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Estado de Minas CELEBRA��O

Sete meses ap�s trag�dia, Brumadinho tem de hero�smo � escalada de fraudes

Enquanto Bombeiros destacam no anivers�rio da corpora��o a bravura no resgate de v�timas e localizam outro corpo, pol�cia luta para conter 'criatividade' de aproveitadores


postado em 31/08/2019 04:00 / atualizado em 31/08/2019 08:42

Militares desfilam durante a comemoração dos 108 anos, que homenageou também corporações de outros estados por apoio a trabalhos após rompimento de barragem(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Militares desfilam durante a comemora��o dos 108 anos, que homenageou tamb�m corpora��es de outros estados por apoio a trabalhos ap�s rompimento de barragem (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Do combate a inc�ndios ao salvamento de vidas; do simples resgate de um animal at� a atua��o em grandes cat�strofes. Apenas de janeiro a julho deste ano, a rotina dos bombeiros de Minas Gerais incluiu 212 mil atendimentos, ou mais de mil a cada dia. O principal deles ficar� marcado para sempre na hist�ria n�o s� da corpora��o, mas tamb�m do estado: a trag�dia de Brumadinho, que completou sete meses no �ltimo dia 25.

J� s�o mais de 200 dias de trabalho, sem data para terminar, que j� levou � identifica��o de 248 v�timas e que ontem, data em que a corpora��o completou 108 anos, possibilitou a  localiza��o de mais restos mortais – o que deve fazer o n�mero de desaparecidos n�o identificados, atualmente em 22, diminuir novamente. Os trabalhos de resgate foram distinguidos ontem, com homenagens aos mineiros e entrega de medalhas da Ordem do M�rito Imperador Dom Pedro II a militares de outros estados que apoiaram as atividades de busca e salvamento, ap�s o rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o, na cidade da Grande BH.

Uma distin��o ao trabalho incans�vel, que ainda ontem, passados mais de sete meses, envolvia 115 bombeiros, 18 frentes de trabalho e 164 m�quinas atuando em pontos estrat�gicos, � procura de v�timas de uma das maiores trag�dia do pa�s. “Foi um desastre que abalou o Brasil e imp�s a necessidade da maior opera��o de buscas do pa�s. Nossos militares se doaram em prol de cada uma das v�timas, e transformaram a opera��o em um evento reconhecido pelos brasileiros como exemplo de solidariedade e hero�smo. Como organiza��o, fomos profundamente impactados pelo irrestrito apoio das corpora��es irm�s e, como forma de materializar nossa gratid�o, outorgamos a medalha Dom Pedro II ao Corpo de Bombeiros do Cear�, do Distrito Federal, de Alagoas, de Sergipe, de Goi�s, do Paran� e da Para�ba”, disse o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Minas, coronel Edgard Estevo.

O oficial destacou a bravura dos militares no trabalho de salvamento. “Sabemos que as adversidades s�o muitas, � preciso reconhecer que houve avan�os e que, da parte deste comando, todos os esfor�os poss�veis est�o sendo empenhados para fazer crescer esta corpora��o”, disse, sobre esta que j� � a maior opera��o de busca e salvamento realizada no pa�s.

Segundo a corpora��o, n�o h� prazo para interrup��o das buscas. Muitos segmentos de corpos ainda est�o sendo encontrados. “Enquanto ainda for poss�vel a identifica��o dos segmentos que encontramos, quase que diariamente, vamos continuar trabalhando. Como sempre, trabalhamos com uma parceria muito forte com a Pol�cia Civil, os equipamentos ainda conseguem identificar por meio de DNA as v�timas. Ent�o, continuamos trabalhando”, disse o comandante dos bombeiros.

O volume de rejeitos, que se espalhou por uma �rea de 4 milh�es de metros quadrados, foi de cerca de 10,5 milh�es de metros c�bicos, o que equivale a 4,2 mil piscinas ol�mpicas. Para retirar todo esse material, foi necess�rio que os bombeiros organizassem um trabalho de intelig�ncia. De acordo com a corpora��o, j� foram movidos 12% do montante total de lama. “Trata-se de um trabalho de intelig�ncia de escava��o. Escavamos locais com maior probabilidade, com base no movimento da lama, a profundidade, entre outros”, acrescentou.

O governador Romeu Zema (Novo) elogiou os trabalhos: “S� tenho a agradecer a todos que arriscaram a vida, que se ausentaram de suas fam�lias, que fizeram tudo que estava ao seu alcance. O Corpo de Bombeiros realmente merece o nosso reconhecimento”, disse.

A corpora��o j� mostra preocupa��o com a aproxima��o do per�odo chuvoso, que deve demandar novas formas de a��o. “� poss�vel que tenhamos de mudar a estrat�gia de atua��o, em raz�o do per�odo chuvoso que se aproxima, deixando o terreno todo de uma forma diferente. Podemos mudar a estrat�gia, mas n�o vamos abandonar as fam�lias que perderam entes queridos”, completou o comandante dos bombeiros.

