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Estado de Minas

Distritos de Bar�o de Cocais sentem impacto de obras de barragem

Movimenta��o de caminh�es, tratores e outras m�quinas mudou a realidade de locais acostumados com a tranquilidade da vida no campo


postado em 03/06/2019 06:00 / atualizado em 03/06/2019 07:44

Velocidade de avanço dos trabalhos surpreende moradores de povoados, acostumados a uma rotina pacata que foi alterada pelo vaivém das máquinas(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Velocidade de avan�o dos trabalhos surpreende moradores de povoados, acostumados a uma rotina pacata que foi alterada pelo vaiv�m das m�quinas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Bar�o de Cocais – Aos 63 anos, Jos� Mendes de Carvalho – seu Chico, para os mais pr�ximos – vive no distrito de Cruz dos Peixotos, em Bar�o de Cocais, desde que nasceu. No rancho, que tem partes ainda dentro da mancha de inunda��o da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, ele colhe o pr�prio caf�, planta milho e cuida de dezenas de gatos e c�es, al�m de poucas cabe�as de gado. O dia a dia que era pacato enfrenta, agora, o vai e vem dos caminh�es, tratores e m�quinas que aos poucos avan�am em uma mata vizinha. A poucos metros dali, oper�rios a servi�o da Vale trabalham na escava��o da bacia que ter� a fun��o de conter rejeitos que podem vazar da represa, no mais alto n�vel de alerta desde 22 de mar�o.

Moradores do vilarejo ouvidos pelo Estado de Minas se espantam com a velocidade de avan�o da obra. Ao abrir as portas de casa para a equipe de reportagem, seu Chico serve �gua e caf� e oferece bancos para acomoda��o. Contudo, o tom � de queixa quando o assunto � sair do lugar em que vive, apesar do risco. “A mineradora deveria conversar com a gente primeiro. Sou nascido e criado aqui, e s� saio morto. Tentaram me tirar, mas eu n�o saio. Vou resistir”, garante seu Chico.

Vizinho dele, o tamb�m agricultor Wellerson Ribeiro, de 42, se sente desamparado e se queixa do mandado judicial que permitiu que m�quinas e oper�rios iniciassem trabalhos em propriedades particulares da regi�o. “O complicado � que a comunidade aqui � pouca, n�o d� para mobilizar tanto. Se n�o for Deus, n�o temos chance”, lamenta. Sua casa n�o est� na zona de risco, mas a mudan�a na rotina e a perda dos amigos do distrito de Socorro – evacuado desde 8 de fevereiro, quando n�vel de risco na represa subiu para 2 – mexem com o produtor rural. “Eu vendia um boi e dois porcos por semana. Hoje n�o consigo nada”, reclama.

Uma das maiores preocupa��es no distrito de Cruz dos Peixotos diz respeito ao Rio Santa B�rbara e ao Parque Nacional da Serra do Gandarela, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio). Moradores afirma que houve desmatamento grande na �rea, al�m do risco de contamina��o do manancial.

O povoado fica entre os distritos de Andr� do Mato Dentro e Socorro, todos de Bar�o de Cocais. A interdi��o de Socorro tamb�m representa problemas para quem ficou. “Se romper, nosso maior problema ser� a estrada para ir para Bar�o de Cocais e Santa B�rbara. Teremos que sair por Caet�. Antes pass�vamos por dentro de Socorro”, conta a aposentada Silvane dos Santos, de 47.

O EM entrou em contato com a Vale, mas at� o fechamento desta edi��o a empresa n�o se manifestou sobre as queixas de moradores locais.

DESLOCAMENTO A situa��o do talude norte da Mina de Gongo Soco segue em monitoramento. O �ltimo boletim divulgado pela Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM) indicou que a estrutura se deslocava a 42,4 cent�metros por dia. O dado, registrado na manh� de ontem, supera o �ltimo levantamento, divulgado no s�bado, em 9cm/dia. Para efeito de compara��o, a velocidade aumentou quase 18cm/dia desde sexta-feira, quando uma placa da estrutura, de 600 metros quadrados, se desprendeu.

O pared�o tem cerca de 96 mil metros quadrados. O temor � de que uma queda brusca do talude abale a estrutura da Barragem Sul Superior. Militares da Defesa Civil, da pol�cia e do Corpo de Bombeiros mant�m plant�o no munic�pio para agir em eventual desastre.

A aten��o das autoridades se concentra, principalmente, na chamada zona secund�ria de seguran�a (ZSS), onde vivem 6 mil pessoas. A lama demoraria uma hora e 12 minutos para chegar aos bairros dessa �rea. Esses moradores participaram de dois simulados de emerg�ncia da Defesa Civil estadual. Por�m, mesmo somando as duas a��es, ao menos 800 pessoas da ZSS nunca participaram de treinamento.


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