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Estado de Minas ENSINO SUPERIOR

Gradua��o na sala de casa? Educa��o a dist�ncia avan�a mais r�pido no Brasil

Raio-x da educa��o universit�ria mostra avan�o na oferta de cursos a dist�ncia, embora em Minas modalidade presencial ainda predomine, e derrocada de programas de incentivo


postado em 13/10/2019 04:00 / atualizado em 13/10/2019 07:44

Entre a sala de aula e a sala de casa: no Brasil, oferta de vagas não presenciais superou a das convencionais. Em Minas, número de adeptos da educação a distância também cresce(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press %u2013 7/10/11 )
Entre a sala de aula e a sala de casa: no Brasil, oferta de vagas n�o presenciais superou a das convencionais. Em Minas, n�mero de adeptos da educa��o a dist�ncia tamb�m cresce (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press %u2013 7/10/11 )
Minas Gerais, t�o conhecida por ser a s�ntese do Brasil no quesito estat�sticas, vem seguindo na contram�o no cen�rio da educa��o superior. Enquanto no pa�s a quantidade de vagas em cursos a dist�ncia superou pela primeira vez o daqueles ministrados em sala de aula, em territ�rio mineiro a oferta de gradua��es presenciais continua reinando. As vagas para estudos on-line avan�aram, mas ainda representam pouco mais de um ter�o do total de cadeiras nas institui��es de ensino. Os dados est�o no Censo da Educa��o Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) com os n�meros da conjuntura nacional e regional relativos a 2018. O levantamento mostrou tamb�m que, sem uma pol�tica forte de financiamento estudantil, alunos da rede privada est�o deixando as salas de aula.

 

Apesar de o ensino tradicional ainda ser l�der em n�mero de vagas, a modalidade vem recuando em n�mero de ingressantes. No estado, as matr�culas presenciais chegaram a 648.554, ao passo que as inscri��es para cursos a dist�ncia somaram quase um ter�o desse total (203.600). Mas, em rela��o a 2017, houve redu��o de 3,1% na quantidade de alunos que assistem �s aulas diante da lousa e aumento de 15,6% no total daqueles que optam por se formar fora de sala de aula, diante da tela do computador.

 

J� quando se considera todo o Brasil, as vagas oferecidas na modalidade presencial totalizaram 6.358.534, sendo ultrapassadas pelos cursos remotos, que tiveram 7.170.567 lugares dispon�veis. Minas n�o acompanhou a tend�ncia nacional: as gradua��es que exigem o aluno em sala ofereceram 328.385 vagas, enquanto pela internet foram 193.319 oportunidades.

 

ESCALADA De acordo com o censo, o ingresso em cursos de gradua��o a dist�ncia tem crescido substancialmente nos �ltimos anos, de forma geral. Em uma d�cada, essa modalidade de ensino dobrou sua participa��o na educa��o superior, passando de 20% do total de ingressantes no ensino superior, em 2008, para 40%, em 2018.

 

No Brasil, mudan�a na legisla��o, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, permitiu a expans�o de polos, em um crescimento que tem trajet�ria mundial. A expectativa era de que at� 2023 a educa��o a dist�ncia (EAD) superasse a gradua��o presencial tamb�m em n�mero de matr�culas. Agora, a previs�o, segundo o presidente da Associa��o Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier, � de que a virada ocorra antes, por causa do salto no n�mero de cursos oferecidos – aumento de mais de 50% de um ano para outro.

 

O crescimento da modalidade � impulsionado ainda pelo fator financeiro, de distribui��o regional e de uso da tecnologia. O primeiro tem a ver a crise econ�mica e a falta de financiamento estudantil que faz o aluno de menor poder aquisitivo optar pela gradua��o a dist�ncia por ser mais acess�vel. O segundo se consolida pelo fato de em muitas cidades de pequeno e m�dio porte polos serem as �nicas op��es para se fazer um curso superior. “A expans�o est� criando uma capilaridade em todo o pa�s”, ressalta Niskier. O terceiro se refere � mudan�a de comportamento da sociedade. “O jovem que ingressa hoje no ensino superior usa mais tecnologia e prefere um curso com flexibilidade de estudar em casa ou no trabalho”, afirma o presidente da Abmes.

