
Os n�meros s�o alt�ssimos, ainda que a quantidade de acidentes em Minas com v�timas mostre redu��o entre 2014 e 2019 (veja quadro). A compara��o entre os primeiros trimestres de 2018 e 2019, no entanto, revela recuo bem t�mido: s�o 17.528 batidas este ano, contra 17.732 de janeiro a mar�o do ano passado, queda de apenas 1,16%. J� em rela��o �s mortes, a redu��o ocorreu de 2014 a 2016, com aumento em 2017 e nova queda em 2018. Considerando os per�odos janeiro/mar�o deste ano e do ano passado, a redu��o � de apenas duas mortes.
O objetivo do Maio Amarelo � reduzir esses �ndices, n�o s� em Minas, mas em todo o mundo, conforme recomenda��o da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU). Por�m, as estat�sticas mostram que ainda � necess�ria uma mudan�a dr�stica para obter resultados melhores. Neste ano, uma das tentativas de sensibilizar os motoristas ser� apelar para a influ�ncia das crian�as. Com o slogan “Me ou�a”, a campanha busca colocar pequenos e pequenas como voz ativa na cabe�a dos adultos. “�s vezes, o pai fica constrangido de infringir uma regra de tr�nsito diante de um conselho infantil. E tem o lado do pai querer ser sempre o exemplo para o filho”, diz a delegada Amanda de Menezes Curty, que � coordenadora de Educa��o de Tr�nsito do Detran/MG.
Entre as a��es que ser�o desenvolvidas est�o blitzes educativas, palestras em escolas e distribui��o de material publicit�rio alertando para a necessidade de agir com educa��o no tr�nsito, criando um ambiente mais seguro. Para Osias Baptista, especialista em transporte e tr�nsito, as premissas do Maio Amarelo precisam ser estendidas, com urg�ncia, para o ano inteiro. “Seria importante que as campanhas fossem permanentes, porque o perigo � permanente. A morte das pessoas no tr�nsito acontece durante todo o ano. J� conseguimos um recuo, mas ainda h� muita gente morrendo. Por isso precisamos de uma postura mais permanente dos governos com rela��o a isso, e da sociedade como um todo”, afirma Osias.
Um dos caminhos para buscar melhorias � o investimento em educa��o infantil dentro das escolas, segundo o representante em Minas do Observat�rio Nacional de Seguran�a Vi�ria, Mauricio Pontello. O especialista acredita que as diferentes disciplinas da educa��o b�sica precisam incentivar conte�dos que fa�am os mais jovens refletir e adotar posturas de seguran�a. “Se conseguirmos criar curr�culos escolares de forma interdisciplinar, isso sim traria um avan�o muito grande na educa��o infantil”, afirma.
Pontello tamb�m destaca a necessidade de controle de velocidade, em um contexto que o presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar que barraria a instala��o de 8 mil novos radares nas rodovias do pa�s, medida que foi impedida pela Justi�a. “A maior causa de acidente e morte no Brasil � exatamente o excesso de velocidade. N�s matamos muito e matamos com velocidade”, diz ele.

Impactos na vida
e na rede de sa�de
Quando um acidente produz les�es em uma v�tima, quanto maior a velocidade praticada pelos ve�culos envolvidos na ocorr�ncia, maior � tamb�m a gravidade dos ferimentos, segundo o diretor assistencial da Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Marcelo Lopes Ribeiro. O m�dico destaca que muitas s�o les�es irrevers�veis. “Uma coisa que assusta a gente � a quantidade de pessoas ficando parapl�gicas e tetrapl�gicas v�timas de quedas de moto”, diz ele, sobre os atendimentos de urg�ncia feitos no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII.
De acordo com a Fhemig, em 2017 foram 5.427 acidentados de moto atendidos na unidade, contra 4.133 em 2018 e 1.549 de janeiro a 28 de abril deste ano. Apesar da redu��o, Ribeiro destaca que tamb�m tem percebido reincid�ncia de acidentes, o que mostra que n�o est� havendo conscientiza��o, mesmo com ocorr�ncias graves. Tudo isso traz impacto n�o apenas paras as vidas das v�timas, mas tamb�m para a quest�o financeira do estado, que gasta muito para garantir os atendimentos. Segundo o m�dico, h� o caso de um paciente acidentado de moto que est� internado h� nove meses na rede hospitalar, gerando um custo que sozinho supera os R$ 900 mil. Se investidos na preven��o, esses recursos poderiam evitar mais mortes e les�es graves.
“Infelizmente, sabemos que est�o se estreitando cada vez mais os recursos financeiros. E a gente tem que dar um jeito de otimizar custos. O principal para n�s � a sa�de: n�o importa quanto vai custar, eu tenho que salvar a vida do paciente. Por�m, �s vezes s�o situa��es completamente evit�veis. Precisamos conscientizar todo mundo de que � preciso reduzir as despesas, sen�o chegar� o momento em que n�o vamos ter como atender”, afirma Ribeiro.
O lan�amento da campanha do Maio Amarelo contou com a presen�a de diversas autoridades, incluindo o secret�rio de estado de Seguran�a P�blica, general Mario Lucio Alves de Araujo. Ele destacou que o governo deve investir nas a��es de educa��o do tr�nsito, mas chamou a sociedade a participar ativamente dessas a��es. “A participa��o da sociedade � muito bem-vinda. S� assim vamos construir seguran�a p�blica, que � responsabilidade do Estado, mas um dever de todos”, resumiu.
Ontem foi montada uma blitz educativa em frente ao Detran, assim como uma apresenta��o de teatro desenvolvido pela Ger�ncia de Educa��o para Mobilidade da BHTrans, com o objetivo de alertar motoristas e pedestres sobre atitudes seguras no tr�nsito. Em todo o estado est�o programadas a��es educativas durante o m�s, com a proposta de despertar na sociedade a consci�ncia para a quest�o da seguran�a vi�ria.
A origem da campanha
Em maio de 2011, a Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) decretou a D�cada de A��o para Seguran�a no Tr�nsito, com base em um estudo da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milh�o de mortes por acidente em 178 pa�ses. Por isso, o m�s de maio se tornou refer�ncia mundial para as a��es que visam reduzir o n�mero de v�timas em ruas e estradas. A cor simboliza sinal de aten��o e de advert�ncia no tr�fego. O objetivo chamar a aten��o de motoristas, passageiros, pedestres e ciclistas sobre os impactos sociais, emocionais e econ�micos dos desastres, para conseguir mudar atitudes. No Brasil, o Movimento ganhou forma a partir de 2014 e conta com a participa��o de �rg�os p�blicos, empresas privadas e membros da sociedade civil do pa�s que, segundo a OMS, � o quarto em n�mero de mortes por acidente de tr�nsito no mundo.