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Estado de Minas

Descal�os, estudantes arrecadam doa��es e refletem sobre as desigualdades sociais

Com a iniciativa 'Um dia sem sapatos', unidade de Contagem do Col�gio Santo Agostinho recolhe cal�ados, roupas, cobertores e mochilas para distribuir aos necessitados


postado em 09/05/2019 06:00 / atualizado em 09/05/2019 07:30

Estudantes exibem os pés descalços durante ação de cidadania da unidade de Contagem do Colégio Santo Agostinho, que chama a atenção para as desigualdades (foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A. PRESS)
Estudantes exibem os p�s descal�os durante a��o de cidadania da unidade de Contagem do Col�gio Santo Agostinho, que chama a aten��o para as desigualdades (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A. PRESS)

Tirar os sapatos, pisar no ch�o e sentir na pele a dor do outro que n�o tem nem mesmo um chinelo para cal�ar. E ter um cal�ado � t�o b�sico que nem paramos para pensar na sua aus�ncia. Assim, alunos, professores e colaboradores do Col�gio Santo Agostinho, da unidade Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, foram convidados a ir descal�os para a escola na manh� de ontem.

A iniciativa “Um dia sem sapatos” tem como objetivo promover a reflex�o e a experi�ncia de se colocar no lugar do outro, al�m de recolher donativos para institui��es que apoiam pessoas em situa��o de vulnerabilidade social. S� no ano passado, a escola arrecadou 1.340kg de donativos, entre cal�ados, roupas e agasalhos, pacotes de fraldas geri�tricas e infantis, al�m de 17 litros de leite. Neste ano, a arrecada��o inclui sapatos, roupas, cobertores e tamb�m de mochilas – um item que � muito necess�rio para a popula��o em situa��o de rua.

Com o tema “a empatia brotar� da planta dos seus p�s”, a iniciativa do col�gio amplia a proposta inicial do projeto “One day without shoes” – movimento internacional que chama a aten��o para o n�mero de crian�as afetadas por doen�as que poderiam ser evitadas caso tivessem acesso a sapatos – promovendo tamb�m a reflex�o sobre a realidade brasileira.

Ros�lia Coelho Caputo, de 16 anos, da 3ª s�rie do Ensino M�dio, participa h� nove anos da a��o. E ontem saiu de casa sem os t�nis: “� algo t�o banal, que faz toda a diferen�a. Antes, eu vinha de chinelo. Mas acredito que � uma iniciativa que tem que ser vivida de verdade. Vim (descal�a) desde minha casa. Certo, vim de carro que j� � um grande privil�gio, mas d� pra ver at� a diferen�a entre os meus p�s e os dos outros – que est�o bem mais limpos”, contou a jovem, que se orgulha muito de participar da iniciativa.

Trata-se de uma a��o de cidadania a partir da escola que chama a aten��o para as desigualdades. “Estamos trabalhando com nove hist�rias de pessoas que est�o, de certo modo, pr�ximas de n�s. S�o quatro pessoas do Col�gio Agostiniano Frei Carlos Vicu�a, obra social que funciona aqui mesmo na escola, no per�odo da noite; uma do pr�prio Col�gio Santo Agostinho Contagem; tr�s da Escola Estadual Doutor Jos� Roberto de Aguiar”, explicou a diretora da institui��o de ensino, Aleluia Heringer. Para ela, a a��o precisa sair do discurso para que seja sistem�tica e n�o pontual. “Somos uma escola de elite de Contagem. Temos, por exemplo, uma escola p�blica do outro lado da rua. Como estreitar essa rela��o? Por isso, precisamos escutar a hist�ria do outro”, acrescentou.

Um dos participantes � Wilson de Almeida Sebasti�o, de 38. Sua hist�ria emocionou muitos dos 700 alunos presentes na quadra na manh� de ontem. Filho de uma faxineira e de um oper�rio, o jovem ficou �rf�o aos 10 anos e precisou assumir responsabilidades precocemente. “Mesmo sem conhecimento, meus pais sempre me incentivaram a estudar. Mas perdi a m�e cedo e precisei cuidar das minhas irm�s mais novas, al�m de fazer todas as tarefas de casa e ajudar meu pai. N�o foi nada f�cil e o sapato � um objeto muito simb�lico. Consegui bolsa e logo comecei a estudar e a trabalhar. Mas precisava de percorrer tudo a p�. Meu sapato furava e eu cortava o resto de outro par e colava com ‘superbonder’”, contou.
Wilson Sebastião contou aos alunos sua história de dificuldades e superação até tornar-se geógrafo: 'É importante ter um projeto de empatia'(foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A. PRESS)
Wilson Sebasti�o contou aos alunos sua hist�ria de dificuldades e supera��o at� tornar-se ge�grafo: '� importante ter um projeto de empatia' (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A. PRESS)


Hoje, ele � professor de geografia e ge�grafo. “� importante ter um projeto de empatia. � essencial sair da caixa e incentivar as pessoas a serem mais p� no ch�o,” acrescentou.

Cativado pelo projeto, o aluno do 4º ano Miguel Fonseca de Almeida, de 9, pretende praticar os ensinamentos diariamente. “Empatia � se colocar no lugar do outro. Acho que � legal sentir na pele o que as pessoas passam. Vou levar isso para a minha vida”, disse. A pequena Julia Oliveira Santos, de 6, tamb�m gostou muito de deixar os t�nis em casa.
Aluno do 4º ano, Miguel Almeida gostou da experiência: 'Empatia é se colocar no lugar do outro. Vou levar isso para minha vida', resumiu(foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A. PRESS)
Aluno do 4� ano, Miguel Almeida gostou da experi�ncia: 'Empatia � se colocar no lugar do outro. Vou levar isso para minha vida', resumiu (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A. PRESS)


As doa��es, que ainda est�o sendo contabilizadas, ser�o encaminhadas a institui��es que promovem direitos humanos e assist�ncia social em Contagem, grupos de apoio a mulheres, crian�as e adolescentes em situa��o de risco e a comunidades carentes da regi�o metropolitana. A a��o tamb�m ser� realizada na sede da Sociedade Intelig�ncia e Cora��o (SIC), dos freis agostinianos, uma entidade civil de assist�ncia social, sem fins lucrativos, de car�ter beneficente, cultural e de promo��o humana.


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