A primeira vez ningu�m esquece – ainda mais se for “em algum lugar al�m do arco-�ris”, na magia da s�tima arte e no charme da moda. Pois foi nesse clima todo, como manda o figurino, que as amigas Marlene Al�pio, de 75 anos, e Maria Jos� de Melo, de 61, moradoras de Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, pisaram pela primeira vez numa sala de cinema. A estreia das duas foi na tarde de ontem, numa sala de exibi��o especialmente montada no Centro de Conven��es Expominas, na capital, que sedia at� hoje a 25ª edi��o do Minas Trend, o principal sal�o de neg�cios da ind�stria da moda. Em cartaz, o cl�ssico O M�gico de Oz.
“Nunca entrei num cinema. N�o tinha nem namorado para me levar”, contou Marlene Al�pio, solteira, que segurava o saquinho de pipocas. Ao lado, a colega de hidrogin�stica e tamb�m solteira, “gra�as a Deus”, Maria Jos� de Melo, deixava transparecer o encantamento pela tela grande, a sala escura e a plateia composta por quase 700 pessoas, sendo 600 estudantes de ensino fundamental de escolas p�blicas e as demais com idade acima dos 60 e participantes da Associa��o dos Moradores do Bairro Novo Progresso (Amonp), de Contagem. A turma foi convidada da organiza��o do evento promovido pela Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), via equipe de responsabilidade social do Servi�o Social da Ind�stria (Sesi), dentro do projeto Os cl�ssicos est�o na moda, com patroc�nio da Cemig por meio da lei federal de incentivo � cultura.
“Cinema e moda est�o ligados. Voc� olha a roupa de um personagem do filme, como o Homem de Lata, de O M�gico de Oz, ou o sapatinho vermelho da Dorothy, e entende que complementam a narrativa”, explicou Clarisse Santos Elias, integrante da equipe de responsabilidade social do Sesi. “Nosso objetivo � tamb�m formar plateias, fazer com que as pessoas criem o h�bito de ir ao cinema, ao teatro. Esse pensamento est� dentro do tema do Minas Trend deste ano, Tecendo futuros.” O projeto, que inclui ainda cinema, oficina e teatro, ocorre paralelamente em Ouro Preto, na Regi�o Central, Tiradentes, no Campo das Vertentes e Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro.
Para hoje est�o programados os longas O menino maluquinho (nacional) e O diabo veste Prada. J� na manh� de ontem, foi exibido Alice no pa�s das maravilhas. “Cada filme tem um p�blico com faixa et�ria diferente”, disse Clarisse. No total, o programa dever� atingir cerca de 2,5 mil pessoas, em quatro sess�es, e o passeio inclui ainda transporte e, claro, a pipoca. A iniciativa contemplou, na maioria, crian�as, jovens e adultos que nunca tinham ido ao cinema.
Voz da arte
A vers�o de O M�gico de Oz (1939) tem Judy Garland no papel da menina Dorothy, que eternizou a m�sica Somewhere over the rainbow (Em algum lugar al�m do arco-�ris) e jamais perdeu o brilho com o passar dos anos. T�o logo a atriz come�ou a cantar, olhos e ouvidos ficaram atentos. Com o saquinho de pipoca distribu�do na entrada, um grupo de estudantes da Escola Estadual Am�lia Josefina Kessen, do Bairro Nova Su�ssa, na Regi�o Oeste, n�o despregou os olhos da tela. “� a primeira vez que vejo um filme no cinema. � legal!”, revelou Miguel Artur Silva dos Santos, de 11, quando as luzes se apagavam.
J� um trio feminino conhecia a magia da “s�tima arte”, mas gostou e pediu bis, ao lado da professora Sheila Marinho, que destacou a oportunidade de a garotada do 1º ao 9º ano sair da sala de aula e interagir. Elo� Iasmim viu no passeio a chance de se divertir com os coleguinhas, a exemplo de Julie Gon�alves da Silva e Maria Helo�sa Azevedo de Assis, todas de 10 anos. “� bem melhor do que televis�o”, comparou Maria Helo�sa, sem piscar diante da hist�ria de Dorothy e do c�ozinho Tot�, que s�o levados � terra m�gica de Oz, quando um ciclone passa pela fazenda dos av�s da menina no Kansas, Estados Unidos.