
Detalhes de como conseguiu trabalhar por aproximadamente duas horas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) S�o Benedito, em Santa Luzia, na Grande BH, foram dados por G.V.F.C, de 22 anos. O jovem, que n�o � m�dico, se passou por cl�nico geral e atendeu cinco pacientes no �ltimo fim de semana.
Em depoimento, disse que passou a ter interesse na medicina ao passar por um problema de sa�de e deu detalhes de como armou para conseguir trabalhar no posto de sa�de. O plano exp�s um poss�vel erro da prefeitura da cidade. Inicialmente, G. vai responder por exerc�cio ilegal da profiss�o e usurpa��o de fun��o p�blica. Ainda est� sendo apurado se ele colocou risco a sa�de dos pacientes atendidos, o que pode confirmar crimes mais graves. O jovem foi liberado.
O jovem estava sendo procurado desde o �ltimo s�bado, quando conseguiu atender, durante duas horas, na UPA S�o Benedito. No in�cio da tarde desta quarta-feira, G. se apresentou na delegacia de Santa Luzia acompanhado de um advogado. Equipes da Pol�cia Civil, que j� apuravam o caso, j� tinham identificado G. e colhido depoimentos de familiares dele.
Segundo a Delegada Adriana das Neves Rosa, respons�vel pelas investiga��es, o jovem se mostrou frio. “Se mostrou uma pessoa bem fria, calculista. Se apresentou bastante calmo. Ele relata que teve um problema de sa�de recente, e precisou tomar medica��es. A partir da�, teve esse interesse de ingressar na medicina”, contou.
O plano de atuar na UPA de Santa Luzia come�ou com uma simples pesquisa em um site de buscas. De acordo com a delegada, o jovem contou que conseguiu o telefone de um setor da prefeitura e ligou. Ele questionou o nome do funcion�rio que atendeu e, depois da resposta, desligou. Utilizando o nome do trabalhador, ligou na UPA se apresentando como m�dico e oferecendo para atuar nos plant�es.
“Fez contato com a UPA informado que tinha um nome de dois m�dicos que poderiam atuar no plant�o. Esses nomes foram repassados para a pessoa respons�vel, que fez o contato posterior com ele indicando que teria de fato uma plant�o dispon�vel no s�bado. J� indicou o nome da m�dica, por isso que ele sabia que o plant�o era da m�dica espec�fica que iria substituir”, explicou a delegada. “No pr�prio s�bado, fez um contato telef�nico com a UPA. A secret�ria que lhe atendeu disse que n�o teria nenhum nome de m�dico com o nome dele para atuar no local no s�bado. Disse que realmente n�o tinha, pois estava substituindo a m�dica que estava faltosa no dia”, declarou em depoimento.
Apresenta��o de jaleco
Depoimentos de funcion�rios que atuam na UPA mostram que G. chegou no s�bado de jaleco e se apresentou na portaria como m�dico substituto. Ele foi levado para o consult�rio onde atendeu cinco pacientes. Para a delegada Adriana Rosa, os contatos feitos por ele antes de ir ao local, facilitaram para ele conseguir �xito em seu plano. “J� sabia que havia uma m�dica a ser substitu�da. Se passou por uma pessoa da prefeitura, fez este contato com a UPA, teve acesso a estes dados de supostos m�dicos passados por ele. De fato um nome e CRM (registro do Conselho Regional de Medicina) batiam”, disse.
No tempo em que atuou na UPA S�o Benedito, o jovem atendeu cinco pacientes. Funcion�rios contaram, em depoimento, que todos os usu�rios que foram assistidos pelo falso m�dico passaram por uma reavalia��o. No depoimento, o jovem disse que teria tentado fazer atendimentos em uma unidade de sa�de de Belo Horizonte, mas que n�o conseguiu.
Crimes cometidos
As investiga��es seguem em andamento para apurar quais crimes foram cometidos pelo jovem. A princ�pio, ele est� sendo enquadrado nos crimes de exerc�cio ilegal da profiss�o – pena de 15 dias a tr�s meses de pris�o ou multa – e usurpa��o de fun��o p�blica – pena de dois a cinco anos de pris�o, e multa. “Ainda temos que averiguar se a atua��o dele levou riscos aos pacientes que teve contato, seja de sa�de ou de morte”, comentou a delegada.
Os policiais tamb�m investigam se houve algum erro de funcion�rios da prefeitura. “A facilita��o e a falta de cuidado e controle no centro de sa�de e na prefeitura, est�o sendo apurados”, indicou Adriana Rosa.
Por meio de nota, a Prefeitura de Santa Luzia informou que est� acompanhando a investiga��o e que aguarda a conclus�o do inqu�rito policial para se pronunciar. “Esclarecemos ainda que n�o se trata de qualquer pessoa ligada � administra��o municipal. O falso m�dico negou que teve acesso facilitado por ajuda de funcion�rios do local, e disse que agiu sozinho na farsa, ludibriando funcion�rios com falsas hist�rias, sendo descoberto logo em seguida”, finalizou.
Sobre o depoimento do jovem em que ele diz que tentou atuar em uma UPA da capital mineira, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou que todos os profissionais da sa�de, que t�m interesse em fazer parte do quadro de servidores da administra��o municipal, precisam cadastrar seus dados em um banco de curr�culos disponibilizado no Portal PBH. “Ap�s a sele��o, o candidato passa por entrevista presencial e deve apresentar documentos que comprovem sua forma��o, tais como diploma de especialidade, registro de qualifica��o de especialista, comprovante de endere�o, entre outros”, finalizou.