De avan�o de sinal a travessias de risco: veja maiores amea�as a pedestres em BH
Esfor�o para prote��o de quem caminha pelas ruas esbarra no desrespeito que mant�m em alta o n�mero de atropelados atendidos no HPS e infra��es cometidas por motoristas
postado em 09/08/2019 04:00 / atualizado em 09/08/2019 08:19
(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
No dia destinado � conscientiza��o sobre a seguran�a dos pedestres em todo o mundo, dados do Departamento de Tr�nsito de Minas Gerais (Detran/MG) mostram que o respeito � parte mais fr�gil no tr�fego ainda demanda uma grande mudan�a de postura em Belo Horizonte.
O avan�o de sem�foro, infra��o que mais traz perigo para quem se desloca a p�, aumentou 30% na m�dia di�ria do primeiro semestre de 2019 em rela��o ao ano passado. Enquanto em 2018 eram 10 casos por dia, levando em considera��o as fiscaliza��es eletr�nicas e presenciais, este ano os n�meros j� apontam 13 casos/dia, ou um avan�o de sinal vermelho a cada 4,5 minutos (veja arte).
Levantamento feito pela reportagem do Estado de Minas tamb�m aponta que outros 15 tipos de infra��es que amea�am a seguran�a de pedestres significaram, nos seis primeiros meses de 2019, 1.857 multas a motoristas na capital mineira. Os dados indicam que a cada dia 10 condutores em m�dia s�o autuados por essas raz�es, mesmo patamar do ano passado para atitudes como invas�o da faixa de travessia.
Mas basta observar a conduta de pessoas que caminham pelas ruas da capital para perceber que a necessidade de mais educa��o n�o � s� de motoristas. Pedestres que se arriscam em meio a carros em alta velocidade fora da faixa destinada �s travessias s�o vistos com facilidade a cada esquina de BH.
Essa postura associada � falta de educa��o de condutores s�o ingredientes que ajudam a explicar um dado preocupante na principal porta de entrada para feridos da cidade. Nos sete primeiros meses deste ano foram 907 pessoas atendidas por esse tipo de acidente no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, n�mero que � 22% maior do que os 743 atendimentos do mesmo per�odo de 2018. Nesse caso, as estat�sticas do Jo�o XXIII n�o incluem apenas moradores de Belo Horizonte, pois a unidade tamb�m recebe pacientes de cidades vizinhas da regi�o metropolitana.
Em contrapartida ao aumento de entradas no pronto-socorro que � refer�ncia em todo o estado, os dados de atropelamentos exclusivos de BH v�m caindo ao longo dos anos. Enquanto em 2008 foram mais de 3 mil casos, com 104 mortos, em 2017 os acidentes ca�ram quase pela metade (48%), com 1.612 ocorr�ncias, e as mortes tiveram queda de 60%, ficando em 41.
No ano passado, as ocorr�ncias ca�ram mais 8,5%, com 1.475 atropelamentos registrados na capital, mas o n�mero de mortos de 2018 ainda n�o foi fechado. Ontem, no dia dedicado aos pedestres, servidores da BHTrans foram �s ruas para tentar sensibilizar representantes dos dois lados a respeitar a seguran�a de quem caminha. Mas, mesmo com t�cnicos da Ger�ncia de Educa��o pela Mobilidade da empresa no cruzamento da Rua dos Timbiras com a Avenida do Contorno, que ganhou um sinal de pedestres, teve transeunte que ignorou as recomenda��es e o sinal vermelho. A pressa � a principal justificativa
Belo Horizonte conta com 3.524 travessias semaforizadas, das quais 80% ou 2.819 com estrutura para regular a travessia. Segundo a BHTrans, o objetivo � chegar a 100% de cobertura. No primeiro semestre deste ano, 37 foram implantadas, assim como a inaugurada ontem na Rua dos Timbiras. L�, pedestres receberam panfletos com orienta��es para evitar acidentes e mortes, segundo a gerente de Educa��o para a Mobilidade da empresa municipal, Maria Augusta Gatti.
“O pedestre n�o pode se distrair quando estiver se locomovendo. Ele � o mais fr�gil no tr�nsito, ent�o � necess�rio que olhe para os dois lados, fa�a um contato visual com o motorista, para que seja visto. Fones de ouvido e celular s�o equipamentos que podem trazer distra��o na hora da travessia. O pedestre tem muitos direitos na circula��o, mas tamb�m tem que conhecer seus deveres. Onde houver o sem�foro, tem que aguardar sua vez na travessia”, ressalta.
A gerente tamb�m lembra que onde houver faixa de pedestre os motoristas precisam redobrar a aten��o e diminuir a velocidade, para ter condi��es de parar, caso necess�rio. “A faixa � sinalizada para permitir a prioridade naquele espa�o da via para quem caminha. O motorista tem que reduzir, porque ali a prefer�ncia � do pedestre”, afirma.
Problemas de lado a lado
Apesar do alerta, nas ruas o que se v� � um festival de desrespeito. Nem mesmo o sem�foro consegue segurar motoristas na esquina da Rua Niquelina com a Avenida do Contorno, no Bairro Santa Efig�nia, Leste de BH. Ontem, a equipe do EM flagrou at� um �nibus avan�ando o sinal, surpreendendo pedestres que aguardavam na cal�ada e j� tinham iniciado a travessia. Mas o contr�rio tamb�m � comum. Na Rua S�o Paulo e na Avenida Afonso Pena, no Hipercentro de BH, bastam poucos minutos para flagrar v�rios exemplos de pessoas correndo em meio aos carros.
Falta de consci�ncia a cada esquina: na Regi�o Central de Belo Horizonte, bastam poucos minutos para flagrar festival de infra��es, cometidas tanto da parte de quem se desloca de carro quanto de quem caminha
Moradora de Brumadinho, na Grande BH, a advogada Beatriz Vignolo, de 34 anos, trabalha em Itabirito, na Regi�o Central, e diz que na cidade � muito comum o respeito � faixa de pedestre. Ela reconhece que os pedestres tamb�m n�o fazem sua parte, mas atribui aos motoristas a maior parte do desrespeito. “Aqui em BH as pessoas n�o respeitam a faixa. Espero que um dia a gente chegue l�”, afirma.
O motorista de aplicativo Rog�rio Fernandes, de 42, diz que no tr�nsito impera muito a vontade de cada um e pouca consci�ncia coletiva. “O motorista quer acelerar para chegar mais r�pido e prefere passar raspando em um pedestre para n�o diminuir a velocidade. J� quem est� na rua n�o se importa em correr no meio dos carros. S� vai mudar quando as pessoas aprenderem na escola que isso � errado.”