Sarampo em estados vizinhos p�e Minas Gerais em alerta

Em 2016, o Brasil recebeu da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (Opas) o certificado de elimina��o da circula��o do v�rus do sarampo. Mas um recuo nas taxas de imuniza��o da popula��o reabriu as portas para a enfermidade e pa�s perdeu o t�tulo no in�cio deste ano. A doen�a est� de volta ao pa�s desde 2018 e, pior, atinge centros populosos e de grande movimenta��o de pessoas. Tendo como vizinhos os estados do Rio de Janeiro e S�o Paulo, que passam por surtos da doen�a, Minas Gerais est� em alerta. E n�o � para menos. J� foram confirmados quatro casos no territ�rio mineiro este ano e as chances de mais pessoas serem contaminadas crescem com o vaiv�m do per�odo de f�rias, combinado com baixa cobertura vacinal.

 

Dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES/MG) mostram que mais de 8 milh�es de moradores de Minas est�o sem imuniza��o adequada, o que corresponde a 38% da popula��o. Profissionais de sa�de receberam orienta��es para aumentar a aten��o aos sintomas do sarampo. Este ano, Minas Gerais confirmou o primeiro caso aut�ctone – quando a transmiss�o ocorre dentro do territ�rio – de sarampo em 20 anos, uma crian�a de 1 ano, moradora de Belo Horizonte. Outros tr�s casos foram confirmados no estado. No �ltimo, o morador come�ou a sentir os sintomas em mar�o. De l� para c�, n�o houve nenhuma confirma��o da doen�a, mas 38 notifica��es continuam sendo investigadas.

 

Os surtos nos estados vizinhos assombram Minas. Em S�o Paulo, segundo a Secretaria de Sa�de daquele estado, s�o 484 casos confirmados, sendo 75% na capital. Em 12 dias, o aumento foi de 850% no n�mero de infectados. No Rio de Janeiro, foram confirmados 13 casos. Doze deles ocorreram em Paraty, cidade tur�stica muito frequentada por mineiros. O estado ainda investiga 14 notifica��es.

 

Como a doen�a � altamente contagiosa, as f�rias escolares aprofundam o perigo de r�pida movimenta��o do v�rus. Muitos moradores aproveitam o per�odo para viajar, o que propicia a circula��o de v�rias enfermidades, inclusive o sarampo. Diante do risco, a SES emitiu uma nota t�cnica com alerta para profissionais de sa�de sobre a necessidade de voltar a aten��o para os sintomas da virose. “O risco existe principalmente devido � baixa cobertura da vacina. Ent�o, novos casos podem surgir. Ainda mais com a proximidade entre Minas e S�o Paulo, que est� com aumento de casos de sarampo, e as f�rias escolares”, confirmou a refer�ncia t�cnica de sarampo da SES, Luciene Rocha.

 

Em maio, o governo do estado j� tinha elaborado um plano de conting�ncia para evitar a transmiss�o do v�rus no territ�rio mineiro. “O objetivo foi planejar, executar e avaliar medidas de preven��o e de controle em tempo oportuno, a partir da notifica��o de poss�veis casos de sarampo. O Plano de Conting�ncia do Sarampo se justificou diante da necessidade da preven��o e sustentabilidade da elimina��o do sarampo no territ�rio, j� que o cen�rio no estado refor�ou a import�ncia da antecipa��o das esferas de governo ao enfrentamento de eventuais epidemias de sarampo”, afirmou a SES.

 

As pessoas que estiverem em locais onde o v�rus est� circulando devem ficar atentas no retorno das viagens. Febre e manchas avermelhadas pelo corpo, acompanhadas de tosse ou coriza ou conjuntivite, at� 30 dias ap�s o regresso podem ser sintomas do sarampo. A ordem � procurar o servi�o de sa�de imediatamente.

Vacina

A forma mais eficaz de evitar o sarampo � por meio da vacina��o. A Tr�plice Viral, que protege ainda contra a rub�ola e a caxumba, � oferecida de forma gratuita pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS). S�o necess�rias duas doses para pessoas de 1 at� 29 anos. Quem passou dessa idade precisa ter tomado uma �nica dose do imunizante. Em todo o estado, a cobertura vacinal acumulada da vacina Tr�plice Viral est� em 82,80% para a primeira dose, de pessoas de 1 a 49 anos, e 42,13% para a segunda dose, de 1 a 29 anos. Segundo a SES, 2.612.404 de pessoas n�o receberam a primeira dose da tr�plice viral e outras 5.457.551 n�o tomaram a segunda dose. A meta estabelecida pelas autoridades de sa�de � de 95% de cobertura vacinal.

 

A baixa cobertura vacinal, que propicia a circula��o do v�rus, coloca em risco, principalmente, os beb�s com menos de um ano. As crian�as s� tomam a vacina a partir dos 12 meses de vida. “O sarampo, normalmente, n�o tem sintomas de gravidade, mas as crian�as de at� um ano est�o mais sujeitas a complica��es. Principalmente se esses pacientes estiverem abaixo do peso ou desnutridos. Entre as complica��es est�o infec��es no ouvido, convuls�es, pneumonia e encefalite. Em alguns casos, o sarampo pode at� levar a morte”, comentou Luciene Rocha.

 

 

A confirma��o de um caso end�mico – ou seja, transmitido dentro da regi�o – de sarampo no Par�, em 23 de fevereiro, levou o Brasil a perder o certificado de pa�s livre de circula��o do v�rus que provoca a doen�a. O registro foi comunicado pelo Minist�rio da Sa�de � Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas), que havia concedido o t�tulo ao Brasil em 2016. O crit�rio estabelecido para a retirada do certificado � a incid�ncia de casos confirmados do mesmo v�rus durante 12 meses. O primeiro caso ocorreu em 19 de fevereiro de 2018, logo depois da chegada de imigrantes venezuelanos em Roraima, no Norte. A Venezuela enfrentava surto da enfermidade. Nos 12 meses at� a perda do t�tulo, foram confirmados pelo Minist�rio da Sa�de 10.326 casos no Brasil. O pico foi em julho do ano passado, com 3.950 casos. No in�cio deste ano a doen�a voltou a assustar. Depois da perda, o governo federal iniciou um plano para retomar o certificado dentro de um ano, o que inclui a vacina��o j� que o recuo dos �ndices de imuniza��o � porta aberta para o v�rus.