
Moradores do vilarejo ouvidos pelo Estado de Minas se espantam com a velocidade de avan�o da obra. Ao abrir as portas de casa para a equipe de reportagem, seu Chico serve �gua e caf� e oferece bancos para acomoda��o. Contudo, o tom � de queixa quando o assunto � sair do lugar em que vive, apesar do risco. “A mineradora deveria conversar com a gente primeiro. Sou nascido e criado aqui, e s� saio morto. Tentaram me tirar, mas eu n�o saio. Vou resistir”, garante seu Chico.
Vizinho dele, o tamb�m agricultor Wellerson Ribeiro, de 42, se sente desamparado e se queixa do mandado judicial que permitiu que m�quinas e oper�rios iniciassem trabalhos em propriedades particulares da regi�o. “O complicado � que a comunidade aqui � pouca, n�o d� para mobilizar tanto. Se n�o for Deus, n�o temos chance”, lamenta. Sua casa n�o est� na zona de risco, mas a mudan�a na rotina e a perda dos amigos do distrito de Socorro – evacuado desde 8 de fevereiro, quando n�vel de risco na represa subiu para 2 – mexem com o produtor rural. “Eu vendia um boi e dois porcos por semana. Hoje n�o consigo nada”, reclama.
Uma das maiores preocupa��es no distrito de Cruz dos Peixotos diz respeito ao Rio Santa B�rbara e ao Parque Nacional da Serra do Gandarela, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio). Moradores afirma que houve desmatamento grande na �rea, al�m do risco de contamina��o do manancial.
O povoado fica entre os distritos de Andr� do Mato Dentro e Socorro, todos de Bar�o de Cocais. A interdi��o de Socorro tamb�m representa problemas para quem ficou. “Se romper, nosso maior problema ser� a estrada para ir para Bar�o de Cocais e Santa B�rbara. Teremos que sair por Caet�. Antes pass�vamos por dentro de Socorro”, conta a aposentada Silvane dos Santos, de 47.
O EM entrou em contato com a Vale, mas at� o fechamento desta edi��o a empresa n�o se manifestou sobre as queixas de moradores locais.
DESLOCAMENTO A situa��o do talude norte da Mina de Gongo Soco segue em monitoramento. O �ltimo boletim divulgado pela Ag�ncia Nacional de Minera��o (ANM) indicou que a estrutura se deslocava a 42,4 cent�metros por dia. O dado, registrado na manh� de ontem, supera o �ltimo levantamento, divulgado no s�bado, em 9cm/dia. Para efeito de compara��o, a velocidade aumentou quase 18cm/dia desde sexta-feira, quando uma placa da estrutura, de 600 metros quadrados, se desprendeu.
O pared�o tem cerca de 96 mil metros quadrados. O temor � de que uma queda brusca do talude abale a estrutura da Barragem Sul Superior. Militares da Defesa Civil, da pol�cia e do Corpo de Bombeiros mant�m plant�o no munic�pio para agir em eventual desastre.
A aten��o das autoridades se concentra, principalmente, na chamada zona secund�ria de seguran�a (ZSS), onde vivem 6 mil pessoas. A lama demoraria uma hora e 12 minutos para chegar aos bairros dessa �rea. Esses moradores participaram de dois simulados de emerg�ncia da Defesa Civil estadual. Por�m, mesmo somando as duas a��es, ao menos 800 pessoas da ZSS nunca participaram de treinamento.