
A constru��o de um pr�dio no Bairro Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, tem alarmado a vizinhan�a e preocupado defensores do patrim�nio cultural, mas os respons�veis pelo empreendimento deram uma not�cia positiva, no Dia Nacional do Escritor, para tranquilizar a popula��o. Segundo o diretor de Marketing e Vendas da empresa, T�rcio Barbosa, as 13 casas da Rua Congonhas, incluindo uma na qual viveu o escritor mineiro Jo�o Guimar�es Rosa (1908-1967), autor de Grande sert�o: veredas, v�o ser restauradas com fins residenciais.
“De acordo com as normas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), n�o pode haver com�rcio naquela regi�o, ent�o n�o h� espa�o para bar, escrit�rio e atividades antes permitidas”, afirmou o diretor da Construtora Canopus. Os im�veis s�o tombados pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio e todo o terreno se encontra cercado por tapumes verdes.
A movimenta��o de m�quinas, nos �ltimos dias, no canteiro de obras – o terreno tem 28,9 mil metros quadrados, com frente para as ruas Congonhas, Leopoldina e Santo Ant�nio do Monte e S�o Domingos do Prata – gerou muitos coment�rios irritados e den�ncias permanentes nas redes sociais sobre a destrui��o do casario das d�cadas de 1930 e 1940, em “estilo ecl�tico tardio de influ�ncia neocolonial. Barbosa explicou que as m�quinas est�o em opera��o para limpar o terreno, de forma a prepar�-lo para as funda��es, j� em andamento, da edifica��o.
“A constru��o, com 100 unidades, 27 pavimentos e entrada pela S�o Domingos do Prata, dever� ser conclu�da em tr�s anos”, informou Barbosa, destacando que as 13 casas ficar�o separadas por um muro. Ele explicou que nunca houve embargo na obra, havendo altera��o no cronograma devido ao falecimento de um dos propriet�rios do terreno. Ainda sobre a demoli��o, o diretor esclareceu que alguns “puxadinhos” foram retirados de algumas constru��es, de forma a manter o formato original. Nas entradas, est� afixado um quadro com autoriza��o da PBH (Departamento de Gest�o e Monitoramento) e Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio.
Fiscais
Na manh� de ontem, equipes de fiscaliza��o da PBH estiveram no local para verificar as den�ncias, que foram refutadas pela Funda��o Municipal de Cultura (FMC). � tarde, em entrevista ao Estado de Minas, um comerciante que est� h� d�cadas na regi�o, e preferindo o anonimato, disse que est� “tudo bem com a edifica��o”, por�m ressaltou que a construtora deveria “abrir o projeto para a comunidade, mostrando todos os detalhes, de forma a n�o gerar mal-estar e desconhecimento”. Barbosa explicou que esse contato com a vizinhan�a ser� feito, incluindo a apresenta��o da maquete. A expectativa � que essa etapa ocorra com a instala��o do plant�o de vendas dos apartamentos.
Em nota, a FMC informou que os im�veis "foram tombados pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio em 22/08/2007, sendo que os conselheiros aprovaram o projeto de restaura��o elaborado pela Construtora Canopus para o local, com uma s�rie de diretrizes que preservam e valorizam o im�vel”. E mais: “O projeto est� sendo executado. Nenhuma casa foi demolida – todas est�o sendo restauradas de acordo com projeto aprovado pelo conselho".
Considerado um dos maiores escritores brasileiros, Guimar�es Rosa, natural de Cordisburgo, na Regi�o Central, morou na casa hoje pintada de verde na esquina das ruas Leopoldina e Congonhas (415), – os demais im�veis ficam entre os n�meros 487 e 579 da Congonhas. A constru��o abrigou tamb�m o Bar do Lulu, fechado h� duas d�cadas e parte famosa da vida noturna da capital e at� do cinema, pois foi cen�rio para a produ��o do filme O menino maluquinho, de Helv�cio Ratton.
Mobiliza��o

Em 2015, surgiu o movimento "Salvem a casa de Guimar�es Rosa em Belo Horizonte". No Facebook, a p�gina re�ne mais de 6 mil pessoas, entre historiadores e escritores em defesa da manuten��o da casa da Rua Congonhas, 415. Na rede social, uma internauta publicou um desabafo acompanhado das imagens do terreno: "Uma rua inteirinha virando cen�rio. T�o triste quanto os buracos da minera��o � este acordo das construtoras com o patrim�nio. Na primeira casa ali, bem na esquina da rua Congonhas com rua Leopoldina morou Guimar�es Rosa. � assim que cuidamos da nossa hist�ria?", questionou a belo-horizontina.
Na manh� de ontem, o post j� havia sido compartilhado mais de 100 vezes e recebido in�meros coment�rios como: "N�o podemos deixar passar. Eles chegam come�am a destrui��o e n�o d�o nem uma satisfa��o � popula��o. � muito absurdo o desrespeito com a mem�ria e com as pessoas. Eu gostaria de saber pelo menos qual ser� o destino dessas ru�nas", dizia um dos usu�rios da rede social. "� a especula��o imobili�ria. O Bairro Santo Ant�nio � muito valorizado. Mas o patrim�nio cultural da cidade, a nossa mem�ria, vale muito mais", diz outro.
Propriedade
A �rea de 28,9 mil metros quadrados, com frente para as ruas Congonhas, Leopoldina, Santo Ant�nio do Monte e S�o Domingos do Prata, no Bairro Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, n�o � dos empreendedores. Segundo a dire��o da Canopus, foi feita uma permuta com os donos para a constru��o do pr�dio com 100 unidades. Assim, os donos do terreno ficar�o com alguns apartamentos e com as 13 resid�ncias tombadas pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio e que poder�o ser alugadas. Os im�veis restaurados ficar�o separados do condom�nio por um muro, com entrada independente.