
Aplauso para uma das mais antigas salas de espet�culos do pa�s e, na mesma “grande plateia” de admiradores e defensores do patrim�nio cultural, expectativa para o pr�ximo ato: o t�rmino da restaura��o. O Teatro Municipal de Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, completa amanh� 200 anos, mas s� em setembro as cortinas dever�o se abrir para a festa de reinaugura��o. Com obras iniciadas em outubro de 2016 e valor total da interven��o estimado em R$ 2,6 milh�es – recursos do PAC Cidades Hist�ricas, do governo federal –, o bem tombado desde 1963 pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) recebe, agora, os servi�os finais.
Nos pr�ximos quatro meses – uma das datas prov�veis para reabertura � 19 de setembro, Dia Nacional do Teatro –, a empresa que trabalha no local tem como meta retocar as pinturas externa e interna, trocar as telhas da cobertura, numa �rea de 720 metros quadrados, colocando-se unidades coloniais na cor cer�mica, conforme aprovado pelo Iphan, e concluir a parte el�trica. “Tudo est� sendo feito para manter as caracter�sticas originais da constru��o, incluindo t�cnicas construtivas originais e decora��o em madeira, a fim de preserv�-la ao m�ximo”, afirma a coordenadora do PAC Cidades Hist�ricas em Sabar� pela prefeitura local, arquiteta Milene Cristine Pinto.
Na tarde de ontem, era poss�vel ver os trabalhadores em cena e entregues aos servi�os no teatro em estilo elisabetano, inaugurado em 2 de junho de 1819, chamado originalmente Casa da �pera e localizado na Rua Dom Pedro II, no Centro Hist�rico. A arquiteta Milene explica que no per�odo de restauro houve recupera��o do piso, pois muitos barrotes estavam podres; imuniza��o da madeira, tendo em vista o ataque de cupins; substitui��o do forro de palhinha; restauro de portas e janelas e adequa��o da acessibilidade. Nesse �ltimo aspecto, explica, foram instaladas duas plataformas, tanto no acesso do p�blico como no fundo do palco, para lig�-lo ao camarim.
“Estamos todos, na cidade, ansiosos para a reabertura. Algu�m sempre pergunta que dia o teatro vai abrir, pois h� uma hist�ria muito intensa com Sabar� e Minas. Ele sempre foi palco de arte e cultura e tamb�m de fatos pol�ticos importantes, em especial no per�odo da aboli��o”, diz o pesquisador da hist�ria local Jos� Bouzas. Com experi�ncia por mais de 20 anos como ator – “participei de 22 espet�culos”, orgulha-se –, Bouzas espera que o espa�o volte a fortalecer a cultura de Sabar� e o conv�vio das pessoas. “Num per�odo, funcionou ali o Cine Borba Gato, que deixou casos memor�veis”, afirma Bouzas.
O p�blico ter� � disposi��o banheiros com acessibilidade, da mesma forma que os atores que ocuparem os camarins. De acordo com a assessoria da prefeitura, a administra��o ficar� a cargo da Secretaria Municipal de Cultura, tamb�m respons�vel pela programa��o ao longo do ano. “O Teatro Municipal de Sabar� � uma valiosa edifica��o para a hist�ria de Minas. Sediou grandes momentos das artes no estado, recebendo importantes grupos teatrais desde meados do s�culo 19 e passa agora por uma importante obra de restaura��o promovida pelo Iphan”, afirma o diretor do Departamento de Projetos Especiais do �rg�o, Robson de Almeida,
PANO DE BOCA Quem j� assistiu a um espet�culo no Teatro de Sabar�, com 400 lugares, sabe que o espa�o � obra de arte genu�na, tanto que recebeu a visita dos imperadores dom Pedro I (1798-1834), em 1831, e dom Pedro II (1825-1891), em 1881. Embora sem as cadeiras e ornamentos, em fun��o da pintura, d� gosto ver a sala em forma de ferradura, com vasto palco elevado e �tima visibilidade. Conforme os relatos e pesquisas, h� tr�s andares de camarotes, com detalhes que enriquecem a hist�ria: “As portas de entrada pertenceram � antiga cadeia. A cortina do pano de boca foi pintada pelo conhecido pintor alem�o George Grimm, que veio ao Brasil em 1874 e foi professor por algum tempo na Academia de Belas-Artes, no Rio de Janeiro”.
As pinturas do pano de boca, no entanto, desapareceram com o tempo, lamenta Bouzas.
Nesse ambiente, os oper�rios fazem seu trabalho e os moradores t�m orgulho em dizer que, nesse palco, com “uma das melhores ac�sticas da Am�rica”, se apresentaram artistas renomados, a exemplo de Paulo Gracindo, �tala Nandi, Arthur Moreira Lima, Belchior, Roberto de Regina, Nelson Freire, Clementina de Jesus, Jackson Antunes, Felipe Silvestre, Marco Ant�nio Ara�jo e Maria L�cia Godoy. Placas na entrada indicam reformas em 1970, 1983 e 1996 e informam que, h� 32 anos, a propriedade do pr�dio passou do estado para a prefeitura.
De acordo com as pesquisas, a antiga Casa da �pera de Sabar� � considerada “um dos mais interessantes edif�cios de Minas, principalmente por ser o teatro um programa pouco comum na �poca de abertura”. Em 1831, viveu grandes momentos com a visita do imperador dom Pedro II. Sabe-se que o teatro foi erguido em terreno pertencente ao alferes Francisco da Costa Soares, com a constitui��o de uma sociedade an�nima da qual o povo participou e reuniu recursos para a obra. Diz um documento que “aos poucos, os cotistas propriet�rios do teatro foram doando suas a��es � Santa Casa de Sabar�, que mantinha a maioria das cotas na ocasi�o de seu tombamento em 1963.
Cobran�a de recursos H� pouco mais de dois anos, em 25 de maio de 2017, o Estado de Minas publicou uma mat�ria sobre o atraso na obra do Teatro Municipal de Sabar�, ocasionado, conforme den�ncia da prefeitura, pelo n�o repasse, na �poca, de duas parcelas pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). A medi��o (servi�o conclu�do) feita em mar�o daquele ano e totalizada em R$ 75 mil ainda n�o havia sido paga, mesmo com a vistoria feita pelo Iphan, o que deixava as autoridades municipais preocupadas com o cronograma. O mesmo ocorria com outra parcela de R$ 106 mil, cuja medi��o ocorrera em 19 de maio e ainda estava sem vistoria. T�o logo a reportagem foi publicada, o diretor do Departamento de Projetos Especiais do Iphan, Robson de Almeida, que cuida do PAC, esteve em Sabar� para uma visita t�cnica e a quest�o foi resolvida na sequ�ncia, com prosseguimento da obra.