Amputa��o de perna de menino dispara cerco �s linhas cortantes

Uma irresponsabilidade disfar�ada de brincadeira. Um sonho interrompido. Uma vida salva. Ontem, chegou ao fim o sonho do garoto Gabriel Nascimento, de 15 anos, de ser um famoso e ovacionado jogador de futebol profissional. Ele teve uma perna amputada, logo acima do joelho, numa cirurgia de quase duas horas de dura��o no Hospital Regional de Betim, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. A perda do membro inferior foi alternativa para evitar o �bito do adolescente, que ao voltar de um treino de futebol, no s�bado, foi ferido por linha chilena, ficando entre a vida e a morte. Guardas municipais de cidades da Grande BH est�o passando um pente-fino em ruas, avenidas e com�rcios atr�s de quem usa ou vende materiais proibidos para soltar pipa. Neste m�s, apenas em Betim, 130 kits de papagaios com carret�is de linha chilena ou cerol foram apreendidos.

O menino caminhava na dire��o do estabelecimento comercial dos pais quando se deparou com uma linha chilena esticada na rua. “Gabriel continuou andando, quando veio o �nibus, a linha se enroscou nele e acertou a perna do meu filho”, conta a comerciante Regina Alves Rosa Nascimento, de 45. O menino foi socorrido por uma enfermeira e dois motociclistas que passavam pelo local e chamaram o Samu. Ele chegou ao hospital em choque e sangrando muito, em risco iminente de morte.

O ferimento ocorreu na parte traseira do joelho. Gabriel passou por uma cirurgia, foi para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), mas no dia seguinte teve complica��es e precisou entrar novamente no bloco cir�rgico. “Pela les�o do nervo e das partes moles e da extens�o no m�sculo, conclu�mos que ele n�o teria um membro funcional e optamos pela amputa��o”, informou o cirurgi�o vascular Fernando de Assis. Se passar bem as primeiras 48 horas, o menino deve ter alta dentro de quatro dias.

O diretor t�cnico do hospital, Victor Ikeda, diz que este � o terceiro caso de acidente com linha chilena ou cerol neste m�s de julho. “Infelizmente, � algo bem recorrente. Gabriel chegou muito grave, perdeu a perna e causou muita como��o por esse contexto. � apenas um adolescente”, afirmou. Dois dias antes, na quinta, um motociclista tamb�m n�o perdeu a vida por muito pouco. Ele foi quase degolado tamb�m pelo material criminoso usado em pipas. “N�o morreu por causa de 3 mil�metros, que foi a dist�ncia que faltou para atingir a car�tida. E chegar�o mais v�timas”, contou Ferna

H� tr�s anos, a Guarda Municipal de Betim luta para combater esses materiais e conscientizar a popula��o. Este ano, uma a��o integrada entre as guardas da Grande BH est� ampliando o trabalho. “Foi preciso um caso desse, com um adolescente, para as pessoas acreditarem que isso tira vidas. N�o vamos aceitar esse tipo de situa��o de modo algum”, disse o comandante da corpora��o, Anderson Reis. As viaturas est�o trabalhando na abordagem de adolescentes, crian�as e adultos, que s�o questionados sobre o uso do cerol. Dependendo da resposta, o guarda confere a pipa. Se comprovado material irregular, apreende, registra ocorr�ncia e encaminha para as autoridades competentes e, em seguida, para incinera��o.

O servi�o de intelig�ncia tamb�m est� nas ruas � procura de quem usa e de quem vende. A cidade est� ainda investindo em blitzes educativas, em que agentes abordam ve�culos e entregam panfletos aos pais com orienta��es para ficarem de olho nos filhos. “As crian�as adquirem as linhas financiadas pelos pais. No meio de nossas apreens�es, h� carretel de R$ 120”, afirma o comandante. Em parceria com uma loja, antenas est�o sendo instaladas nas motos durante a mobiliza��o. Ano passado, foram registrados 11 acidentes em decorr�ncia de cerol e linha chilena.