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Estado de Minas

Como a PF 'arrombou os cofres' de organiza��o criminosa integrada por presos

Apreens�o do celular de presidi�rio desencadearam as investiga��es sobre esquema financeiro de quadrilhas e a Opera��o Caixa-Forte. Quarenta mandados de pris�o foram cumpridos, sendo seis de pessoas que j� estavam na cadeia


postado em 09/08/2019 22:50 / atualizado em 10/08/2019 08:02

Equipe do Ficco identificou mais de R$ 7 milhões movimentados em 45 contas bancárias só em um inquérito na operação, que mirou as finanças de crimes envolvendo presos(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Equipe do Ficco identificou mais de R$ 7 milh�es movimentados em 45 contas banc�rias s� em um inqu�rito na opera��o, que mirou as finan�as de crimes envolvendo presos (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

As autoridades da seguran�a p�blica em Minas Gerais j� haviam alertado para os casos de extors�o mediante sequestro comandados de dentro de pres�dios, a partir do uso de telefones celulares pelos presos. Agora, novo alerta, desta vez da Pol�cia Federal, d� conta de que a contabilidade e movimenta��o financeira da principal organiza��o criminosa do Brasil, origin�ria dos pres�dios de S�o Paulo, tamb�m ocorre dentro de uma cadeia, que fica no estado do Paran�. Em opera��o desencadeada ontem, a Pol�cia Federal em Minas e demais autoridades estaduais que fazem parte da For�a Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) revelaram um esquema de arrecada��o mensal com o tr�fico de coca�na em todo o Brasil, que chega a R$ 5 milh�es por semana. Al�m disso, a investiga��o identificou mais de R$ 7 milh�es movimentados em 45 contas banc�rias com o tr�fico apenas no �mbito de um inqu�rito e por isso o objetivo da opera��o foi desmontar o n�cleo financeiro do grupo, j� que, na avalia��o do delegado Alexsander Oliveira, apenas prender os traficantes n�o est� surtindo efeito.


Tudo come�ou em novembro de 2018 a partir da apreens�o do celular de um preso de Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro. Para a Pol�cia Federal, ele � o l�der da chamada “Geral do Progresso” em Minas, c�lula da fac��o criminosa respons�vel pelo tr�fico de drogas. A partir desse alvo, a investiga��o conseguiu chegar at� o homem apontado como o principal contador da organiza��o em todo o Brasil, membro da c�lula conhecida como “Resumo Integrado do Progresso dos Estados e Pa�ses”. Ele est� preso na Penitenci�ria de Piraquara, na Regi�o Metropolitana de Curitiba, mas isso n�o foi suficiente para impedir que o criminoso fizesse a contabilidade do tr�fico de drogas lidando com os l�deres de todas as regi�es. O trabalho coordenado pela PF identificou, no curso das investiga��es, um sistema de dep�sitos de pequenos valores oriundos da venda de drogas. Esses dep�sitos – de R$ 20, R$ 40 ou R$ 50 – juntavam somas de at� R$ 9.999, valor limite para que as movimenta��es disparassem o alerta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Depois de depositadas, as quantias eram transferidas para outras contas ou sacadas.

“Essas 45 contas que foram alvo da investiga��o movimentaram no per�odo mais de R$ 7 milh�es. Mas isso � um universo muito pequeno. Foi o que a gente p�de identificar nessa opera��o. S� o tr�fico de coca�na da fac��o movimenta, semanalmente, mais de R$ 5 milh�es”, diz o delegado Alexsander Oliveira. O inqu�rito identificou esse valor a partir do monitoramento do membro da fac��o preso no Paran�. “Ele fornecia as contas banc�rias onde os valores do tr�fico deveriam ser depositados e fazia a confer�ncia por meio de fotos dos dep�sitos feitos pelos faccionados que eram recebidos por ele. Fazia tabelas em papel, que depois eram repassadas por apoiadores desse contador, que as digitalizavam para o controle efetivo”, explica o delegado.

O que mais chama a aten��o � que uma penitenci�ria n�o impedia esse trabalho financeiro de funcionar. Ontem, o Estado de Minas mostrou que a Pol�cia Civil em Minas Gerais j� havia alertado sobre a ocorr�ncia de extors�es mediantes sequestros comandadas de dentro da Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. O �ltimo caso foi o sequestro de um menino de sete anos em Florestal, tamb�m na regi�o metropolitana, ordenado do pres�dio que deveria ser de seguran�a m�xima. Na opera��o deflagrada pela Ficco ontem, um dos 52 alvos de pris�o em Minas e mais tr�s estados – Paran�, S�o Paulo e Mato Grosso do Sul – j� estava preso na Penitenci�ria Professor Aluizio Ign�cio de Oliveira, em Uberaba, no Tri�ngulo. O contador da fac��o estava detido no Paran�, e outros quatro presos tamb�m j� eram presidi�rios.

