A escalada da dengue a cada boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Sa�de em Minas Gerais traz este ano um alerta duplicado entre as autoridades sanit�rias: a epidemia coincide com o avan�o da amea�a do v�rus do sarampo, o que pode dificultar os diagn�sticos das doen�as, que t�m alguns dos sintomas parecidos.

O quadro fez com que a Prefeitura de Belo Horizonte inaugurasse, na noite de ontem, uma unidade onde pacientes em estado mais cr�tico recebem hidrata��o venosa. O servi�o, nova fase do protocolo de crise seguido pelo munic�pio, est� dispon�vel na UPA Centro-Sul, no Bairro Santa Efig�nia. J� no primeiro dia de funcionamento, tinha 21 dos 25 leitos ocupados. O Executivo municipal estuda a abertura de outras tr�s esta��es semelhantes, no Hospital Metropolitano Doutor C�lio de Castro (Barreiro) e nas UPAs Venda Nova e Odilon Behrens, esta �ltima na Regi�o Noroeste.
O quadro cr�tico for�a a prefeitura a adotar outras medidas emergenciais. Segundo o gerente de Urg�ncia e Emerg�ncia da Secretaria Municipal de Sa�de, Alex Sander Sena, a PBH avalia tamb�m a abertura de mais centros de sa�de aos s�bados. No �ltimo fim de semana, quatro unidades funcionaram nas regi�es Nordeste, Venda Nova, Barreiro e Pampulha. Agora, a pasta pode adicionar um dia no expediente de mais dois postos: um na Regi�o Oeste e um extra no Barreiro. “Tivemos um grande aumento de demanda em v�rias regi�es. A cada 24 horas, nossa equipe se encontra e avalia quais as melhores estrat�gias”, disse o gestor.
Apesar dos esfor�os, a epidemia mant�m UPAs e centros de sa�de lotados. Ao saber da inaugura��o da nova unidade de hidrata��o na Regi�o Centro-Sul, v�rios pacientes, inclusive de outras cidades, procuraram a UPA da �rea Hospitalar da capital. Moradora do Bairro Lagoinha, em Venda Nova, Katiene Miranda Costa foi para l� quando soube do centro de emerg�ncia instalado pela prefeitura. “O que mais me causou preocupa��o � que tive sangramento nasal. Eu tinha ido � UPA de Venda Nova e demorei 10 horas para ser atendida. Hoje, vim achando que estaria mais vazio, mas a situa��o est� ca�tica tamb�m”, disse.

De acordo com Alex Sander Sena, o volume de pessoas em busca de tratamento nos equipamentos de sa�de � um desafio, principalmente em raz�o dos casos de doen�as respirat�rias, que se somam aos quadros de dengue. “Foi s� haver a divulga��o (da abertura da Unidade de Reposi��o Vol�mica) que tivemos um grande afluxo de pacientes do interior. Recebemos gente de Betim, Contagem, Sabar� e Santa Luzia, por exemplo”, ressaltou. Apesar da demanda, o gerente destacou que os doentes s� ser�o encaminhados ao espa�o de urg�ncia depois de triagem e indica��o dos m�dicos da Prefeitura de BH.
A medida da prefeitura acompanha a eleva��o dos n�meros da dengue detalhados no boletim divulgado pelo governo do estado ontem. Nele, o n�mero de �bitos confirmados por dengue permanece em 14: seis em Betim (Grande BH), dois em Uberl�ndia (Tri�ngulo), dois em Una� (Noroeste), um em Arcos (Regi�o Centro-Oeste), Paracatu (Noroeste), Frutal (Tri�ngulo) e em Ibirit� (Grande BH). Contudo, outros 57 est�o sob investiga��o, o que pode elevar a quantidade de vidas perdidas para 71. Para efeito de compara��o, Em todo o ano passado, o governo do estado computou 12 mortes de confirmadas pela v�rus e 29.369 casos prov�veis da doen�a.