 

Celso Niskier diz que, embora o setor de educa��o privada seja favor�vel ao crescimento quantitativo da EAD – at� mesmo para se alcan�ar as metas do Plano Nacional de Educa��o (PNE) que prev�, at� 2024, 33% dos estudantes entre 18 e 24 anos cursando ensino superior –, a preocupa��o com a qualidade n�o sai do radar. “Uma boa institui��o presencial vai oferecer bom EAD. Aquelas com limita��es tamb�m as ter�o no ensino a dist�ncia. Os resultados ser�o melhores ou iguais ao curso presencial desde que se escolham institui��es que tenham qualidade”, avisa.

 

Se a EAD vive seus momentos de gl�ria, na outra ponta, nos �ltimos cinco anos, os ingressos nos cursos de gradua��o presenciais diminu�ram 13%. Com uma taxa m�dia de crescimento anual de 3,8%, nos �ltimos 10 anos, a matr�cula na educa��o superior cresceu 56,4% nesse per�odo. Em 2018,o aumento foi de 1,9%. Com mais de 6,3 milh�es de alunos, a rede privada tem tr�s em cada quatro alunos de gradua��o. Em 2018, a matr�cula na rede p�blica cresceu 1,6% e, na rede privada, 2,1%.

Fies e Prouni ladeira abaixo

Os n�meros do ensino superior mostram bem as consequ�ncias do efeito do desastre em que se transformou o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), que h� quatro anos come�ou a dar os primeiros sinais de queda e teve a derrocada final com mudan�as de regras e a cria��o do Fies privado. Em 2015, justamente em seu auge da concess�o de benef�cios e quando come�aram as primeiras dificuldades, as matr�culas presenciais ca�ram de 486.924 para 468.821, em 2017. No mesmo per�odo, a EAD subiu de 613.984 para 635.881.

Outro programa que tamb�m viu suas vagas diminu�rem foi o Universidade para Todos (Prouni). Como as bolsas s�o proporcionais ao n�mero de alunos, reduzindo a quantidade daqueles na modalidade presencial, diminui tamb�m a disponibilidade do benef�cio. A curva ascendente, e de maneira vertiginosa, ficou por conta das modalidades de cr�dito oferecidas pelas pr�prias institui��es de ensino.

Em 2015, o Fies teve seu auge, com quase 1,4 milh�o de matr�culas. No ano seguinte, caiu para 1.251.815 e despencou no ano seguinte at� chegar, em 2018, a 821.122 alunos. O Prouni se manteve relativamente est�vel at� 2017, mas ano passado sentiu o baque da queda na rede privada, saindo de 609.434 bolsas em 2017, para 575.099 no ano passado. Desde 2015, bolsas e financiamentos feitos diretamente com as universidades v�m numa crescente, saindo de pouco mais de 800 mil naquele ano para o dobro tr�s anos depois.

Mesmo assim, as 1.627.488 matr�culas feitas gra�as a essas modalidades em 2018 n�o foram suficientes para alavancar as matr�culas presenciais no ensino superior. “As institui��es correram atr�s para criar outros modelos de financiamentos, mas muitos exigem pagar 50% da mensalidade enquanto se estuda e o restante depois de formado. E muitos estudantes n�o t�m condi��es de arcar nem com esses 50%”, afirma o presidente da Associa��o Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier. “As mudan�as no Fies afetaram fortemente o crescimento das institui��es como um todo. O Brasil ter� dificuldade de atingir as metas do PNE se n�o houver mobiliza��o da sociedade para permitir que as pessoas de menor poder aquisitivo possam fazer um curso superior. Esse gigante tem p�s de barro e n�o vai crescer enquanto o financiamento n�o for visto como uma quest�o social e n�o pecuni�ria.”
 
