Enfim, BR-381 ter� pistas duplas liberadas; conhe�a os trechos

Depois de cinco anos de obras e intermin�veis transtornos gerados diariamente em forma de congestionamentos quilom�tricos, acidentes, falta de sinaliza��o, asfalto deteriorado, entre outros problemas, o governo federal promete entregar 66 quil�metros duplicados da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, at� 31 de dezembro. Apesar de em alguns trechos as novas vias de concreto j� estarem prontas, ainda n�o foi liberada a circula��o em nenhuma com a configura��o de pista dupla. A entrega prometida at� o fim do ano corresponde a 21,63% dos 305 quil�metros distribu�dos em 11 lotes de obras, dos quais apenas quatro sa�ram do papel. Para os motoristas e tamb�m para o Movimento Nova 381, essa quantidade de quil�metros liberados vai ajudar na rotina complicada da rodovia, mas s� a duplica��o total ser� capaz de mudar a realidade do trecho, que � considerado um dos mais importantes eixos de transporte de carga e de passageiros de todo o Brasil. O passo seguinte ser� a privatiza��o dos outros trechos do projeto.

 

O an�ncio da entrega das obras foi feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e tamb�m reproduzido em redes sociais do Minist�rio da Infraestrutura. De acordo com os dois �rg�os, os 66 quil�metros se referem aos lotes 3.1, 3.2, 3.3 e 7 da obra de duplica��o. Os tr�s primeiros est�o entre Jaguara�u e Ant�nio Dias e incluem dois t�neis, conclu�dos desde 2015. Segundo o DNIT, nesse segmento est�o 11 quil�metros, entre os Kms 303 e 314, que ser�o liberados nos pr�ximos dias. Mas essa libera��o ainda n�o significa tr�nsito em pista dupla. O tr�fego atual ser� desviado para as novas faixas constru�das de concreto, mantendo a configura��o de m�o dupla em pista simples. A partir dessa libera��o, a construtora vai modernizar as faixas por onde flui o tr�nsito atual para, depois disso, liberar os primeiros quil�metros da 381 em pista dupla desde o in�cio das obras. Al�m disso, ser�o entregues quatro quil�metros de pista dupla nova entre os quil�metros 298 e 302 e que est�o antes desse trecho conhecido como bin�rio novo.

 

O consultor do Movimento Nova 381, entidade empresarial que acompanha de perto toda a mobiliza��o em torno das obras, Cl�udio Veras, diz que alguns ajustes referentes � energia el�trica e vistoria do Corpo de Bombeiros nos dois t�neis que integram esse segmento s�o os �ltimos entraves para a libera��o. Depois disso, outros 19,7 quil�metros ser�o conclu�dos no mesmo lote 3.1, entre Jaguara�u e Nova Era. A expectativa � que esse peda�o fique pronto at� outubro. J� os 37,5 quil�metros do lote 7, pertencentes aos munic�pios de Itabira, Bom Jesus do Amparo, Nova Uni�o, Taquara�u de Minas e Caet�, ficam para 31 de dezembro.

 

“O DNIT entrou em acordo com a construtora no caso do lote 7 para que sejam concentrados esfor�os para liberar os trechos efetivamente duplicados”, diz Cl�udio Veras. Ele se refere ao segmento que mais tira a paci�ncia dos motoristas, principalmente entre Caet� e Nova Uni�o, onde motoristas percebem diariamente a presen�a das novas pistas de concreto, mas ainda n�o podem usufruir de um tr�nsito em pista dupla. A reportagem do EM gastou 2h30min para percorrer um trecho de 40 quil�metros da rodovia. Acidentes e a lentid�o normal trazida pelas obras dificultaram bastante a vida de quem precisou passar ontem pela rodovia.

Dificuldades

“O que posso dizer � que tenho um sentimento de indigna��o total sobre estas obras. Al�m disso, ainda temos que conviver com muitos buracos entre Jo�o Monlevade e Belo Horizonte”, diz a enfermeira Carmen dos Santos, de 44 anos, que usa a 381 de 15 em 15 dias. O motorista Ronieli Marques, de 27, costuma usar a rodovia para a viagem entre BH e Inhapim, no Vale do Rio Doce, e em um dos �ltimos trajetos gastou 13 horas para percorrer 280 quil�metros. “Pelo que vejo de obras, acho que � poss�vel liberar os 66 quil�metros at� dezembro. Mas j� era para essa rodovia estar 100% duplicada, a corrup��o levou dinheiro demais da 381”, diz ele.

 

Tamb�m motorista, Bruno Eduardo Morais, de 40, diz que todo dia enfrenta filas quando pega a 381. “Tem hora que vem desde o trevo de Caet� at� a barreira da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). Qualquer coisa que liberar duplicado j� vai ajudar, n�o tem condi��o uma rodovia dessa, que al�m de tudo ainda � muito perigosa”, diz ele. Cl�udio Veras, consultor do Movimento Nova 381, diz que a libera��o dos 66 quil�metros ajuda, mas somente a duplica��o de todo o trecho entre BH e Valadares resolve o problema da rodovia por onde passa boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais. “A parte mais cr�tica � entre Belo Horizonte e Jo�o Monlevade. Nesse sentido, a duplica��o do lote 7 � muito importante, principalmente pela quest�o da seguran�a, mas ainda faltaram outros lotes”, diz ele, que cita como exemplos o 8A e o 8B.

Equil�brio

O consultor analisa que de acordo com as sinaliza��es que t�m sido divulgadas pelo Pal�cio do Planalto o caminho para o qual o governo federal aponta � o da conclus�o das obras de duplica��o dos lotes 3.1 e 7 para conceder o restante da rodovia � iniciativa privada. O governo j� prepara edi��o nesse sentido. Veras demonstra preocupa��o com duas quest�es. Uma delas � estabelecer um equil�brio entre o retorno econ�mico para a empresa que porventura assumir a rodovia e o benef�cio para os usu�rios, uma vez que as obras podem impor um valor muito alto de ped�gio para garantir o retorno necess�rio � iniciativa privada.

 

Outra preocupa��o � repetir o modelo visto atualmente com as rodovias da terceira fase de concess�es rodovi�rias no Brasil, como a 040, 262 e 153. Nesses tr�s casos, cinco anos depois que as empresas assumiram as concess�es, 100% das obras de duplica��o deveriam estar prontas, mas as duplica��es ficaram restritas aos 10% previstos nos contratos para autorizar a cobran�a de ped�gio. Os motoristas, ent�o, pagam as tarifas sem usufruir das amplia��es de capacidade. “Sem d�vida, dessa forma seria muito complicado. Por enquanto, o que temos s�o sinaliza��es. Vamos aguardar as audi�ncias p�blicas para ver qual ser� a proposta e conhecer realmente o modelo”, completa Veras.