Em n�mero de casos prov�veis, na compara��o com o balan�o da semana passada houve registro de mais 19.055 pacientes, aumento de 15,6%. Na avalia��o do governo do estado, 2019 tem tra�os de anos epid�micos, mas com n�meros inferiores aos anos cr�ticos anteriores, como 2016, quando o estado enfrentou o pior quadro, com cerca de 520 mil casos confirmados da doen�a.
Capital pode confirmar dois casos de sarampo
Em meio � disparada dos casos de sarampo em todo o mundo, com aumento de 300% nos primeiros tr�s meses do ano, segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), e com pa�ses em surto, a capital pode confirmar os primeiros registros da virose. Exames complementares est�o sendo feitos em tr�s pacientes – dois de Belo Horizonte e tamb�m um de Contagem, na Grande BH – que tiveram positividade para a doen�a apontada em teste preliminar. As notifica��es suspeitas quase dobraram em territ�rio mineiro em 18 dias, saltando de 36 para 67 registros. Autoridades de sa�de alertam para subnotifica��es da doen�a, que � altamente contagiosa, devido � epidemia de dengue no estado, j� que os sintomas s�o parecidos nos dois casos.
Boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Sa�de mostra que, das 67 suspeitas notificadas, 30 foram descartadas, 36 est�o sendo investigados e um foi confirmado, embora tratado como importado, pois o paciente, um italiano, de 29 anos, que morava em Betim, na Grande BH, teria contra�do a doen�a na Europa. Os registros aconteceram em 31 munic�pios mineiros.
Nos tr�s pacientes com resultado preliminar positivo para o sarampo, todos j� est�o curados. Novos exames devem ser realizados para confirmar o diagn�stico, procedimento que pode levar at� tr�s meses. “Eles s�o considerados suspeitos at� que o resultado do tipo de v�rus e gen�tipo sejam liberados”, acrescentou a Secretaria de Estado da Sa�de. Os �ltimos casos aut�ctones – quando a doen�a � transmitida dentro do pr�prio territ�rio – ocorreram em 1997 em Minas, quando houve nove casos. Em 2011, um caso importado da doen�a foi registrado, de um paciente que se contaminou na Fran�a. Em 2013, dois irm�os contra�ram sarampo em uma viagem � Fl�rida, nos Estados Unidos.
O sarampo preocupa por causa do seu alto potencial de cont�gio. A transmiss�o pode ocorrer de uma pessoa a outra, por meio de secre��es expelidas ao tossir, falar, espirrar, na respira��o e inclusive por dispers�o de got�culas no ar, em ambientes fechados.
Os principais sintomas s�o manchas avermelhadas em todo o corpo, febre alta, congest�o nasal, tosse e olhos irritados. Pode ainda causar complica��es graves, como encefalite, diarreia intensa, infec��es de ouvido, pneumonia e at� cegueira, sobretudo em crian�as com problemas de nutri��o e pacientes imunodeprimidos.
Alerta A SES recomendou aos munic�pios que fa�am busca ativa de casos subnotificados. “� recomend�vel �queles munic�pios silenciosos (sem notifica��es) por oito semanas epidemiol�gicas consecutivas ou dezesseis alternadas que realizem a busca ativa retrospectiva de casos junto aos servi�os de sa�de locais. Se identificada a subnotifica��o de algum caso, que sejam promovidas a��es de controle (vacina e atualiza��o do cart�o de vacina��o) e orienta��o aos profissionais de sa�de”, informou a pasta.
“O desconhecimento da ocorr�ncia de casos suspeitos coloca o estado em risco perante a forte possibilidade de reintrodu��o da doen�a, uma vez que manifesta��es cl�nicas como exantema associados ou n�o a febre, tosse, coriza e dores articulares s�o comuns em atendimentos corriqueiros vivenciados nos servi�os de sa�de”, explicou. A epidemia de dengue em Minas Gerais “exige dos profissionais de sa�de maior aten��o para detec��o dos casos suspeitos de sarampo”, alertou a Sa�de estadual.