Recupera��o recorde entra em reta decisiva
 
A face do projeto: após se afastar dos estudos em abril, Emanuel Secundino dos Santos recebeu telefonema da escola e resolveu voltar com tudo (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
A face do projeto: ap�s se afastar dos estudos em abril, Emanuel Secundino dos Santos recebeu telefonema da escola e resolveu voltar com tudo (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
No �ltimo bimestre letivo, milhares de estudantes mineiros se debru�am sobre livros e cadernos para recuperar o tempo perdido, aprender conte�dos n�o assimilados e estudar em dobro para escapar da reprova��o no fim do ano. Eles integram as 5.719 turmas distribu�das em todo o territ�rio mineiro e montadas no contraturno das escolas da rede estadual de ensino para atender 114 mil alunos com refor�o em portugu�s e matem�tica. Cada disciplina oferece duas horas por semana de revis�o, at� o fim de novembro.
 
O programa se concentra em adolescentes dos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano) e dos tr�s anos do ensino m�dio que haviam abandonado a escola e voltaram �s salas de aula ou que est�o com notas abaixo da m�dia esperada. Estudante do 1º ano do ensino m�dio, o jovem Pablo Emanuel Secundino dos Santos, de 15 anos, � um dos estudantes que j� estavam de olho no refor�o mesmo antes de ele come�ar.
 
Aluno da Escola Estadual Professor Guilherme Azevedo Lage, no Bairro S�o Gabriel, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, ele deixou de frequentar as aulas em abril, mas voltou no in�cio deste semestre, depois de um telefonema da escola. A iniciativa � parte de um programa de busca ativa instaurado pela Secretaria de Estado de Educa��o (SEE), voltado para alunos infrequentes ou que abandonaram a escola. Por meio dele, 15 mil j� retornaram � atividade escolar.
 
“Agora que voltei, estou 100% focado e n�o vou perder a oportunidade de avan�ar”, diz. Pablo conta que fez um bom primeiro bimestre, mas come�ou a ter desempenho ruim no segundo, motivo que o levou a desistir, ainda no m�s de abril. Seu tempo passou a se dividir entre ficar em casa sem fazer nada e jogar bola com os amigos. “Estava indo bem no in�cio do ano, com notas acima da m�dia, mas depois desanimei. Al�m disso, me perguntava para que estudar, para que ir � aula...”, relata.
O telefonema da escola marcou um recome�o. “Minha m�e diz que eu tenho potencial e me deu muito apoio. A escola falou que eu n�o estava t�o mal, que dava para recuperar. Lembrou que se eu ficasse em casa, perderia o ano e prejudicaria meu futuro”, diz. “Agora estou me sentindo bem melhor e corrigindo o que perdi.”
 
De volta a Escola Estadual Professor Guilherme Azevedo Lage tem 902 alunos, todos de ensino m�dio. Dos 126 infrequentes detectados no sistema, 98 retornaram. “Estamos tornando a escola mais agrad�vel. A sala de inform�tica que n�o estava sendo usada passou a ser, o audit�rio tem aulas interativas e a biblioteca tamb�m est� ganhando cara nova”, afirma a diretora Marl�ia Avelar, que tomou posse em julho com a miss�o de revigorar o col�gio. Outra aposta, segundo ela, � promover a integra��o com os vizinhos. “Quando temos boa rela��o com os pais e a comunidade, os alunos voltam para a escola. Tenho uma equipe engajada que permite fazer um excelente trabalho. Tornando a escola mais atrativa, eles permanecem.”
 
Outra a��o que promete mobilizar os alunos � o preparat�rio para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), idealizado pela professora Danielle Cristine Ferreira Silva, de portugu�s, literatura e reda��o. O curso, que come�ou no in�cio do m�s e ser� dado em s�bados alternados, conta com o trabalho volunt�rio ainda dos professores de matem�tica, f�sica e geografia. “Os meninos est�o tendo uma oportunidade. Turmas menores permitem um trabalho mais preciso. � uma iniciativa para resgatar os alunos, motiv�-los, divulgar a escola e ajudar a comunidade”, afirma Danielle.

 

 


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