postado em 21/11/2019 06:00 / atualizado em 21/11/2019 07:31
�rea de encosta no Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte: perfil de chuvas no in�cio da temporada faz com que preocupa��es se voltem para o perigo de deslizamentos e a mobiliza��o social (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)
Depois de enfrentar um longo per�odo de estiagem, Belo Horizonte ainda n�o superou os problemas de abastecimento causados pela seca, mas j� volta a entrar em alerta com a chuva. Temporais localizados levaram �rg�os de seguran�a e defesa civil a colocar em pr�tica protocolos de fechamento de vias da capital onde s�o comuns alagamentos. Apesar das precau��es, a cidade j� contabiliza a primeira morte do atual per�odo chuvoso. Trata-se de um homem de 33 anos que foi arrastado pela enxurrada no Bairro Santa M�nica, em Venda Nova. Outros tr�s �bitos foram registrados em Minas Gerais desde outubro (veja quadro).
Al�m dos alagamentos e enxurradas que preocupam durante as chuvas intensas, a previs�o de precipita��es n�o t�o fortes, mas ininterruptas, faz disparar outro alerta. O solo encharcado aumenta o risco de quedas de muros, deslizamentos, escorregamentos de terra, eros�es, trincas e rachaduras em im�veis. A previs�o dos meteorologistas � de que o tempo inst�vel continue ao menos at� domingo, com possibilidade de se estender durante a pr�xima semana. Com isso, as preocupa��es se voltam, principalmente, para locais onde est�o os 1,1 mil im�veis em �reas consideradas de risco na capital. A recomenda��o � que popula��o adote medidas de autoprote��o se algum ind�cio de risco geol�gico for detectado.
Belo Horizonte j� registrou chuva por seis dias consecutivos. Com a previs�o de que a instabilidade continue, o risco geol�gico aumenta, devido � satura��o do solo. Ocorr�ncias j� registradas neste per�odo chuvoso, que teve in�cio em outubro, comprovam a necessidade de cuidados. De acordo com a Defesa Civil Municipal, j� foram atendidas na atual esta��o cinco ocorr�ncias de desabamento parcial de muro de arrimo, e oito epis�dios de deslizamentos de encosta ou escorregamentos. Todos durante precipita��es pontuais, sem dias seguidos de instabilidade.
Ap�s emitir alerta para o risco geol�gico na cidade, a Defesa Civil Municipal est� de prontid�o. Equipes da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) iniciaram, desde janeiro deste ano, medidas para mitigar os danos, com obras em terrenos inst�veis e orienta��o para moradores. Esse tipo de amea�a ainda ronda 1,1 im�veis na capital, mas, apesar de o total ainda ser alto, esse n�mero j� chegou a 15 mil.
“O trabalho em rela��o ao risco geol�gico acontece todo o ano em �reas de vilas e favelas, h� 25 anos em BH. Em 2019, fizemos 60 obras de erradica��o de risco, e temos mais 65 em andamento”, afirma Isabel Volponi, diretora de �reas de Risco e Assist�ncia T�cnica da Urbel.
Durante o per�odo chuvoso, os trabalhos s�o intensificados, principalmente na orienta��o dos moradores para evitar trag�dias. “Temos que desenvolver a cultura do risco, para saber o que faz piorar o risco e entender a situa��o. � fundamental que a popula��o tome medidas de autoprote��o. N�o � s� obra que resolve, a postura do cidad�o de n�o se expor a situa��o de risco � muito importante”, ressalta.
Os moradores devem ficar atentos a sinais que podem indicar os riscos de escorregamentos, como trincas nas paredes e rachaduras no solo. Tamb�m devem verificar a situa��o de muros de arrimo. “Os muros que s�o constru�dos devem ter manuten��o peri�dica. Tem alguns que s�o constru�dos e n�o sabemos se foram feitos corretamente. H� o risco de escorregamento e da queda desse tipo de barreira”, comentou a diretora da Urbel.
As medidas de autoprote��o s�o importantes para evitar mortes, que neste per�odo chuvoso j� ocorrem em Belo Horizonte e outras tr�s cidades, conforme a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Na capital, a v�tima foi Aur�lio Pereira de Jesus, de 33 anos, arrastado pela enxurrada para um c�rrego no Bairro Santa M�nica, na Regi�o de Venda Nova, em Belo Horizonte. Uma testemunha contou aos militares que havia conversado com a v�tima. Em seguida, entrou em casa e, quando saiu, viu o homem sendo levado pela correnteza durante a chuva de segunda-feira. O corpo foi encontrado no dia seguinte, preso a arbustos no C�rrego Isidoro, pr�ximo ao Bairro Juliana.
No estado, a primeira morte no per�odo chuvoso foi de Jo�o Paulo Gon�alves dos Santos, de 29, v�tima de uma descarga atmosf�rica em Janu�ria, no Norte de Minas. Em 24 de outubro, em Santa Rita do Sapuca�, no Sul de Minas, Hilda Leandro de Jesus Silva, de 46 anos, foi atingida pelo tronco de um eucalipto �s margens do Rio Sapuca�, durante uma tempestade de granizo. No dia seguinte, Roberto Rodrigues do Vale, de 50 anos, resgatou o filho que caiu em um buraco aberto dentro de uma casa em Vi�osa, na Regi�o da Zona da Mata. Por�m, ele n�o conseguiu sair e foi arrastado pela correnteza.
Previs�o
Moradores de Belo Horizonte devem se preparar para o tempo inst�vel at� pelo menos o domingo. “Essa sequ�ncia de chuva est� sendo ocasionada pelo fluxo de umidade da Regi�o Centro-Oeste ou Amaz�nica do pa�s, o que � comum nesta �poca do ano. A previs�o � de que permane�a nesta situa��o at� pelo menos o domingo em Belo Horizonte”, explicou o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
No interior de Minas n�o deve ser diferente. “A instabilidade afetar� todas as regi�es do estado. No Noroeste e Vale do Jequitinhonha, a perspectiva � de chuva at� domingo. No Norte, a chuva deve diminuir a partir do s�bado”, disse o especialista.