
Um alento em meio � apreens�o que tomou conta de Bar�o de Cocais, na Regi�o Central do estado, h� mais de uma semana. Na madrugada de ontem, uma pequena por��o do talude norte da Mina de Gongo Soco, administrada pela Vale na cidade, se esfarelou e caiu dentro da cava do complexo miner�rio. De acordo com geot�cnicos da mineradora, a placa que se descolou tem 20 metros de largura por 30 metros de altura.
Apesar do susto, o rolamento de terra n�o impactou a Barragem Sul Superior, em risco iminente de rompimento, o n�vel 3, desde 22 de mar�o, segundo a empresa. A boa not�cia � que a queda de menor propor��o indica que a encosta dever� se desfazer aos poucos, sem maiores abalos que poderiam se propagar at� o barramento em estado cr�tico, ainda de acordo com a mineradora. A dist�ncia entre as duas estruturas em risco � de 1,5 quil�metro.
Segundo o tenente-coronel Fl�vio Godinho, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o que o �rg�o classificou como desplacamento ocorreu por volta das 5h. “Foi um desprendimento de uma parte insignificante, segundo a Vale, que caiu dentro da cava e ali ele foi acondicionado e n�o trouxe nenhuma caracter�stica de gatilho ou poss�vel tremor que viesse a ter consequ�ncias na Barragem Sul Superior”, destacou.
Ainda de acordo com Godinho, o desplacamento n�o altera em nada os trabalhos da Vale e da Defesa Civil, que v�o continuar monitorando tanto o talude quanto a barragem hoje. “Continuam as a��es de monitorar, de acompanhar cada situa��o. J� era previsto que esse talude poderia se romper na sua totalidade ou em partes e isso vem se concretizando a cada dia que aumenta a velocidade do deslocamento”, pontuou o militar. Segundo a Vale, a Mina Gongo Soco � monitorada de forma remota 24 horas por dia, a partir de drones, radares e uma esta��o rob�tica. Esses dois �ltimos s�o capazes de detectar movimenta��es milim�tricas, segundo a Vale.
A cava, que � o local de onde se extraiu o min�rio, tem cerca de 110 metros de profundidade, sendo que a �gua acumulada dos len��is fre�ticos e chuva est� ao n�vel de 50 metros. O pared�o em movimento apresenta in�meras eros�es, trincas e fissuras. Uma boa parte se encontra submersa.
Por meio de nota, a Vale se posicionou sobre a queda de parte do talude. “Esses blocos se acomodaram no fundo da cava. As primeiras avalia��es indicam que o material est� deslizando de forma gradual, o que at� o momento corrobora as estimativas de que o desprendimento do talude dever� ocorrer sem maiores consequ�ncias”, informou a Vale, por meio de nota.
O talude que est� amea�ando ruir tem 10 milh�es de metros c�bicos. Segundo a Cedec, c�lculos dos
engenheiros contratados pela Vale para o monitoramento dessa estrutura mostram que a cava da mina pode comportar duas vezes e meia o volume do pared�o. O pior cen�rio � um descolamento repentino da placa, que pode causar uma onda de choque capaz de fazer com que os rejeitos da Barragem Sul Superior entrem em processo de liquefa��o e o represamento se rompa.
Os cerca de 400 moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) da Mina Gongo Soco foram evacuados em 8 de fevereiro, quando a represa entrou no n�vel 2 de instabilidade. A preocupa��o fica, agora, com a Zona Secund�ria de Seguran�a (ZSS), que j� passou por dois treinamentos de emerg�ncia. Em caso de colapso de Sul Superior, a onda de rejeitos chegaria � ZSS em uma hora e 12 minutos. Al�m disso, um poss�vel desastre tamb�m contaminaria o Rio Doce, j� arrasado pela trag�dia de Mariana, em novembro de 2015.