
Novas chuvas, velhos problemas e o cen�rio preocupante que se repete ano ap�s ano: falta de interven��es capazes de conter a for�a das �guas na capital, como ficou claro durante o temporal de ter�a-feira. Depois de o prefeito Alexandre Kalil afirmar, ontem, que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) errou no projeto elaborado para enfrentamento das chuvas na Avenida Vilarinho, na Regi�o de Venda Nova – um dos pontos cr�ticos de alagamento na cidade – uma reuni�o convocada com autoridades municipais para hoje sinaliza poss�vel revis�o dos projetos e medidas para enfrentar os desafios da esta��o na capital. O encontro ocorre pouco mais de um m�s depois de a administra��o municipal apresentar o conjunto de provid�ncias com nortearia as a��es oficiais em caso de tempestades, e j� em meio � temporada de enchentes e alagamentos.
No caso da Avenida Vilarinho – no entorno da qual quatro pessoas morreram em 2018 em consequ�ncia da chuva – o projeto original foi modificado, estando em an�lise altera��es para lan�ar nova licita��o. Destacando que “houve problemas e a prefeitura tem que ter a humildade de dizer que n�s erramos no projeto”, o prefeito Alexandre Kalil afirmou ainda que “n�o vamos, porque anunciamos, fazer uma lamban�a de R$ 300 milh�es”. E acrescentou: “Temos responsabilidade. Estamos com projeto pronto e juntos, Minist�rio P�blico, Tribunal de Justi�a e prefeitura, equacionando, de modo mais r�pido, para que seja licitado – com todos � mesa para que n�o haja d�vida”.
O prefeito argumentou que o problema das chuvas em Belo Horizonte remonta a 50 anos, afirmando que n�o ser� solucionado em uma �nica gest�o. “A situa��o est� se resolvendo. A imprensa tem que investigar as obras que est�o sendo feitas – invis�veis, porque � obra que n�o d� voto –, para absorver um pouco dessa �gua. A preven��o foi feita com muita compet�ncia. Deus permita que ela continue. S�o problemas de 50 anos, algu�m tem que come�ar e n�s j� come�amos. Vai ser resolvido”, afirmou Kalil.
Ao anunciar pela primeira vez o plano para atravessar a atual chuvosa, no m�s passado, a Prefeitura de Belo Horizonte listou nove, dos 82 pontos de alagamento destacados em 2015 pela Carta de Inunda��es de Belo Horizonte, considerando-os de alto risco. Neles, seriam intensificadas a��es de Defesa Civil, visando � prepara��o para o per�odo. A estrat�gia divulgada era a de prevenir que a popula��o circulasse pelos trechos que poderiam ser alagadas durante as tempestades. Segundo avaliou na �poca o subsecret�rio municipal de Prote��o e Defesa Civil, coronel Waldir Figueiredo Vieira, o monitoramento das chuvas e n�veis dos c�rregos, os alertas e o isolamento das �reas de inunda��es eram a aposta para impedir trag�dias. “Belo Horizonte nunca esteve t�o bem preparada para evitar que mortes ocorram durante um per�odo chuvoso”, afirmou o coronel, h� cerca de um m�s.
Projetos
Em nota divulgada ontem, a Prefeitura de BH informou sobre medidas implementadas para as �reas apontadas como mais vulner�veis no �ltimo temporal – as avenidas Vilarinho, em Venda Nova, e Tereza Cristina, em especial no Bairro Bet�nia, na Regi�o Oeste. “A proposta inicial para os projetos da avenida Vilarinho, apresentados em janeiro deste ano, mostrou-se insuficiente ap�s estudos mais detalhados. Sendo assim, em setembro foi apresentada a nova proposta para resolver os problemas relacionados com inunda��es na avenida. A solu��o apresentada prev� a amplia��o da capacidade de armazenamento de �gua excedente em pontos estrat�gicos dos c�rregos Nado e Vilarinho. Ser�o implantados novos grandes reservat�rios e ampliadas as capacidades dos outros quatro reservat�rios que j� existem na regi�o”, informou o texto.
A nota oficial diz ainda que, “para mitigar os impactos das chuvas na Avenida Tereza Cristina, foram conclu�das, no (Ribeir�o) Arrudas, as bacias de deten��o da primeira etapa do C�rrego Jatob�/Olaria e a bacia de deten��o do C�rrego Bonsucesso. Tamb�m foram conclu�das as obras de recupera��o do canal do Arrudas, no trecho que vai da Rua Rio de Janeiro � Alameda Ezequiel Dias, numa extens�o de 1,5 mil metros, e implantadas duas bacias no C�rrego T�nel Camar�es, na Regi�o do Barreiro, retendo volumes significativos de �gua”.