“A pena privativa de liberdade tem, no direito, como efeito e como objetivo tirar de circula��o aquelas pessoas que est�o afetando a sociedade. Se o sujeito � preso e retirado do conv�vio social poque est� praticando crimes, � de se esperar que ele fique sem contato com o exterior para que pare de cometer crimes. E essa facilidade com que aparelhos de celular s�o colocados em pres�dios realmente impossibilita que a pena privativa de liberdade cumpra sua fun��o”, diz o delegado Alexsander Oliveira. O policial aponta que cortar o funcionamento de celulares dentro das cadeias poderia ajudar bastante o combate ao crime organizado. “A organiza��o (fac��o criminosa paulista) nasceu dentro dos pres�dios. O seu comando est� dentro dos pres�dios e n�o h� outra forma (de contato com o exterior) que n�o seja por meio de telefone celular ou troca de bilhetes. Mas a troca de bilhetes, que eles tamb�m fazem, tem uma velocidade muito menor do que o preso que fica 24 horas por dia com o telefone na m�o”, pontua.

Em menos de uma semana, � a segunda vez que a Pol�cia Federal deflagra uma opera��o no pres�dio de Piraquara, no Paran�. Na �ltima ter�a-feira, uma opera��o da PF do Paran� tamb�m focou o n�cleo financeiro da fac��o criminosa, mas o alvo foram os recursos da contribui��o mensal de filiados da organiza��o, al�m de outros valores arrecadados como contribui��o dos cerca de 24 mil faccionados no Brasil, dos quais cerca de 10% em Minas. De acordo com a PF, os recursos levantados pela fac��o tanto com a��es secund�rias, como as que foram alvo da opera��o de ter�a-feira, quanto com o tr�fico de drogas, que representa a movimenta��o financeira de maior monta do grupo, s�o voltados para a “Sintonia Final”. Essa � a c�lula apontada como l�der da fac��o. Em fevereiro deste ano, 22 membros apontados como membros desse setor foram transferidos para o sistema prisional federal, como forma de evitar a articula��o da fac��o.
 

OPERA��O CAIXA-FORTE

Veja o que a Pol�cia Federal descobriu com a a��o deflagrada ontem em Minas e em outros tr�s estados e os resultados dela
 
Em Minas, eram sete alvos, em Uberaba e Concei��o das Alagoas. Os demais alvos s�o das cidades de Campo Grande/MS, Corumb�/MS, S�o Paulo/SP, Ribeir�o Preto/SP, Itaquaquecetuba/SP, Embu das Artes/SP, Curitiba/PR, Londrina/PR, S�o Jos� dos Pinhais/PR, Almirante Tamandar�/PR, Colombo/PR, Fazenda Rio Grande/PR, Goioer�/PR, Mandirituba/PR, Matinhos/PR, Paranagu�/PR, Pinhais/PR e Piraquara/PR. 
 
1) Em novembro de 2018 as investiga��es come�aram a partir da apreens�o de um celular de um membro da fac��o preso em Uberaba

2) Ele � apontado como chefe do l�der da “Geral do Progresso” de Minas, c�lula respons�vel pelo tr�fico de drogas

3) A partir dessa conex�o, os policiais chegaram at� o contador principal da fac��o no Brasil. De dentro do pres�dio de Piraquara, no Paran�, ele fazia toda a contabilidade do tr�fico de drogas no Brasil

4) Somente com a venda da coca�na, os policiais encontraram informa��es de R$ 5 milh�es arrecadados por semana no Brasil

5) A PF tamb�m identificou movimenta��o efetiva em 45 contas de R$ 7 milh�es desde o in�cio das investiga��es

6) O esquema funcionava da seguinte maneira: a partir de contas de laranjas, os traficantes faziam pequenos dep�sitos, de R$ 20 ou R$ 50, por exemplo. Quando esses valores somavam at� R$ 9.999, eles eram sacados ou transferidos, para n�o chamar a aten��o do Coaf, que trabalha a partir do limite de R$ 10 mil.

7) Esses recursos chegavam at� a chamada Sintonia Final da fac��o, grupo que comanda a organiza��o. Para isso, esse ciclo de dep�sitos e transfer�ncias se repetia em m�dia tr�s vezes 
 
 
OS N�VEIS DA HIERARQUIA

» Assim como outras investiga��es j� realizadas no Brasil, a Opera��o Caixa-Forte esbarrou em diferentes graus de comando da fac��o

» A principal delas � a Sintonia Final, grupo de 22 presos de S�o Paulo que s�o apontados como os cabe�as, entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola

» Abaixo da Sintonia Final vem o Resumo Integrado dos Estados e Pa�ses, grupo respons�vel por uma esp�cie de ger�ncia da fac��o a n�vel nacional

» As diferentes regi�es contam com o Resumo Regional e os estados t�m o setor chamado de Geral. A Geral do Progresso, por exemplo, atua no tr�fico de drogas 


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