no desastre. “A gente n�o podia deixar de lembrar Brumadinho. Acho que nossa mensagem foi passada e as pessoas ficaram tocadas. Fiquei bastante emocionada”, afirma a estudante J�lia Nogueira Xavier. Na parte da apresenta��o destinada a Brumadinho, os jovens usaram uma capa marrom para simbolizar a onda de lama da barragem que se rompeu em C�rrego do Feij�o.