
Semana decisiva para a Mina Gongo Soco e a apreensiva popula��o de Bar�o de Cocais, na Regi�o Central de Minas Gerais. Come�ou ontem e termina no s�bado o per�odo previsto para o colapso do talude norte da mina administrada pela Vale. A encosta que d� sustenta��o ao complexo miner�rio vem se movimentando e, em caso de escorregamento, cairia na cava da mina, que tem cerca de 100 metros de profundidade.
O temor � que o impacto desencadeie um desastre: o rompimento da Barragem Sul Superior, em n�vel 3 de alerta desde 22 de mar�o, data anterior � detec��o dos problemas no talude. Esse n�vel significa vazamento iminente. Ontem, a mineradora divulgou v�deo com informa��es sobre as condi��es da estrutura. As defesas civis estadual e municipal, o Corpo de Bombeiros e a Pol�cia Militar (PM) permanecem de plant�o em Bar�o de Cocais para atendimento em caso de emerg�ncia. A for�a-tarefa mant�m contato constante com a Vale, exigindo relat�rios t�cnicos para apurar a real situa��o da Mina Gongo Soco.
O material divulgado pela Vale busca atender � recomenda��o feita pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) para que a mineradora mantenha a popula��o informada sobre os riscos a que est� sujeita em caso de ruptura da barragem. As explica��es foram tamb�m uma das reivindica��es mais recorrentes dos cocaienses que participaram do simulado de emerg�ncia da Defesa Civil estadual no s�bado.
No v�deo, a empresa usa imagens para explicar que o talude – “terrenos inclinados que d�o sustenta��o � cava da mina” – est� a 1,5 quil�metro da barragem em estado cr�tico. A empresa ressalta no material que “identificou uma movimenta��o” na estrutura. Por�m, descarta que haja “elementos t�cnicos para se afirmar que o eventual deslizamento provocar� ruptura da Barragem Sul Superior”.
No s�bado, muitos moradores de Bar�o de Cocais que participaram do treinamento da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) reclamaram da falta de informes sobre a situa��o do complexo miner�rio. “N�o chegou nada de informa��o para a gente. S� chegou pela imprensa. N�o penso em me mudar de Bar�o de Cocais porque sou criada aqui e perten�o a esta cidade. Mas a falta de informa��o complica para a gente”, disse Maria de F�tima, de 60 anos, ao Estado de Minas. No dia do treino, a Vale realizou uma reuni�o com a popula��o em uma universidade da regi�o. Contudo, pessoas que participaram do evento disseram que os representantes da companhia n�o responderam claramente a muitas perguntas feitas.
Segundo a Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM), o talude se movimentava 10 cent�metros por ano desde 2012, medida aceit�vel para uma cava profunda. Contudo, desde o fim de abril, a velocidade do deslocamento aumentou para cinco cent�metros por dia. Segundo laudos citados pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e pela ANM, se esta acelera��o continuar, o rompimento do talude pode ocorrer at� s�bado.
Para evitar maiores danos � popula��o da Zona Secund�ria de Seguran�a (ZSS) de Bar�o de Cocais – cerca de 6 mil moradores dos bairros Centro, S�o Geraldo, S�o Benedito, Tr�s Moinhos e Vila Regina –, a empresa adotou algumas medidas. Entre elas est� o monitoramento por radar e por uma esta��o rob�tica do talude. O videomonitoramento � feito em tempo real pela sala de controle em Gongo Soco e no Centro de Monitoramento Geot�cnico (CMG). Quatro equipamentos est�o localizados na sala de controle em Gongo Soco e outros dois no CMG. Al�m disso, a mineradora deu in�cio � terraplanagem para construir um muro de concreto a seis quil�metros da represa e posicionar telas met�licas e blocos de granito a jusante da barragem.
ANIMAIS A Vale firmou compromisso com o Minist�rio P�blico de que vai recolher, a pedido dos tutores, animais dom�sticos e silvestres ainda remanescentes nas zonas de Autossalvamento (ZAS) e de Seguran�a Secund�ria (ZSS) da Barragem Sul Superior. Para o recolhimento, o interessado deve acionar a empresa pelo telefone 0800 031 0831. Foi determinado, ainda, que a empresa forne�a provis�o de alimento, �gua e cuidados veterin�rios aos animais que aguardam resgate.
Desde 14 de fevereiro, a mineradora est� obrigada a executar plano de a��o para prote��o � fauna em Bar�o de Cocais. De acordo a decis�o, a empresa ficou obrigada a, entre outras medidas, localizar, resgatar e cuidar dos animais deixados nas �reas de risco, depois da evacua��o dos moradores das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras em 8 de fevereiro.