Ap�s queda de mais um avi�o, moradores querem fechamento do Aeroporto Carlos Prates
Acidente na manh� desta segunda-feira deixou tr�s mortos e um rastro de destrui��o no Bairro Cai�ara. Moradores reclamam do medo constante e se mobilizam para cobrar a��es das autoridades, entre elas o fim das atividades no terminal
Ver galeria . 42 FotosUm avi�o de pequeno porte caiu em um cruzamento do Bairro Cai�ara, Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. Carros foram atingidos e pessoas morreram
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press )
A queda de mais um avi�o no Bairro Cai�ara, Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, provocou uma forte rea��o nos moradores e pessoas que frequentam a comunidade. A popula��o est� se mobilizando para pedir o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, de onde a aeronave de pequeno porte decolou. Tr�s pessoas morreram e outras tr�s ficaram feridas depois que o avi�o caiu em um cruzamento, atingiu carros e pegou fogo. O �ltimo acidente do tipo ocorreu h� poucos meses, em abril.
“Tem que fazer um abaixo-assinado na regi�o toda do Cai�ara pra desativar esse aeroporto! Esse aeroporto est� desvalorizando a regi�o, e tamb�m colocando a vida de todos em risco”, comentou um morador por meio de um aplicativo. Membros da comunidade j� se organizam em grupos de mensagens para programar a��es. Al�m da coleta de assinaturas, eles planejam abrir reclama��es na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportu�ria (Infraero) e Prefeitura de Belo Horizonte. Na troca de mensagens, eles reclamam de uma escola de voo que opera no terminal.
V�deo do Clima ao Vivo mostra momento da queda do avi�o
Quando estava se deslocando pelas ruas do Cai�ara, a reportagem do Estado de Minas se deparou com duas caminhonetes das Infraero, que � respons�vel pela opera��o do Aeroporto Carlos Prates. No momento em que elas passaram em frente a um supermercado na Rua Belmiro Braga, v�rios moradores que estavam na porta come�aram a hostilizar os ocupantes dos ve�culos. “Esse aeroporto tem que fechar! J� passou da hora. N�o � poss�vel que voc�s n�o v�o fechar”, gritaram.
(foto: Arte/Soraia Piva)
Moradora do bairro desde 1978, a empres�ria Marilene Paolinelli, de 68 anos, levou a reportagem ao im�vel onde mora para mostrar a situa��o. “Eu vivo em sobressalto porque tenho essa �rea e tenho medo de tentarem pousar para sobreviver e cair em cima da gente. Naquela casa vermelha j� caiu um ali, conseguiu encaixar no lote. J� caiu outro na Rua Lorena, aqui na Minerva � o segundo. � tenso porque a gente n�o sabe o momento de acontecer”, desabafou.
Marilene usou o espa�o social da resid�ncia para montar um clube de jogos de tabuleiro. No momento da queda da aeronave, no in�cio da manh� desta segunda-feira, ela pensou que a pr�pria casa tivesse entrado em colapso. “Eu subi a escada aqui achando que era a minha casa que estava desmoronando, barulho de vidro e tudo quebrando. Quando abri o port�o vi que era na minha rua e n�o a minha casa. A casa tremeu todinha”, contou. Ela tamb�m disse ser contra o aeroporto. “Eu acho que o melhor � o fechamento mesmo pra todo mundo ter mais sossego”, afirmou.
Morador da Rua Minerva h� 45 anos, o aposentado Ant�nio Aderilton, de 75, viveu momentos de p�nico dentro de casa. “Eu estava na mesa do caf� quando ouvi o barulho. Sa�mos correndo muito assustados, eu e minha esposa. Pensamos que fosse um posto de gasolina que tivesse estourado. Foi um barulho completamente diferente do que estamos acostumados a ouvir”, contou.
O casal saiu da resid�ncia pra ver o que havia ocorrido, mas foi surpreendido pelas chamas, que os impediram de se aproximar mais. Ele lembrou dos outros acidentes ocorridos na regi�o e falou da sorte que tiveram. “Tinha acabado de fazer uma ora��o pedindo a prote��o divina e foi o que aconteceu, Ele me deu essa prote��o. Jamais passei tamanho susto”, comentou.
“De manh� cedo, 6h, j� tem avi�o rodando a�”, disse o padeiro Daniel Rodrigues, de 23 anos. Ele trabalhava no momento do acidente. A padaria ficas na Rua Firmino Costa, segundo ele, a apenas 600 metros do local da queda. “Eu estava fazendo p�es e escutei um baque enorme. Pensei que a m�quina tinha estragado. A� chegou um colega meu e falou 'caiu um avi�o no bairro, quase no mesmo lugar do outro'. A� eu terminei os p�es e fui ver”, contou. Ele tamb�m engrossa o coro a favor do “fechamento do aeroporto para garantir a tranquilidade”.
Segundo o Corpo de Bombeiros, avi�o caiu sobre carros e houve um inc�ndio. Tr�s pessoas morreram. Uma delas seria um pedestre (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
A advogada Maria Elisa Silva de 59 anos, que mora na Rua Francisco Bicalho, paralela � Minerva, vive angustiada com os pousos e decolagens das aeronaves, que segundo ela, sobrevoam sua casa a uma altura muito baixa. Ela que j� vivenciou a queda do avi�o de pequeno porte em abril deste mesmo ano, conta que para os moradores do bairro, o drama � di�rio. “Isso a� � uma trag�dia que vai acontecer todo dia, todos os dias esses avi�es passam muito baixo, j� fiz contato com a Infraero e n�o tomam provid�ncia e � desesperador porque a gente fica esperando quando e onde vai ser a pr�xima queda. Na minha casa todos est�o com muito medo, o bairro � residencial e n�o comporta esses avi�es, eu j� liguei j� conversei e eles pedem para filmar, vamos ter que filmar quando cai, � absurdo", relata.
A Infraero, respons�vel pela opera��o do Aeroporto Carlos Pratos divulgou uma nota sobre o acidente. Segundo a empresa, o terminal obedece os requisitos de seguran�a. Leia na �ntegra:
“A Infraero lamenta o acidente, �s 8h30 desta segunda-feira (21/10), com a aeronave Cirrus SR 20, prefixo PR-ETJ, que vitimou tr�s pessoas e deixou outras tr�s feridas, instantes ap�s a decolagem do Aeroporto Carlos Prates (MG) para o Aeroporto de Ilh�us (BA). A empresa destaca que, ao ser acionada, mobilizou toda estrutura de emerg�ncia e socorro que atende ao aeroporto. Sobre as causas do acidente e demais detalhes sobre o operador da aeronave, sugerimos o contato com o Centro Investiga��o e Preven��o de Acidentes Aeron�uticos (Cenipa) e com a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac).
A Infraero destaca ainda que o Aeroporto Carlos Prates opera dentro de requisitos de seguran�a estabelecidos nas normas da avia��o civil brasileira.”