(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

'Se pega no pesco�o, mata meu filho': diz pai de estudante ferido por linha chilena

Adolescente que sonha ser jogador de futebol luta contra risco de amputa��o de perna atingida por linha cortante. Perigo do material, proibido, cresce nesta �poca de ventos fortes e f�rias


postado em 23/07/2019 06:00 / atualizado em 23/07/2019 08:07

Brincadeira eternizada por gerações pode se tornar letal com uso de linhas cortantes. Neste ano, HPS já atendeu 19 vítimas, 13 apenas no mês passado(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Brincadeira eternizada por gera��es pode se tornar letal com uso de linhas cortantes. Neste ano, HPS j� atendeu 19 v�timas, 13 apenas no m�s passado (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)
“Essa linha � uma arma letal. Se pega no pesco�o, mata meu filho.” O desabafo � do comerciante Amilton do Nascimento, de 46 anos, pai de Gabriel Lucas, de 15, atingido por uma linha chilena quando caminhava na cal�ada em Betim, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Apesar do socorro e dos esfor�os da equipe m�dica, os ferimentos ainda podem causar a amputa��o de uma das pernas do adolescente, que tem o sonho de ser jogador de futebol. O drama da fam�lia de Gabriel � mais uma demonstra��o de como a irresponsabilidade faz com que uma brincadeira antiga, passada de gera��o a gera��o, se torne potencialmente letal. Uma amea�a que aumenta exponencialmente nesta �poca do ano, que une condi��es clim�ticas favor�veis, com ventos fortes, e temporada de f�rias escolares.

O incidente com o estudante Gabriel foi o segundo caso grave em apenas tr�s dias envolvendo linhas cortantes no estado. O mais recente aconteceu em Varginha, no Sul de Minas, na tarde de ontem, quando um menino sofreu cortes profundos nos dois membros inferiores quando caminhava com o pai pela cal�ada. Somente nos primeiros seis meses deste ano, o Hospital Jo�o XXIII, refer�ncia em urg�ncia e emerg�ncia da capital, atendeu 61,9% do total de casos registrados em todo o ano de 2018. Considerado crime, o uso do material cortante levou para a unidade 19 feridos, 13 deles s� no m�s de junho.

No caso mais grave registrado nos �ltimos dias na Grande BH, o rel�gio marcava entre 11h e 12h de s�bado. Gabriel tinha acabado de jogar futebol, esporte de que mais gosta. Passou em uma borracharia para consertar o pneu da bicicleta, que havia furado, e voltava para casa a p�. Enquanto caminhava pela cal�ada, foi surpreendido por uma linha cortante que se prendeu em uma van e o atingiu. “La�ou as duas pernas dele. Na esquerda, cortou os nervos”, conta o pai do adolescente. “A sorte � que dois rapazes e uma mulher deram o socorro e conseguiram estancar o sangramento. Sen�o, ele tinha morrido. Perdeu muito sangue”, completou Amilton.

O adolescente foi levado pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) para o Hospital Regional de Betim, onde passou por dois procedimentos – uma cirurgia de revasculariza��o e um procedimento cir�rgico de fasciotomia, que ajuda a tratar a perda de circula��o em uma �rea de tecido ou m�sculo. O jovem teve les�es nas art�rias e nas veias da perna esquerda. A necessidade de amputa��o ainda n�o foi descartada. “Uma equipe m�dica vai fazer uma nova avalia��o hoje. Se Deus quiser, n�o vai precisar”, disse o comerciante.

Amilton afirma que o sonho do filho � virar atleta de futebol. Inclusive, o estudante tinha um teste marcado em um time de Betim. “Ele est� muito s�rio, com o semblante triste, angustiado. O sonho dele � ser jogador. Estava diante da possibilidade de jogar em um time de Betim”, comentou. “Essa linha � uma arma letal. Foi com meu filho, mas pode acontecer com qualquer outra pessoa. Tem que ter responsabilidade. Se pega no pesco�o, mata o menino”, desabafou.

