
Criminosos tentam de diferentes formas entrar com materiais il�citos em cadeias. Escondidos em chinelo, em alimentos ou, at� mesmo, dentro do pr�prio corpo. Agora, a tecnologia tamb�m est� sendo usada. Os muros das penitenci�rias n�o est�o mais servindo de barreiras, j� que drones t�m sobrevoado as unidades. Somente neste ano, a m�dia foi de uma aeronave n�o tripulada interceptada por m�s entre janeiro e julho. Uma verdadeira batalha a�rea est� por vir. Na tentativa de impedir os voos clandestinos nas unidades prisionais, agentes de seguran�a penitenci�rios receberam o curso de operador de aeronaves remotamente pilotadas. As a��es ser�o colocadas em pr�tica no Complexo Penitenci�rio Nelson Hungria, um dos principais de Minas. L�, os aparelhos poder�o ser usados durante o dia e a noite, j� que contam com tecnologia de vis�o noturna.
Registros de tentativa de fuga e entrada de drogas e armas nas unidades prisionais s�o constantes. Mas, cada vez mais, os criminosos t�m usado a criatividade para tentar acessar os muros das penitenci�rias. Entre as a��es est� o uso da tecnologia. Nos primeiros sete meses de 2019, a Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) interceptou seis drones sobre pres�dios. Os detalhes das interven��es n�o foram divulgados, por raz�es de seguran�a.
Em 29 de dezembro, em Ipaba, no Vale do Rio Doce, um agente penitenci�rio abateu drone. Celulares, uma pequena quantidade de maconha e uma serra foram apreendidos. Ningu�m foi preso. Em agosto de 2017, um aparelho sobrevoou os pavilh�es da Penitenci�ria Professor Jo�o Pimenta da Veiga, em Uberl�ndia, no Tri�ngulo, com celulares e carregadores. Ele tamb�m acabou interceptado.Drones poder�o ser usados de dia ou � noite, pois os aparelhos est�o equipados com c�meras de vis�o noturna
Curso para capacitar agentes de seguran�a
Para tentar evitar que voos clandestinos sejam realizados sobre unidades prisionais, quatro agentes penitenci�rios fizeram um curso de operador de aeronaves remotamente pilotadas, oferecido pelo Comando de Avia��o do Estado, da Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG). Foram 21 dias de treinamento. De in�cio, as a��es ser�o realizadas somente na Penitenci�ria Nelson Hungria, mas poder� ser expandido para outras unidades. “Foi uma iniciativa da pr�pria dire��o da unidade, visto que o CPNH recebeu da Vara de Execu��es Penais de Contagem um drone, por meio de doa��o. At� o momento, a utiliza��o do equipamento para auxiliar nos procedimentos de seguran�a se restringe apenas a essa penitenci�ria e ainda n�o houve necessidade do uso”, explicou a Sejusp.O drone vai complementar as a��es de seguran�a terrestre. Os voos com o aparelho poder�o ser realizados de dia ou � noite, j� que o equipamento tem tecnologia de vis�o noturna. Os agentes poder�o acompanhar as imagens captadas em tempo real por meio de um tablet ou celular. A c�mera da aeronave n�o tripulada tem sensores que conseguem captar calor. Com isso, cria uma representa��o vis�vel da temperatura de um objeto ou pessoa, mesmo a dist�ncia. Os voos s�o realizados em equipe de no m�nimo duas pessoas, sendo um operador e um observador, que repassa informa��es de obst�culos no caminho e a trajet�ria dos drones ilegais.

O refor�o na seguran�a vem no momento em que Minas Gerais passa por uma crise no sistema penitenci�rio. O que ficou evidenciado no relat�rio final do mutir�o carcer�rio do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG). A superlota��o foi apontada em mais de 90% das unidades prisionais e o d�ficit de vagas passa de 34 mil. Em Minas Gerais, s�o 21.658 presos provis�rios (aqueles que ainda n�o foram condenados ou que recorrem em inst�ncias superiores) e outros 52.626 cumprindo pena. Os n�meros apontam que, em regime fechado, est�o 31.686 pessoas.
Destas, 3.621 est�o com requisitos objetivos para progress�o de pena e 665 para livramento condicional; no semiaberto, s�o 18.559; e no regime aberto, 1.764, o que totaliza os 52.626 presos em cumprimento de pena. Dos 21.658 presos provis�rios, 945 s�o do sexo feminino, 3.499 est�o presos h� mais de um ano, 4.659 h� mais de seis meses e menos de um ano, e 6.051 presos h� mais de tr�s meses e menos de seis meses.
A superlota��o acarreta outro entrave. A interdi��o de unidades prisionais. At� o fim de julho, 44,6% das pris�es mineiras estavam total ou parcialmente interditadas – ou seja, n�o podem mais receber internos. Uma das �ltimas interdi��es aconteceu na Penitenci�ria Nelson Hungria. Os reflexos desse quadro v�o muito al�m dos problemas por tr�s das grades, atingindo, fora dos muros das penitenci�rias, os trabalhos das pol�cias Civil e Militar e dos advogados da �rea criminal, principalmente. Isso sem mencionar os direitos dos detentos e de seus parentes, violados diante da superlota��o e da precariedade.