Pegue pitadas generosas de eventos recheados de receitas para atrair toda a sorte de paladares; acrescente por��es fartas de recursos que fazem crescer a economia; misture tudo em um caldeir�o que re�ne e sintetiza a rica diversidade da culin�ria mineira. Leve a Paris e espere o resultado. No �ltimo dia do prazo para que cada cidade postulante ao t�tulo de Cidade Criativa da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) envie � capital francesa a defesa de sua candidatura, o Estado de Minas revela com exclusividade o conte�do do dossi� entregue pela capital mineira, que concorre com Aracaju, Fortaleza e Cataguases a uma das duas vagas do pa�s na disputa.
Para conquistar o t�tulo, a capital mineira aposta na mescla dos mais de 70 festivais que s�o realizados na cidade anualmente, na “cultura de boteco” e na import�ncia da cadeia produtiva que gera mais de 54 mil postos de trabalho, movimentando algo em torno de R$ 4,5 bilh�es por ano. Outro trunfo � o fato de sintetizar os territ�rios gastron�micos de Minas. O documento que re�ne esses ingredientes foi constru�do tendo como base a hist�ria da cidade e da gastronomia, as pol�ticas p�blicas do setor, a cadeia produtiva e a governan�a. A etapa final da disputa prev� a an�lise dos dossi�s, com as principais caracter�sticas de cada postulante, que ser�o analisados em Paris, sede da Unesco.
De acordo com o presidente da Belotur, Gilberto Castro, a cidade cria harmonia perfeita de tradi��o, hist�ria, singularidade, versatilidade, inclus�o e sustentabilidade nas artes culin�rias, consolidando-se a cada dia como cidade criativa da gastronomia. O documento de BH procura destacar a criatividade e talento gastron�mico do mineiro, valorizando os ingredientes regionais.
Tudo isso est� refletido nos card�pios dos botecos aos restaurantes especializados. “Belo Horizonte concorreu ao t�tulo de Cidade Criativa, h� dois anos. No entanto, na �poca, os setores p�bico e privado n�o estavam com integra��o como conseguimos desta vez. Juntos somos mais fortes. Vamos trabalhar em conjunto e de m�os dadas”, afirma o presidente da Associa��o de Bares e Restaurantes (Abrasel) e da Frente Mineira da Gastronomia, Ricardo Rodrigues.
O dossi� apresenta dados econ�micos, em especial os relacionados � gastronomia, aspectos culturais e as pol�ticas de inclus�o – tendo a gastronomia como intermedi�ria. Orgulhosa do t�tulo de capital brasileira dos botecos, BH re�ne o maior n�mero de bares e restaurantes por habitante do Brasil. S�o 18,6 mil neg�cios, em mais de 10 polos gastron�micos cidade afora. A capital concentra mais de 30% dos trabalhadores do setor criativo de Minas, ocupando o terceiro lugar no ranking nacional, com maior n�mero de profissionais trabalhando em atividades do g�nero.
De acordo com dados da Abrasel, h� 45.662 empresas do segmento de alimenta��o, movimentando bilh�es. A gastronomia responde por quase 40% do mercado da economia criativa, com cerca de 54 mil postos de trabalho. O dossi� aponta ainda que existem mais de 21 mil pessoas empregadas no setor, cerca de 25% do total de todo o estado nessa atividade.
PRATO DE ENTRADA A hist�ria da Belo Horizonte, bem como as caracter�sticas, tradi��o e peculiaridades da gastronomia, s�o apresentadas na primeira parte do dossi�. O documento se concentra na conex�o da capital com a gastronomia, destacando que, antes mesmo da funda��o, ainda no ano 1701, a localidade abrigava fazenda que abastecia as �reas mineradoras do estado – a Fazenda Cercado, que, posteriormente, deu lugar ao Arraial do Curral del-Rei.
Foram apresentados ainda os principais pratos e ingredientes, eventos e festivais e caracter�sticas belo-horizontinas, com �nfase para a cultura de boteco. O dossi� ainda tem a fun��o de apresentar o trabalho feito pelos setores p�blico e privado em apoio ao desenvolvimento do segmento.
Um trunfo com que a candidatura conta s�o as pol�ticas de seguran�a alimentar e nutricional, geridas pela Subsecretaria de Seguran�a Alimentar da Prefeitura de Belo Horizonte. Nessa linha, o documento defende que a cultura gastron�mica da cidade vai muito al�m do p�o de queijo e outros estere�tipos a ela associados. O poder p�blico se apresenta como agente que implanta um sistema que garanta acesso ao alimento e fomente a produ��o, a comercializa��o e o consumo de produtos agroecol�gicos.
TEMPERO SALPICADO PELO MUNDO AFORA
O dossi� destaca tamb�m a culin�ria t�pica de Minas Gerais, com pratos elaborados e saborosos, como o feij�o-tropeiro. Ao apresentar os pratos t�picos, estabelece a rela��o entre a culin�ria e a hist�ria de diferentes povos que ocuparam o territ�rio.
As influ�ncias dos colonizadores portugueses, dos africanos e dos ind�genas dando origem a uma culin�ria que tem um p� no quintal, com pratos elaborados feitos � base de ingredientes simples, como mandioca, feij�o, milho, verduras, frango e porco. O dossi� destaca ainda que a cozinha mineira � autoral e reflete a cultura e os saberes de seu povo. E destaca: de t�o singular, a culin�ria mineira � replicada em v�rios estabelecimentos “tipicamente mineiros” pelo Brasil e pelo mundo afora.
Foram quantificados no levantamento mais de 70 festivais e eventos anuais de gastronomia abertos ao p�blico, como o precursor Comida di Buteco, o Botecar ou o de Bar em Bar, festivais que exaltam a cultura do boteco, tipicamente belo-horizontina, e j� s�o replicados em v�rias partes do pa�s. BH p�e � mesa em Paris ainda eventos como o Festival Internacional de Cerveja e Cultura (FICC), o maior evento de cervejas artesanais do estado, ou o Circuito Gastron�mico de Favelas, que coloca como protagonistas os cozinheiros de 10 comunidades vulner�veis.
No card�pio convivem ainda a Semana da Gastronomia Mineira, que celebra os pratos t�picos, e as festas de diversas culturas. Sem contar eventos que descentralizam a cultura gastron�mica e celebram os ingredientes belo-horizontinos, como Restaurant Week, Brasil Sabor, Festival Fartura, Festival do Queijo Minas Artesanal, Circuito Gastron�mico da Pampulha e Circuito Sapuca� de Gastronomia.