Dois dias depois do caso de Gabriel, outro estudante ficou gravemente ferido. Ontem, um adolescente de 13 anos caminhava com o pai na cal�ada, no Bairro Vila Barcelona, em Varginha, quando teve a perna atingida por uma linha chilena. Testemunhas contaram que o material se enroscou em uma moto, que o arrastou. O garoto recebeu os primeiros atendimentos de um enfermeiro que presenciou o incidente e fez uma atadura nos ferimentos. Militares o levaram para o pronto-socorro da cidade.  Segundo o Corpo de Bombeiros, pr�ximo ao local aonde o garoto se feriu, v�rias crian�as e adolescentes empinavam papagaios e pipas fazendo uso de cerol e linha chilena. Um menino, de 11 anos, que seria o dono do material que atingiu a v�tima, foi identificado. A Pol�cia Militar foi acionada.

SEQUELAS Casos de pessoas feridas por cerol ou linha chilena aumentam na �poca de f�rias escolares. Somente no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, nos primeiros seis meses deste ano, 19 pessoas foram atendidas depois de sofrer cortes pelo corpo. Somente no m�s passado, 13 v�timas foram encaminhadas para a unidade de sa�de. Em 2018, 31 pacientes receberam cuidados m�dicos no local pelo mesmo motivo.

O cirurgi�o-geral e do trauma do hospital, R�mulo Souki, ressalta que as pessoas podem ter sequelas devido aos ferimentos por linhas cortantes. “Os casos aumentam nesta �poca do ano. Normalmente, as pessoas sofrem les�es profundas na regi�o cervical, que podem atingir as vias a�reas, a cabe�a. Se pegar no membro superior, por exemplo no b�ceps, pode provocar hemorragia”, explicou.

Segundo ele, os ferimentos provocados por linha chilena s�o ainda mais graves, devido ao material empregado na produ��o. “Ela tem mais resist�ncia, n�o arrebenta f�cil. Ent�o, dependendo da velocidade com que atinge a v�tima, os ferimentos s�o mais profundos e mais graves”, afirmou Souki.
 

M�dia de mortes por linhas � alta


Levantamento feito pelo Estado de Minas, mostrou que de 2009 at� 2018, o uso do cerol ou da linha chilena fez com que a Grande BH registrasse pelo menos nove mortes, m�dia de uma por ano. Neste ano, outros acidentes com o uso do material foram registrados. Em mar�o, um piloto de paraglider motorizado fazia um voo em Varginha, no Sul de Minas, quando o aparelho foi atingido pelo material cortante. O homem caiu em um local de dif�cil acesso e foi encaminhado para o hospital.


O que diz a lei

Empinar pipas com cerol j� � proibido em Belo Horizonte h� 22 anos. Mas, desde o fim do ano passado, o uso da linha chilena tamb�m foi inclu�do na legisla��o. O prefeito Alexandre Kalil (PHS) sancionou a Lei 11.125 que estipula multa de R$ 2 mil para quem for flagrado usando o material. A legisla��o, que foi proposta pelo vereador H�lio da Farm�cia (PSD), pro�be o armazenamento, a comercializa��o, a distribui��o e o manuseio de linha chilena e de linhas utilizadas para soltura de pipas, papagaios e similares que contenham produto ou subst�ncia de efeito cortante. Na capital mineira, a Lei 7.189 proibia o uso de cerol desde 1996. 

Por meio de nota, a Pol�cia Militar de Minas Gerais informou que est� alerta para o uso do cerol e linha chilena que a corpora��o faz opera��es constantes nesse sentido. Leia na �ntegra:

"A Pol�cia Militar de Minas Gerais se mante%u0301m atenta e alerta com relac%u0327a%u0303o ao feno%u0302meno que envolve o uso proibido de linhas cortantes, como linhas de cerol e chilena, trabalhando, ininterruptamente, para garantir seguranc%u0327a do povo mineiro, onde uma pra%u0301tica ili%u0301cita e considerada “brincadeira”, pode vitimar, gravemente, e resultar, ate%u0301 mesmo, na perda de uma vida. 