A delegada de Brumadinho Ana Paula Gontijo está a frente de 84 inquéritos que investigam fraudes para obtenção indevida de indenizações(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA PRESS)
A delegada de Brumadinho Ana Paula Gontijo est� a frente de 84 inqu�ritos que investigam fraudes para obten��o indevida de indeniza��es (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA PRESS)

 Fraudadores usam varia��es de golpes

O desastre que levou um mar de lama e rejeitos a Brumadinho, deixando rastro de destrui��o e morte, tamb�m revelou lado obscuro que acompanha trag�dias dessa magnitude: pessoas que, alheias ao sofrimento das v�timas, querem tirar proveito financeiro do desastre, cometendo diferentes tipos de fraudes. Nesta semana, em Papagaios, na Regi�o Centro-Oeste de Minas, mais um foco desses crimes foi identificado: quatro pessoas foram autuadas em flagrante, acusadas de estelionato, forma��o de quadrilha, falsidade ideol�gica e falsifica��o de documentos p�blicos e particulares. A Delegacia de Brumadinho j� instaurou 84 inqu�ritos para investigar casos do g�nero. “O ser humano � movido por dinheiro”, constata a delegada de Brumadinho, Ana Paula Gontijo, que est� � frente da maioria das apura��es.

A quadrilha, formada por dois homens e duas mulheres (uma delas com 17 anos), foi abordada por policiais militares quando deixava Papagaios com documentos e receitas m�dicas falsas. A documenta��o seria usada para comprovar que eles viviam na cidade de Maravilhas, na Bacia do Rio Paraopeba, �rea atingida pela trag�dia. “Estavam em busca de indeniza��o, passando-se por moradores da �rea”, disse o delegado regional de Par� de Minas, Carlos Henrique Gomes Bueno, respons�vel pela investiga��o. Uma das detidas atuava como agente de sa�de e confessou ter feito 40 declara��es, algumas verdadeiras e outras falsas.

Um indicativo da escalada de fraudes � o aumento repentino na popula��o de Brumadinho. Em 2018, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�sticas (IBGE), havia em torno de 39 mil habitantes na cidade. De mar�o para c�, o n�mero saltou para 46 mil pessoas, conforme informou a delegada do munic�pio. “Em busca de declara��o falsa, muita gente se mudou para a cidade. Um aumento de quase 6 mil pessoas em poucos meses em um munic�pio que n�o est� estruturado para isso”, afirma.

Ainda h� casos de imobili�rias que falsificam contratos de aluguel, colocando datas retroativas. “Temos dilig�ncias abertas para apurar esses casos. Esse crime demora para prescrever. Muitos estelionat�rios acreditam que basta deixar de receber os benef�cios para n�o serem processados, mas podem responder pelo que fizeram no passado. Pode demorar dois, cinco anos, mas vamos apurar todas as fraudes”, garante a delegada.

A delegada percebe que, de tempos em tempos, s�o arquitetados novos tipos de golpes. A primeira onda surgiu dias depois do desastre, ocorrido em 25 de janeiro. Quando a Vale anunciou que pagaria R$ 100 mil para as v�timas, estelionat�rios tentaram incluir nomes nas listas. Em fevereiro, foram presas 32 pessoas em flagrante. “Tentaram inserir nomes de pessoas j� falecidas, gente que nunca existiu e at� de foragidos”, revela a delegada.

A delegada conta que um estelionat�rio fez de tudo para incluir o nome do irm�o entre as v�timas. “Conseguimos apurar que o irm�o estava vivo e era foragido da Justi�a de Santa Catarina, condenado por homic�dio”, disse. Na �poca, foi expedido mandado de pris�o e os dois foram presos, um deles em Santos (SP). “Um deles estava em Brumadinho recebendo benef�cios: estava hospedado em hotel, fazendo uso de passagens a�reas e tratamento odontol�gico custeado pela Vale”, afirma. Depois da investiga��o, a Pol�cia Civil conseguiu retirar 40 nomes da lista de desaparecidos, a maioria deles inserida por fraude.

Respons�vel pela barragem que se rompeu, a Vale anunciou compensa��o de R$ 100 mil para cada v�tima morta, R$ 50 mil para quem perdeu terreno ou im�vel e R$ 15 mil para quem perdeu a produ��o. O segundo grupo de fraudes inclui pessoas que tentavam comprovar que tinham planta��es ou desenvolviam outro tipo de atividade econ�mica na �rea atingida, conta a delegada.

Um caso de repercuss�o � o de Ana Maria Vieira Santiago, uma ex-candidata que disputou o cargo de deputada distrital em Bras�lia. Ela � acusada de falsificar documenta��o para receber R$ 50 mil por terreno e R$ 15 mil pela produ��o. “Ela ainda desfrutava de m�dico, cart�o de loja de departamento para comprar roupas, trouxe depois o filho dela e ficaram abrigados em hotel com tudo � disposi��o”, informou Ana Paula.

O filho da candidata tamb�m entrou na fraude, alegando que teve o ombro fraturado quando fugia da lama. “A Vale chegou a autorizar a realiza��o da cirurgia, mas a fraude foi descoberta.” A Justi�a arbitrou fian�a no valor de R$ 65 mil.

Em mar�o, a Vale anunciou pagamento aos moradores de Brumadinho como indeniza��o emergencial: um sal�rio m�nimo para adultos, meio para adolescentes e um quarto para crian�as. Para conseguir os benef�cios, estelionat�rios buscaram formas de comprovar que eram moradores da cidade, inclusive com transfer�ncias de t�tulo de eleitor: foram 400 solicita��es a mais, segundo a delegada. “As pessoas n�o se atentaram que o t�tulo deveria ser anterior a 25 de janeiro. Perceberam que n�o ia dar certo, ent�o pararam”, informa. Sem ter declara��o de resid�ncia, muitos tentaram o documento em postos de sa�de. Uma quadrilha come�ou a falsificar declara��es: com papel timbrado e carimbo falsificados. A fraude � atribu�da inclusive ao vereador de M�rio Campos Josimar Silva Cardoso (PDT)


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