Agress�es a professores exp�em quadro de viol�ncia na escola; s�o duas infra��es por hora

Dentro de salas de aula, em outras depend�ncias da escola ou at� mesmo na rua. A viol�ncia contra educadores ocorre de diferentes formas. Os autores tamb�m variam e v�o de estudantes a familiares de alunos, engrossando a lista de infra��es cometidas em ambiente escolar no estado. Dois casos de agress�es, no m�s em que � comemorado o Dia do Professor, o 15 de outubro, exp�em a vulnerabilidade dos profissionais que zelam pela educa��o. Entre janeiro a agosto deste ano, foram 13.334 ocorr�ncias de infra��es em institui��es de ensino p�blico municipal, estadual, federal e particular, al�m de creches, que envolvem danos a pessoas, entre eles ataques a professores e ao patrim�nio. Mesmo apresentando diminui��o, os casos impressionam, com uma m�dia de 55 por dia, ou seja, dois a cada hora. Em Belo Horizonte a viol�ncia aumentou 6,3%, nos primeiros oito meses de 2019, em rela��o ao mesmo per�odo de 2018.

O retrato da viol�ncia p�de ser visto em duas ocorr�ncias em Minas Gerais, uma na capital mineira e outra em Francisc�polis, na Regi�o do Vale do Jequitinhonha nesta semana. Dados da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) mostram que os epis�dios n�o s�o isolados. Entre janeiro e agosto, as 13.334 ocorr�ncias registradas em Minas Gerais mostram apenas um leve recuo em rela��o aos 13.364 registros do mesmo per�odo de 2018. Em Belo Horizonte e cidades da regi�o metropolitana, as ocorr�ncias est�o em alta. Foram 2.049 infra��es na capital, contra 1.947, no ano passado. Na Grande BH, s�o 1.768 neste ano, contra 1.663, do per�odo anterior.

Em BH, um professor idoso foi agredido dentro de uma sala da Escola Municipal Marlene Pereira Rancante, no Bairro Al�pio de Melo, Regi�o da Pampulha. Um menino de 12 anos jogou uma caixa de pl�stico na cabe�a do docente, que precisou ser levado a um hospital. Em entrevista, o educador contou como tudo ocorreu, na quarta-feira. “Faltavam 15 minutos para encerramento da aula. Eu estava explicando a mat�ria no quadro, e esse jovem estava sentado pr�ximo � sa�da da sala. Ele colocou a mochila nas costas e come�ou a circular dentro de sala”, contou. “Pedi a ele que se sentasse. Em ato cont�nuo, quando me virei para o quadro, ele se valeu de uma caixa pl�stica e a arremessou, bateu com a caixa na minha cabe�a. Segundo meus alunos, por duas vezes”, completou.

Por causa da viol�ncia, o educador precisou de atendimento m�dico. “� uma vida inteira tentando evitar que isso aconte�a. Repudio a viol�ncia em qualquer sentido”, desabafou, com os olhos marejados. De acordo com a Pol�cia Civil, o adolescente, o professor e testemunhas foram ouvidos no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA-BH) e, depois, encaminhadas para uma audi�ncia com o Juiz. Como o caso corre em segredo de Justi�a, mais detalhes n�o foram repassados.

Ontem, a agress�o e outros epis�dios de viol�ncia foram tema de uma reuni�o. O encontro teve participa��o de professores e funcion�rios com uma equipe da Secretaria Municipal de Educa��o de Belo Horizonte e do Sindicato dos Trabalhadores em Educa��o da Rede P�blica Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE). Diretora do Sindicato, Cl�udia Lopes da Costa disse que o encontro foi realizado para ouvir os professores e fazer propostas. Segundo ela, as principais s�o a contrata��o de mais um coordenador e repasse financeiro para que sejam realizadas reuni�es pedag�gicas. “Pelo que os professores relataram, j� vem ocorrendo esse tipo de situa��o. Agress�es verbais s�o frequentes e professores est�o sob um clima de amea�a mesmo, ficam trabalhando sem saber se ser�o agredidos ou n�o”, disse Cl�udia.

V�deos

Em Francisc�polis, uma professora foi agredida com socos, chutes e pux�es de cabelo, anteontem. A viol�ncia foi cometida pela m�e de uma aluna. Testemunhas flagraram as agress�es e filmaram a cena. O v�deo circulou nas redes sociais e provocou revolta. A informa��o de testemunhas � que a m�e da aluna teria agredido a professora depois de a educadora ter chamado a aten��o de sua filha por n�o ter feito o dever de casa. A mulher chegou a ser atendida pela dire��o da escola, onde a garota estuda, mas, inconformada, cercou a professora na sa�da da escola, a ofendeu com palavr�es e a agrediu fisicamente.

O Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o de Minas Gerais emitiu uma nota lamentando o ocorrido: “O Sind-UTE repudia toda a��o contr�ria aos servidores da educa��o e conclama a todos que fazem parte da comunidade escolar a optar pela paz e a tranquilidade.” O Sind-UTE afirmou tamb�m que est� disponibilizando todo o acompanhamento jur�dico a servidora e a escola. A reportagem tentou conversar com a m�e da aluna, mas n�o conseguiu localiz�-la.