
Na maior e mais longa opera��o de resgate do pa�s – 162 dias ininterruptos – o cruzamento de dados tem sido o principal aliado nas buscas pelas v�timas ainda desaparecidas na trag�dia de Brumadinho. O trabalho de intelig�ncia, que avalia informa��es referentes � localiza��o de pessoas antes do rompimento da Barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o e at� mesmo objetos de posse delas tem sido efetivo, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara. Prova disso � que mais uma v�tima foi identificada pelo Instituto M�dico-Legal (IML), reduzindo de 24 para 23 o n�mero de desaparecidos. Trata-se de Carlos Roberto Pereira.
De acordo com a Pol�cia Civil, os trabalhos come�aram imediatamente ap�s a chegada do corpo ao IML. Na ocasi�o, constatou-se a inexist�ncia de impress�es digitais vi�veis. Material para compara��o de DNA foi coletado e enviado para o laborat�rio do Instituto de Criminal�stica para an�lise priorit�ria. Simultaneamente, a equipe da Odontologia-Legal do IML trabalhava para o reconhecimento. As informa��es completas ser�o repassadas em coletiva � imprensa na manh� de hoje.
O tenente Aihara explicou, em coletiva na tarde de ontem, antes da identifica��o ter sido conclu�da � que a suspeita � de que o homem localizado seja funcion�rio de uma empresa terceirizada da Vale. O corpo foi encontrado a oito metros de profundidade, na �rea de Remanso 1, totalmente tomada pela lama, localizada na lateral de onde ficava o centro administrativo, o terminal de cargas ferrovi�rio e pr�ximo ainda � �rea de opera��o de maquin�rio. O corpo est� sem um membro inferior, mas com o restante da estrutura �ntegra. No bolso da cal�a estava um documento de identidade, cujo nome coincide com um dos desaparecidos.
“Em Brumadinho tem ocorrido o fen�meno da saponifica��o, que depende do local onde est�o. Onde n�o h� presen�a de oxig�nio, em profundidade alta, onde h� concentra��o de min�rio que vai secar completamente, a decomposi��o fica prejudicada”, explica. “Ao contr�rio, com mais umidade, em lugar menos profundo, decomp�e mais”, completa.
O n�vel de intelig�ncia da opera��o permite saber o local exato em que cada uma das 23 v�timas que precisam ainda ser localizadas estava para tra�ar o local prov�vel de encontr�-las. “Por isso, a cada dia estamos mais pr�ximos de localizar todas as v�timas que ainda est�o desaparecidas”, ressalta o tenente Aihara. No mapa dos Bombeiros, cores diferenciam o ponto onde elas se encontravam antes do rompimento, pessoas ou segmentos de pessoas encontradas pr�ximas e segmentos ainda n�o identificados. Tamb�m j� se sabe quais pertences pessoais cada uma usava, de crach�s a roupas, que podem ser pistas de localiza��o e identifica��o. “Comparamos o local inicial, onde pessoas foram encontradas, com o fluxo de lama”, afirma. Muitos desses segmentos ou todos podem pertencer a v�timas j� identificadas.
O maquin�rio pesado continua em a��o. Os rejeitos s�o retirados e levados para �rea de descarte, onde � novamente verificado, inclusive por c�es farejadores. Em m�dia, s�o feitas tr�s verifica��es, para garantir que n�o haja segmento em nenhum manejo. “Se fosse uma busca sistem�tica, sem crit�rios, demorar�amos dois anos para fazer o que j� cobrimos”, diz. Est� sendo vasculhada uma �rea de 10 quil�metros lineares, ou 4 milh�es de metros quadrados. Ao todo, 91% dos corpos j� foram localizados.
Pedro Aihara evita falar em prazos. “� complicado dar uma previs�o. Em est�gios anteriores da nossa atua��o, para cada 10 ou 15 segmentos em m�dia tinha uma nova identifica��o. Mas, como (a busca) est� em fase avan�ada, podemos achar v�rios segmentos de uma mesma v�tima”, afirma. Dos 678 corpos ou segmentos, 136 permanecem sem identifica��o. “Trabalhamos sem expectativa de que os segmentos ainda a serem identificados sejam de desaparecidos.”