A PBH adiantou que ser� iniciada, este ano, a implanta��o da bacia de deten��o do Bairro das Ind�strias, que contribuir� para amenizar os impactos na regi�o. “Importante ressaltar que, para reduzir o risco das inunda��es na Avenida Tereza Cristina, � necess�rio a conclus�o das interven��es no C�rrego Ferrugem, em Contagem, na Grande BH, iniciadas pelo governo estadual, em que estava prevista a constru��o de tr�s bacias de deten��o”, informou a prefeitura da capital.
Efeitos
O temporal de ter�a-feira, que concentrou em apenas um dia quase a chuva inteira prevista para outubro, trouxe de volta o medo aos belo-horizontinos. Especialmente no Bairro Bet�nia, onde a inunda��o da Avenida Tereza Cristina deixou rastro de destrui��o, embora os moradores avaliem que a��es adotadas para enfrentamento das enchentes, mesmo insuficientes, amenizaram danos. Pela primeira vez, o plano de conting�ncia de �rg�os de Defesa Civil de BH para reduzir riscos nas chuvas foi posto em pr�tica, com fechamentos de 23 pontos na Avenida Vilarinho, 12 pontos na Avenida Tereza Cristina e a tentativa de retirar pessoas em �reas sujeitas a inunda��o.
Mesmo com a iniciativa de isolamento da �rea, no entorno do Ribeir�o Arrudas motoristas e pedestres foram pegos no meio do alagamento da Tereza Cristina. A pr�pria Defesa Civil municipal relatou o salvamento de 13 crian�as que estavam em uma van arrastada pela enchente. Moradores e comerciantes da vizinhan�a tamb�m informaram casos de pessoas que foram salvas das �guas pela pr�pria comunidade e de carros arrastados pela correnteza em que se transformou a pista da avenida.
O nervosismo tomou conta de comerciantes da Avenida Tereza Cristina, a exemplo de Vicente Carvalho, de 71 anos, propriet�rio da loja de colch�es Vida Nova. “As pessoas n�o imaginam como a gente est� hoje: tens�o nervosa e cansa�o mental”, disse, enquanto contabilizava preju�zos na Tereza Cristina, tomada pelo Ribeir�o Arrudas. Al�m do plano oficial, os moradores se mobilizaram para salvar vidas e evitar mortes, como as quatro ocorridas em BH na temporada chuvosa de 2018. Vicente e o filho Paulo Carvalho, de 34, ajudaram a salvar uma mulher e evitar que fosse arrastada pela enxurrada. “Ela estava desesperada, gritava e chorava. A correnteza estava levando. Peguei uma corda para resgat�-la”, relata.
Pontos vulner�veis
Os nove pontos de alto risco de inunda��o destacados pela prefeitura, ao lan�ar as medidas de preven��o em setembro: Avenida Vilarinho com Rua Doutor �lvaro Camargos, Avenida Her�clito Mour�o de Miranda com Avenida Cl�vis Salgado, Avenida Bernardo Vasconcelos com Avenida Cristiano Machado, Rua Pitangui com Avenida Silviano Brand�o, Avenida Cristiano Machado, entre os bairros Primeiro de Maio e Suzana, com Avenida Sebasti�o de Brito, Avenida Tereza Cristina com Avenida Palestina, Avenida Silva Lobo com Avenida Bar�o Homem de Melo, Avenida Francisco S� com Rua Er�, e Avenida Prudente de Morais com Rua Joaquim Murtinho.
Fonte: PBH
Grupo de a��o reunido
Hoje, na sede da Prefeitura de Belo Horizonte, em esclarecimento sobre as medidas para a preven��o de enchentes na capital durante o per�odo chuvoso, estar�o presentes o secret�rio municipal de Obras e Infraestrutura, Josu� Valad�o, o presidente da BHTrans, Celio Bouzada, o superintendente de Limpeza Urbana, coronel Genedempsey Bicalho, o subsecret�rio de Prote��o e Defesa Civil, Waldir Figueiredo, o secret�rio municipal de Seguran�a e Preven��o, Genilson Zeferino, e o comandante da Guarda Civil Municipal, S�rgio Prates, al�m de representantes da Pol�cia Militar e do Corpo de Bombeiros.