A Pol�cia Militar (PM) de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, vai apurar as circunst�ncias de uma ocorr�ncia envolvendo militares do 6º Batalh�o e um caminhoneiro de 69 anos ocorrida na semana passada. A fam�lia denuncia que ele foi agredido pelos militares enquanto trabalhava no Bairro Santa Helena. J� os policiais alegam que ele reagiu a uma abordagem ap�s pedirem que ele retirasse o ve�culo da rua.
O caso ocorreu na por volta das 19h do �ltimo dia 11 na Rua Varginha. A t�cnica em contabilidade Renata Nascente, de 44, � filha de Osvaldo Nascente de Almeida. Ela conta que a rua � estreita e muito �ngreme, mas com pouco movimento. “No momento em que meu pai estava descarregando uma mudan�a passou uma viatura. Eles pararam pr�ximo ao caminh�o e disseram 'Tira essa desgra�a da�, voc� n�o est� vendo que est� na contram�o?'. Ent�o, meu pai disse 'Meu amigo, estou trabalhando. Aqui � onde estou descarregando a mudan�a e n�o tinha outra op��o onde coloc�-lo”. Segundo ela, o pai quis dizer que n�o poderia parar o ve�culo morro acima porque poderia descer a ladeira.
Os policiais tentavam abordar um motociclista suspeito e alegam que o caminh�o impedia a passagem da viatura pela rua.
“Um dos agressores veio e disse 'Com quem voc� pensa que est� falando?'. E meu pai disse 'Estou falando com voc�'. E nesse momento, o PM agrediu ele diretamente com um tapa na cara e machucou o olho dele que estava rec�m-operado”, contou. Segundo ela, outros dois policiais agrediram Osvaldo com chutes e um deles aplicou um mata-le�o. Testemunhas teriam tentado intervir, entre elas um outro idoso. O caminhoneiro foi algemado e colocado na viatura.
A fam�lia teve acesso ao hist�rico da ocorr�ncia, que foi enviado � reportagem do Estado de Minas. O registro policial d� conta que o idoso teria ficado descontrolado ap�s os militares darem voz de pris�o a ele, dizendo “pilantras, me deixe trabalhar... vai prender bandidos (sic)”. No boletim de ocorr�ncia, consta que Osvaldo reagiu com um soco e entrou em luta corporal com um dos militares. Eles chegaram a cair e rolar pelo morro por alguns metros. O registro confirma o golpe mata-le�o para algemar o homem e que ele deu v�rios chutes ao ser colocado na viatura, acertando dois policiais. O idoso e um dos policiais foram atendidos no Hospital Municipal de Governador Valadares. A motocicleta suspeita foi encontrada em outra rua e os policiais constaram que havia queixa de furto do ve�culo.
Fotos mostram os ferimentos no corpo do idoso. Ele apresentava les�es nos bra�os, no rosto e o olho esquerdo estava vermelho. Ele foi liberado da delegacia ap�s pagamento de fian�a de R$ 2 mil. No dia seguinte, ele fez um exame de corpo de delito.
Defesa se mobiliza
O advogado Ronivaldo Nascente est� representando o pai na quest�o. “O caminh�o estava na contram�o na subida. Se ele para na m�o dele, a mudan�a cai. A rua tem 7,30 metros. Coloquei dois autom�veis e o caminh�o. A blazer tem 1,76 metro de largura, segundo o manual da Ford, eu acho, daria tranquilamente para passar. A quest�o toda � que ningu�m sabe ao certo o que motivou essa estupidez”, disse o filho do idoso ao Estado de Minas nesta quarta-feira. “Ele fica no caminh�o entregando as coisas e as pessoas v�o carregando para dentro do im�vel. A Pol�cia Militar falou que o caminh�o estava todo errado, ele disse que era dele estava terminando a mudan�a”, afirma. Questionado sobre se o pai teria reagido, ele disse que o idoso sofre de bursite e teria gritado ao ter o bra�o torcido por um dos policiais.
“Foi muito r�pida a a��o. Eram tr�s policiais militiares altos, fortes, rapazes novos que servem para ser netos dele; Meu pai tem mais de 50 anos de motorista de caminh�o, est� aposentado h� 15 anos. � um homem que acorda 5h pra fazer os 'fretinhos' dele, um sofrimento danado para complementar a aposentadoria, nunca parou. Trabalha desde os 10 anos de idade”, contou o advogado, afirmando que o pai ainda est� abalado psicologicamente com o epis�dio. “Imagine um senhor de quase 70 anos de idade passar por um constrangimento desses, uma pessoa que nunca entrou em uma delegacia nem para pegar uma informa��o, e em uma abordagem da pol�cia militar levar soco, ser estrangulado?”, disse.
Ronivaldo Nascente disse que foi instaurado um procedimento na corregedoria da PM, que procurou a promotoria do Minist�rio P�blico no munic�pio e fez um requerimento de dilig�ncias junto � Pol�cia Civil para ouvir testemunhas do caso. No local da ocorr�ncia n�o h� c�meras de seguran�a.
Pol�cia Militar se pronuncia
Por meio de nota enviada ao EM, a Pol�cia Militar da cidade diz que o caso ser� apurado e que “reitera seu compromisso com a qualidade dos servi�os prestados � sociedade”. O posicionamento � assinado pelo tenente-coronel Fausto Machado de Oliveira, comandante do batalh�o. Leia na �ntegra:
"Na data de 11/11/2019, por volta de 19h40min, militares do Gepar Santa Helena, em patrulhamento pelo aglomerado do morro do Carapina, e em dilig�ncias visando a abordagem a indiv�duos, quando deslocavam pela Rua Varginha, depararam com um ve�culo caminh�o ba�, estacionado na contra m�o de dire��o, que impedia o deslocamento da viatura e o fluxo do tr�nsito pela via. Os militares advertiram o motorista quanto a irregularidade e determinaram que estacionasse corretamente, o que teria sido negado por ele, tendo recebido voz de pris�o em raz�o do crime de desobedi�ncia. O motorista ainda teria resistido � sua pris�o e proferido palavras de baixo cal�o contra os militares, sendo necess�rio o uso de for�a para cont�-lo.
No dia 13/11/2019 o motorista compareceu � Subcorregedoria da 8ª Regi�o da Pol�cia Militar e formalizou representa��o contra os policiais militares que atuaram nesta ocorr�ncia, cujos fatos ser�o devidamente apurados.
A Pol�cia Militar reitera seu compromisso com a qualidade dos servi�os prestados � sociedade, com profissionalismo, t�cnica, observ�ncia e promo��o dos Direitos Humanos, focada em valores, �tica e disciplina, sempre pronta a servir e proteger."
No dia 13/11/2019 o motorista compareceu � Subcorregedoria da 8ª Regi�o da Pol�cia Militar e formalizou representa��o contra os policiais militares que atuaram nesta ocorr�ncia, cujos fatos ser�o devidamente apurados.
A Pol�cia Militar reitera seu compromisso com a qualidade dos servi�os prestados � sociedade, com profissionalismo, t�cnica, observ�ncia e promo��o dos Direitos Humanos, focada em valores, �tica e disciplina, sempre pronta a servir e proteger."