Preso de maneira preventiva no Complexo Penitenci�rio Nossa Senhora do Carmo, em Carmo do Parana�ba, no Alto Parana�ba, o seguran�a Rudson Arag�o Guimar�es, de 39 anos, respons�vel pela chacina no munic�pio do Noroeste mineiro de Paracatu, h� 11 dias, foi autuado pela Pol�cia Civil por quatro homic�dios duplamente qualificados — por motiva��o torpe e impossibilidade de resist�ncia das v�timas —, e por tentativa de homic�dio com as mesmas qualificadoras. Para a corpora��o, Rudson agiu premeditadamente.
“Ele n�o teve nenhum tipo de surto psic�tico. Durante as dilig�ncias, chegamos � informa��o de que ele teria premeditado o crime. Na noite do fato, ele tinha total no��o da realidade enquanto executava os delitos, e demonstrou muita capacidade e determina��o para os atos criminosos”, declarou a delegada de homic�dios da 2ª Delegacia Regional de Paracatu, Thays Regina Silva.
Se condenado � pena m�xima pelos cinco crimes, Rudson pode pegar pena de at� 150 anos. Apesar da brutalidade dos seus atos, o assassino disse � pol�cia que n�o se recorda de nada da noite da trag�dia, quando matou, com um golpe de canivete no pesco�o, a ex-namorada Helo�sa Vieira Andrade, de 59; e, a tiros, os fi�is Ant�nio Rama, de 67, Ros�ngela Albernaz, de 50, e Marilene Martins de Melo Neves, de 52, dentro da Igreja Batista Shalom.
Rudson foi transferido para o pres�dio a cerca de 250 quil�metros de Paracatu h� oito dias, quando teve a pris�o preventiva decretada. Na decis�o, o juiz Jos� Rubens Borges Matos afirmou que “a periculosidade concreta” do detido impunha a manuten��o da pris�o como “medida de salvaguardar a ordem p�blica”. “Pesaram para a decis�o a necessidade da instru��o criminal, pois a resposta do acusado aos agentes policiais, a an�lise dos seus antecedentes e a execu��o dos crimes indicam que ele poderia voltar a delinquir”, detalhou.
REVOLTA COM PASTOR A Pol�cia Civil confirmou que a motiva��o para as a��es de Rudson foi o atrito entre ele e o pastor da Igreja Batista Shalom, Evandro Rama, de 37. H� dois meses, o assassino perdeu um cargo de lideran�a no templo religioso e foi afastado da igreja pelo pastor. Na noite do massacre, Evandro era o principal alvo de Rudson, mas conseguiu escapar da f�ria do seguran�a.
“Ap�s o afastamento, Rudson passou a atribuir posturas inid�neas ao pastor Evandro, principalmente com mensagens em grupos de WhatsApp compostos por integrantes da igreja. Como os demais participantes do grupo n�o apoiavam as a��es de Rudson, ele foi exclu�do. Isso lhe causou ira, tanto que, na noite do massacre, ele se dirigiu n�o s� ao pastor, mas a todo o grupo da igreja da qual participava”, explicou a delegada.
O assassinato de Helo�sa tamb�m foi influenciado pela desaven�a de Rudson com a igreja. Segundo a delegada, ele n�o gostou de ver que ex-companheira continuou frequentando o templo religioso mesmo ap�s o seu afastamento. “O homic�dio de Helo�sa n�o foi causado por motivos passionais. Ela era bastante atuante na comunidade religiosa, o que pode ter potencializado a raiva do autor dos crimes”. Rudson e Helo�sa namoraram por cerca de sete meses. “Helo�sa gostava muito dele, de fato. Era carinhosa e afetuosa. A todo momento queria ajud�-lo. Infelizmente, foi v�tima de uma revolta”, acrescentou Thays Regina.
ESPERA POR JUSTI�A Com a conclus�o do inqu�rito policial, parentes das v�timas cobram uma resposta r�pida do Poder Judici�rio. “Para mim, a pena deveria ser o mais dura poss�vel. Por conta do que ele (Rudson) fez, a minha vida nunca mais ser� a mesma. O cora��o d�i todos os dias e a vontade de chorar � sempre grande”, lamentou a cozinheira Maria Aparecida Loures, de 57, vi�va de Ant�nio Rama e m�e do pastor Evandro.
Maria Aparecida disse que o filho dela segue internado no Hospital Regional de Paracatu, se recuperando de uma cirurgia — durante a fuga de Rudson, Evandro pulou um muro e fraturou o tornozelo esquerdo. “O pior nem � a dor f�sica. O que entristece � que Evandro n�o superou o que aconteceu. Ele ainda sente muito e quase n�o fala. Mas, diariamente, o visito no hospital para levar um pouco de for�a. Apesar de tudo, temos de seguir em frente”, comentou.
O que diz a lei
Segundo o artigo 121 do C�digo Penal, se o homic�dio � cometido mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo f�til; � trai��o, de emboscada, ou mediante dissimula��o ou outro recurso que dificulte ou torne imposs�vel a defesa do ofendido, a pena prevista � de 12 a 30 anos de reclus�o. O C�digo Penal tamb�m diz que, salvo disposi��o em contr�rio, pune-se a tentativa de homic�dio com a pena correspondente ao crime consumado, diminu�da de um a dois ter�os.