postado em 26/09/2019 06:00 / atualizado em 26/09/2019 07:48
Aumentar o bloqueio contra a doen�a, especialmente pela vacina��o, � imprescind�vel para conter o avan�o do v�rus, alerta infectologista (foto: Jair Amaral/EM/D.a Press - 26/8/19)
Alertas e previs�es de m�dicos e especialistas sobre o potencial de dissemina��o do sarampo e o risco de a doen�a se alastrar entre uma popula��o com baixa cobertura vacinal come�am a se concretizar. O Brasil perdeu o certificado de pa�s livre da doen�a em mar�o, quando um caso end�mico foi registrado no Par�. De l�, para c�, a virose avan�ou por diversos estados, deixando 19 com surto ativo, entre eles Minas Gerais, onde a transmiss�o da virose j� d� mostras de ter sa�do do controle. Segundo a sa�de estadual, s�o 30 pessoas com diagn�stico positivo, sendo quatro casos aut�ctones – quando a transmiss�o ocorre dentro do territ�rio – o que n�o acontecia h� 20 anos. Belo Horizonte registra ainda dois casos que n�o foram computados pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES/MG), o que aumenta o total de contaminados para 32.
Aproximadamente 600 notifica��es ainda est�o em investiga��o. A situa��o tende a piorar nos pr�ximos meses, com a transmiss�o ativa do v�rus e o elevado n�mero de pessoas ainda sem vacina. Por isso, especialistas alertam que, se um bloqueio eficiente n�o for feito, a situa��o pode avan�ar na forma de uma epidemia.
O risco de propaga��o r�pida da doen�a se deve ao fato de o v�rus do sarampo ser altamente contagioso. O micro-organismo pode passar de uma pessoa a outra por meio de secre��es expelidas ao tossir, falar, espirrar ou at� pela respira��o. O cont�gio pode se dar ainda por dispers�o de got�culas no ar em ambientes fechados. Como h� anos a doen�a n�o se manifestava no pa�s, muitos desconhecem os riscos da virose, que j� provocou neste ano quatro mortes no Brasil.
O presidente da sociedade mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, alerta sobre a gravidade do quadro. “As pessoas t�m uma ideia err�nea em rela��o ao sarampo. O v�rus, principalmente em pessoa com comorbidades (doen�as associadas), como cardiopatias ou imunodefici�ncia, e em idosos, pode provocar quadros graves e at� levar � morte. Existe uma desinforma��o sobre os riscos. Embora a maioria dos casos seja benigna, h� um percentual de casos graves e de �bitos parecido com o da dengue”, explicou o especialista.
O avan�o da doen�a em Minas Gerais j� ligou o sinal de alerta entre autoridades de sa�de, diante de casos que n�o param de surgir a cada semana. Em sete dias, o aumento de diagn�sticos positivos foi de 23%. Mas o quadro tende a se agravar, j� que h� 593 registros suspeitos ainda em an�lise. Desde janeiro foram 1.107 notifica��es, registradas em 183 munic�pios mineiros – ou seja, em ao menos 21,4% das cidades.
Dados divulgados ontem pela Secretaria de Estado da Sa�de (SES/MG) mostram que dos 30 diagnosticadas com sarampo neste ano – n�mero de desconsidera dois pacientes da capital mineira – quatro pessoas ocorreram no primeiro semestre. O primeiro foi de um italiano, morador de Betim, na Grande BH.
Os outros 26 registros ocorreram nos �ltimos 90 dias. Desses, a maioria est� “relacionada � importa��o do v�rus de doentes que estiveram no estado de S�o Paulo ou por contato direto com quatro doentes paulistas provenientes das cidades de S�o Paulo-SP (1), Jundia�-SP (1) S�o Bernardo do Campo (1) e Araras-SP (1)”, informou a Sa�de estadual.
'PREOCUPANTE'
Para o presidente da sociedade mineira de Infectologia, as a��es de bloqueio do v�rus devem ser intensificadas para evitar que o surto vire epidemia. “Podemos falar que estamos com uma situa��o preocupante. Hoje, os casos aut�ctones (transmitidos dentro do pr�prio territ�rio mineiro), associados aos casos de outros estados mostram um quadro de descontrole. H� tamb�m a baixa cobertura vacinal. Isso tudo, pode gerar uma epidemia. As medidas t�m que ser refor�adas, porque n�s estamos em uma situa��o realmente de risco iminente”, alertou.
O n�vel de alerta em Minas subiu diante da constata��o de que em quatro casos – registrados em Betim e Ribeir�o das Neves, na Grande BH, Una� (Noroeste de Minas) e Muria� (Zona da Mata) –, n�o foram identificadas as origens de contato dos doentes. S�o considerados casos aut�ctones, o que confirma a transmiss�o do v�rus dentro de Minas Gerais. A Secretaria de Estado da Sa�de informou em nota que, por causa disso, � esperado um aumento de casos nos pr�ximos dias.
Uberl�ndia e Belo Horizonte s�o as cidades com o maior n�mero de registros de diagn�sticos confirmados: nove moradores em cada uma das duas cidades foram infectados. No levantamento do estado, a capital aparece com sete casos confirmados. Por�m, dados da Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA) j� indicam que a capital mineira tem nove pessoas doentes. No caso da capital todos s�o considerados importados – ou seja, a contamina��o aconteceu fora da capital mineira. No caso do munic�pio do Tri�ngulo Mineiro, “os casos foram confirmados pelo crit�rio cl�nico epidemiol�gico, isto �, apresentaram sinais e sintomas caracter�sticos da doen�a e t�m hist�ria de contato direto com caso de sarampo confirmado”, segundo a Secretaria.
QUADRO NACIONAL
A situa��o em Minas Gerais segue a tend�ncia do restante do pa�s, onde o v�rus se espalha rapidamente. Dados do Minist�rio da Sa�de divulgados ontem mostram que j� s�o 5.346 casos no Brasil. Somente nos �ltimos 90 dias, foram 4.507 diagn�sticos, o que representa 84,3% do total.
A situa��o mais cr�tica � em S�o Paulo, onde a doen�a j� atingiu 4.374 pessoas, com tr�s das quatro mortes confirmadas no pa�s – a quarta ocorreu em Pernambuco. As v�timas eram tr�s crian�as com idade abaixo de 1 ano e um homem de 42 anos.
Minas Gerais aparece como o segundo estado em n�mero de casos, junto com Rio de Janeiro e Pernambuco. O levantamento do Minist�rio da Sa�de considera confirma��es at� 24 de setembro, quando Minas ainda contabilizava 22 pacientes contaminados.