postado em 19/06/2019 06:00 / atualizado em 19/06/2019 14:01
Em Contagem, que enfrenta surto e j� confirmou quatro mortes, prefeitura adota recomenda��o de aplicar carrapaticida em animais (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Feriad�o chegando e malas prontas para a viagem... Se o destino � o campo, � bom levar na bagagem uma s�rie de cuidados para evitar a mais nova amea�a no quesito sa�de: a febre maculosa. Contra a doen�a, a chave � a preven��o. Sem repelentes considerados totalmente eficazes contra o carrapato, profissionais da �rea alertam para medidas simples, relacionadas ao uso de roupas e cuidado com o corpo, capazes de barrar a a��o do parasita.
“Carrapato fica em �rea pouco habitada, ou seja, no mato. Quem vai passear nessas �reas no feriado ou fazer trilha deve tomar cuidado. Usar blusas de manga longa, cal�a, botas, p�r a barra da cal�a para dentro do cal�ado e lacrar com fita adesiva para evitar a entrada de carrapatos. De tempos em tempos, inspecionar para ver se n�o h� nenhum grudado no corpo”, avisa o farmac�utico bioqu�mico e gerente-t�cnico do Laborat�rio Lustosa, Adriano Basques. Por ser um pouco maior que os carrapatos comuns em c�es, por exemplo, o carrapato-estrela, vetor mais comum da maculosa, � mais f�cil de ser visto. “A prote��o � cobrir a �rea exposta e usar roupas claras, para facilitar a visualiza��o”, adverte. Ele lembra que a maculosa n�o passa de pessoa para pessoa. � preciso ser picado pelo parasita infectado.
Embora mais comum no carrapato-estrela, qualquer carrapato pode transmitir a febre maculosa. Eles permanecem infectados durante toda a vida, em geral, de 18 a 36 meses. De acordo com o Guia de Vigil�ncia em Sa�de, do Minist�rio da Sa�de, equinos, roedores (como a capivara) e marsupiais (como o gamb�) t�m importante participa��o no ciclo de transmiss�o da febre maculosa. H� estudos recentes sobre o envolvimento desses animais como amplificadores da doen�a, assim como transportadores de carrapatos potencialmente infectados. Tamb�m s�o hospedeiros gado, coelho e c�es.
O professor de medicina do Centro Universit�rio UNI-BH Ricardo Fontes, infectologista do Hospital Eduardo de Menezes, ressalta que a prote��o mec�nica acaba sendo melhor que a qu�mica no caso dos carrapatos. “Repelentes que usamos contra mosquitos d�o prote��o parcial. Embora os carrapatos n�o gostem muito, eles n�o s�o completamente eficazes”, destaca. “� muito dif�cil ter a doen�a se o carrapato n�o ficar grudado por per�odo de seis a oito horas. Por isso, � muito importante a confer�ncia regular do corpo. O contato com o parasita precisa ser prolongado para inocular quantidade suficiente da bact�ria para contamina��o.”
O m�dico alerta que no corpo os locais prediletos dos carrapatos s�o partes onde eles ficam mais apertados e, por isso, podem grudar mais: �reas onde pegam cinto, meia e roupas �ntimas, atr�s do joelho e orelha, no umbigo e debaixo do bra�o. “O micuim (parasita em suas fases mais jovens), cuja maior parte � de carrapato-estrela, � arrancado com qualquer esfregada mais forte no banho”, diz Fontes.
�POCA DE RISCO Minas Gerais � um estado end�mico para a febre maculosa, ou seja, a doen�a � comum e pode ocorrer durante todo o ano. Nos per�odos mais secos, de abril a outubro, os casos da doen�a tendem a aumentar. At� ontem, de acordo com a Secretaria de Estado de Sa�de, foram confirmados 15 casos da doen�a em Minas, dos quais sete resultaram em �bitos (46,7% de letalidade). As mortes ocorreram nos munic�pios de Contagem (quatro) – que vive surto da doen�a, com 48 casos suspeitos e seis confirmados –, Belo Vale, Faria Lemos e Raul Soares.
Ricardo Fontes explica que n�o � comum ter os eventos como o deste ano: a concomit�ncia de doen�as transmitidas por mosquito, como dengue e zika, e por carrapato. As primeiras s�o dependentes de chuva e a maior parte dos mosquitos tem atividades inibidas no frio. J� o carrapato fica na natureza e a chuva atrapalha seu ciclo. “Este ano tivemos um prolongamento do per�odo chuvoso, o que fez mudar a situa��o”, diz.