Institui��o filantr�pica de Carangola vence corrida contra infec��o hospitalar na UTI
Integrante de plano do Minist�rio da Sa�de para controlar riscos, Casa de Caridade de Carangola, que tem 90% dos leitos dedicados ao SUS e � refer�ncia na Zona da Mata, adianta meta ao completar nove meses sem nenhum caso de contamina��o de pacientes
postado em 24/07/2019 06:00 / atualizado em 24/07/2019 08:16
Profissionais da institui��o discutem controle da UTI da Santa Casa de Caridade de Carangola (foto: Miria Bonjour/Divulga��o)
As infec��es hospitalares figuram entre as causas de morte mais recorrentes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em todo o Brasil. Muitas vezes, os pacientes encaminhados para receber tratamento intensivo n�o morrem pelas doen�as de base que os levaram � interna��o, mas pelas complica��es adquiridas no local. Por isso, o controle dessas infec��es torna-se desafio para que as unidades sejam espa�os de vida e n�o de morte, como pode parecer ao senso comum.
A Casa de Caridade de Carangola tem vencido o desafio. H� nove meses n�o registra nenhum caso de infec��o hospitalar na UTI. Filantr�pico, o hospital refer�ncia na regi�o da Zona da Mata, que destina 90% dos leitos aos pacientes do Sistema �nico de Sa�de (SUS), � um dos 119 que fazem parte do projeto “Melhorando a seguran�a do paciente em larga escala no Brasil”, desenvolvido pelo Minist�rio da Sa�de.
“A infec��o hospitalar � a segunda causa de mortalidade mais comum. N�o � patologia”, diz o intensivista S�diner Mesquita Vaz, que � coordenador da UTI da Casa de Caridade Carangola. A contamina��o ocorre pelo fato de os procedimentos na UTI serem invasivos, o que permite a chegada de bact�rias nocivas. No tratamento intensivo, o paciente recebe tubo na garganta, cateter venoso central e cateter vesical de demora. “Esses tr�s dispositivos s�o respons�veis pelas infec��es na UTI. S�o portas de entrada”, afirma.
A ades�o da Casa de Caridade ao projeto Melhorando a seguran�a ocorreu em dezembro de 2017. A meta era reduzir as taxas de infec��o hospitalar em 30% at� o fim de 2018 e em 50% at� 2020. No entanto, o hospital mineiro n�o s� chegou ao objetivo bem antes como o superou. O hospital atende � rede refer�ncia de 400 mil habitantes na Zona da Mota, principalmente v�timas de traumas. Tamb�m recebe pacientes com doen�as cardiovasculares ou que sofreram acidentes vasculares cerebrais (AVC). “Estamos com 18 meses de projeto e j� atingimos 100% de redu��o. S�o nove meses sem nenhuma infec��o associada”, informa S�diner Mesquita.
Diante dos bons resultados no setor de tratamento intensivo, a dire��o da Casa de Caridade avalia ampliar o projeto para todas as �reas do hospital. “Ultrapassamos a meta. Estamos em fase de expans�o para fora das paredes da UTI. Queremos implementar a tecnologia de trabalho para as outras unidades de interna��o do hospital”, completa.
A experi�ncia da Casa de Caridade demonstra que para reduzir as taxas de infec��o hospitalar n�o s�o necess�rios investimentos vultosos. Basta estar atento aos procedimentos, procurando aprimor�-los. “Buscamos o que � mais barato e o que n�o vai onerar nosso servi�o. S�o procedimentos de custo muito baixo, quase nulos em alguns casos”, diz sobre a mudan�a de t�cnicas para implementar as melhorias. “O custo/benef�cio � muito significativo”, afirma.
A mudan�a do grau da cabeceira do leito, por exemplo, pode impedir que pacientes que tratam de pneumonia adquiram infec��o hospitalar. “N�o precisei gastar nada para implementar essa medida.” Em alguns casos, o procedimento � fazer o investimento correto. “Vou deixar de comprar determinada marca de bolsa coletora de urina apesar de ser barata por ter qualidade ruim e, por isso, vazar”, exemplifica.
Santa Casa de Caridade de Carangola est� no projeto desde 2017 (foto: Casa de Caridade de Carangola/Divulga��o)
O coordenador explica que, embora o pre�o da bolsa coletora possa ser um pouco mais alto, o ganho a longo prazo � maior. “N�o mantenho custo da bolsa, mas consigo reduzir a zero a infec��o. Com o tratamento da infec��o gasto R$ 1 mil por dia com antibi�ticos. As infec��es aumentam o tempo de ventila��o mec�nica, o gasto com seda��o, o gasto com oxig�nio, o tempo que o paciente vai ficar na UTI”, completa.
Os bons resultados ocorrem devido � troca de conhecimentos entre hospitais privados que s�o refer�ncia e institui��es ligadas ao SUS. A a��o colaborativa com a Casa de Caridade � realizada pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Participam ainda do projeto nacional o HCor, S�rio-Liban�s, Alem�o Osvaldo Cruz, tr�s institui��es de refer�ncia de S�o Paulo, e o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre. Cada hospital de excel�ncia � tutor de 24 outros.
Para aderir ao projeto, os hospitais particulares recebem benef�cios no Imposto de Renda. “Entre os 24 hospitais de que o Einstein cuida, a Casa de Caridade Carangola tem sido um destaque. Participa ativamente de todas as atividades. E conseguiu construir o projeto dentro da institui��o de modo que os t�cnicos de enfermagem t�m atuado na condu��o da visita multiprofissional, o que tem sido muito enriquecedor”, afirma a m�dica especialista em melhoria cont�nua Paula Tuma, que coordenada o projeto pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
HUMANIZA��O Como parte do projeto, a Casa de Caridade tamb�m implementa a��es para humanizar a UTI. Uma delas � a visita estendida, depois de 48 horas de entrada do paciente na unidade. Os visitantes podem ficar 24 horas com os pacientes. Outra medida � a permiss�o da entrada de c�es de estima��o para visitar o doente. Para que o animal possa entrar na UTI, ele tem que ser liberado por veterin�rio, com atestado de vacina��o, vermifuga��o e banho. Os c�ezinhos levam alegria aos pacientes, um �timo medicamento.
Controle do perigo
Confira os n�meros dos eventos adversos hospitalares no Brasil e os dados do Melhorando
Risco na interna��o
» A mortalidade associada aos eventos adversos em hospitais est� entre a 1ª e a 5ª causa de �bitos no Brasil
» 104.187 a 434.112 poss�veis �bitos associados a eventos adversos hospitalares/ano
» R$ 15,5 bilh�es gastos pela inseguran�a assistencial hospitalar
Projeto Melhorando a seguran�a do paciente em larga escala no Brasil
» Investimento de R$ 17 milh�es
» Objetivo � salvar 8.500 vidas nas 120 UTIs dos hospitais participantes
» Meta de reduzir em R$ 1,2 bilh�o os desperd�cios