
O resultado da atua��o de universit�rios ao longo de quatro anos de faculdade mostra que a excel�ncia dos cursos superiores no Brasil est� longe de ser alcan�ada. Apenas 5,6% de um rol de 8.821 cursos de carreiras como direito, administra��o, ci�ncias cont�beis e design, avaliadas no ano passado, alcan�aram a nota m�xima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Os cursos de institui��es de Minas Gerais est�o um pouco melhor que a m�dia nacional, mas tamb�m bem abaixo do desejado: apenas 7,7% deles se destacam. Os dados, divulgados nessa sexta-feira, revelam tamb�m um desempenho p�fio das institui��es privadas. Contrabalanceando os n�meros, pesa ainda a hip�tese de “boicotes” de uma parte dos alunos ao teste, o que agrava os resultados. A soma de tantos fatores levaram o Minist�rio da Educa��o (MEC) a sinalizar mudan�as na aplica��o da prova, cuja pontua��o individual poder� se tornar pr�-requisito para obter o diploma.
Em Minas, 897 cursos foram avaliados no Enade 2018, que mediu o desempenho dos estudantes de bacharelado das �reas de ci�ncias sociais aplicadas, humanas e �reas afins, al�m dos superiores de tecnologia em gest�o e neg�cios, apoio escolar, hospitalidade e lazer, produ��o cultural e design. Desse total, 7,7% (69) alcan�aram nota m�xima – elas v�o de 1 a 5 – quase um quinto (216) tiveram nota 1 ou 2 ou ainda n�o alcan�aram pontua��o, ficando sem conceito.
Outro destaque do exame fica com a rede privada. Em Minas, apenas 3,7% dos cursos de institui��es particulares tiveram nota m�xima (28 de um total de 749). Na rede p�blica, o percentual � mais de sete vezes maior – 27,7% dos cursos chegaram � excel�ncia (41 de um total de 148). Nesse seleto grupo, o desequil�brio se reduz. Entre os 69 mais bem avaliados, 59,4% est�o nas redes federal ou estadual e 40,6% na particular. No Brasil, apenas 3,2% dos cursos de universidades e faculdades privadas (188 de um total de 5.805) alcan�aram o melhor desempenho. Dos cursos com desempenho abaixo do desej�vel (notas 1 e 2), 90% est�o na rede privada.
O ministro da Educa��o, Abraham Weintraub, defende mais rigor no Enade, como a puni��o a estudantes que tiveram baixo desempenho. “Uma pessoa que faz a prova e acerta 10% das quest�es n�o deveria se formar”, diz. Mas, segundo ele, isso ainda precisa ser discutido. O Enade � um exame feito por estudantes que est�o se formando para avaliar conhecimentos, compet�ncias e habilidades desenvolvidas ao longo do curso. Os alunos precisam fazer o exame para colar grau e receber o diploma, mas n�o h� obriga��o de uma nota m�nima para isso. Segundo o ministro, esse tr�mite faz com que os estudantes n�o se dediquem � avalia��o e ela acaba n�o refletindo a qualidade dos cursos de ensino superior ofertados no pa�s.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) estuda mudar o edital do Enade no ano que vem para divulgar os nomes dos estudantes que tiveram os melhores desempenhos no exame. A inten��o � tornar p�blico apenas os nomes daqueles que acertaram mais de 60% da prova. N�o ser� divulgada a nota espec�fica, mas a faixa de acertos. “A gente quer divulgar quem foram os alunos que tiveram melhor resultado por curso como forma de incentivo para que ele busque ficar entre os melhores, para colocar isso no curr�culo”, disse o presidente do Inep, Alexandre Ribeiro Lopes.
A Associa��o Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) tamb�m defende um novo modelo de avalia��o, que considere as diferen�as regionais e econ�micas entre alunos e institui��es, e que d� incentivo para que os estudantes fa�am a prova com dedica��o. A entidade pretende apresentar propostas de mudan�as em breve ao MEC.
Por meio de nota, o diretor-presidente da entidade, Celso Niskier, disse que a diferen�a de desempenho entre alunos concluintes de cursos de n�vel superior em institui��es privadas e p�blicas deve ser avaliada sob dois aspectos importantes. O primeiro deles tem rela��o direta com a diferen�a no perfil e na origem do aluno. “Historicamente, sabemos que est� nas universidades p�blicas um grupo maior de alunos com melhor condi��o econ�mica. Esses estudantes tiveram oportunidades de estudo mais qualificado, e, com isso, obtiveram resultados superiores no Enem (Exame Nacional do Ensino M�dio). Perfil bem diferente dos alunos das institui��es privadas, em sua maioria oriundos das escolas p�blicas”, afirmou. O outro � relativo � metodologia do Enade. “Temos questionamentos, tais como o fato de o aluno n�o ter incentivo para fazer a prova com dedica��o, pois a nota n�o entra no hist�rico escolar”, disse Niskier. (Com ag�ncia)