Embora a legislac%u0327a%u0303o determine que somente motociclistas profissionais utilizem a “antena corta pipa”, a Poli%u0301cia Militar orienta que todos condutores de motocicletas, ainda que na%u0303o profissionais, utilizem ao menos uma antena, para pro%u0301pria seguranc%u0327a.

Ressalta-se que a pessoa flagrada utilizando linha cortante pode pagar multa e sofrer sanc%u0327o%u0303es penais. 

A conscientizac%u0327a%u0303o sobre periculosidade do uso de linha de cortante, seja de cerol ou chilena, e%u0301 fundamental. Operac%u0327o%u0303es e abordagens policiais sa%u0303o realizadas constantemente, visando a%u0300 prevenc%u0327a%u0303o e a preservac%u0327a%u0303o da vida e da incolumidade fi%u0301sica das pessoas. 

No mais, a Poli%u0301cia Militar continua trabalhando para solucionar as questo%u0303es de Seguranc%u0327a Pu%u0301blica e coibir a pra%u0301tica infrac%u0327o%u0303es."

Ventos aumentam e temperatura cai

Frio com vista para BH: Lilian e Leandro não se assustaram com a temperatura e curtiram fim de tarde em rede na Praça do Papa(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Frio com vista para BH: Lilian e Leandro n�o se assustaram com a temperatura e curtiram fim de tarde em rede na Pra�a do Papa (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)

Os mesmos ventos fortes que sustentam no ar papagaios de todas as cores, aumentando o risco de acidentes com linhas cortantes, colaboram para que o frio n�o d� tr�gua aos moradores de Belo Horizonte. A temperatura m�nima na capital mineira ontem foi de 12,1° C. Com a ventania, especialmente em regi�es mais altas da cidade, a sensa��o t�rmica foi ainda menor. A previs�o, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), � de eleva��o gradual na temperatura ao longo desta semana, com m�xima chegando a 26°C at� a pr�xima sexta-feira.

H� ao menos duas semanas, as baixas temperaturas v�m castigando a capital mineira, inclusive com temperaturas ficando abaixo dos 10°C. Ontem, a m�nima de 12,1°C foi registrada na Esta��o Cercadinho, na Regi�o Centro-Sul de BH. No ponto de medi��o do Bairro Santo Agostinho, na mesma regi�o, a marca mais baixa ficou em 15,3°C e, na Pampulha, em 14,5°C. A cobertura de nuvens no in�cio da manh� sobre a cidade tamb�m ajudou a derrubar a sensa��o t�rmica.

Nada que desanime, por�m, quem n�o se assusta com o frio, como Lilian Mara, de 37 anos, e Leandro Lemos, de 26, que curtiam ontem, em uma rede armada em Plena Pra�a do Papa, no Bairro Mangabeiras, Centro-Sul de BH, o fim de tarde gelado. De toda forma, seja nas regi�es mais altas, com vista privilegiada de BH, como a apreciada pela dupla, seja no Centro da capital, com os term�metros em queda, agasalhos continuam sendo acess�rios indispens�veis.

O meteorologista Jorge Moreira, do Inmet, prev� o aumento gradual de temperatura ao longo da semana. “Em Belo Horizonte, a m�xima deve se elevar. Nesta ter�a-feira (hoje), deve ficar em 24°C; na quarta, em 25°C, e na quinta, em 26°C, o que deve se manter na sexta”, disse. A m�nima deve oscilar entre 12°C e 13°C.

O especialista ressalta que durante a noite o frio deve continuar, como � comum nesta �poca do ano. Mesmo assim, afirma que n�o h� previs�o de massa de ar frio atuando em Minas Gerais nesta semana. No interior, a temperatura tamb�m deve aumentar gradualmente, com m�ximas entre 33°C e 34°C e m�nimas entre 7°C e 9°C.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)