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Estado de Minas ENTREVISTA

'Nossos cora��es est�o com as fam�lias das v�timas em Brumadinho'

Coronel Golan Vach, l�der da equipe israelense que atuou em Brumadinho, fala sobre parceria e envia mensagem de perseveran�a


postado em 25/11/2019 06:00 / atualizado em 25/11/2019 07:15

O coronel Golan Vach comandou a Unidade Nacional de Resgates (UNR) das Forças de Defesa de Israel em Minas(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O coronel Golan Vach comandou a Unidade Nacional de Resgates (UNR) das For�as de Defesa de Israel em Minas (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

A �nica unidade estrangeira a ajudar o Brasil depois do rompimento das barragens 1, 4 e 4A da Mina C�rrego do Feij�o, da mineradora Vale, em Brumadinho, era composta por 130 militares da Unidade Nacional de Resgates (UNR) das For�as de Defesa de Israel. Chegaram sob cr�ticas, ficaram apenas quatro dias, mas conseguiram resgatar 35 corpos, auxiliam at� hoje os bombeiros e prometem presentear o Brasil com um sistema que ajudar� a localizar v�timas de desastres como os de Brumadinho e de Mariana.

Na Associa��o Israelita Brasileira em Belo Horizonte, onde o comandante da UNR, coronel Golan Vach, palestrou sobre a experi�ncia nacional em aux�lio a desastres no exterior, o militar concedeu entrevista ao Estado de Minas. O comandante detalhou os trabalhos em Brumadinho, falou sobre a forma de agir dos militares do seu pa�s e sobre o fortalecimento dos la�os israelenses com os brasileiros. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais mant�m as buscas pelas v�timas.

A UNR tem vasta experi�ncia em cat�strofes pelo mundo. O que foi encontrado na trag�dia de Brumadinho surpreendeu de alguma forma?
Somos profissionais e estivemos presentes em muitas opera��es de resgate. Por isso, por procedimento, temos de assumir que todo desastre � novo e desconhecido. Mas, desta vez (em Brumadinho), o que encontramos foi totalmente inesperado. Nunca lidamos com aquele tipo de lama. N�s j� lidamos com enchentes, fura��es, terremotos, destrui��o em massa mas n�o com lama. Inicialmente, nenhum de n�s sabia como lidar com aquilo. Foi necess�rio saber primeiramente com o que est�vamos lidando.

"Gostaria de dizer que nossos cora��es est�o com as fam�lias das v�timas. N�s viemos aqui por elas"

Houve muitas cr�ticas, sobretudo da imprensa brasileira, sobre a efetividade da ajuda dos irsraelenses. Como o senhor enxerga isso?
Foi perguntado para mim pela m�dia, o por qu� de enviarmos nossos militares para o Brasil. A minha resposta, ent�o, foi: porque n�o mandar�amos? Porque os outros n�o enviaram ningu�m? Uma das coisas que mais me chamou a aten��o foi ver os socorristas brasileiros naquele cen�rio. Pensava: este � um cen�rio de destrui��o em massa. Uma cat�strofe. Mas, por que apenas n�s (israelenses) est�vamos l� ajudando? Onde estavam os outros pa�ses?

Militares israelenses durante os trabalhos de resgate de corpos em Brumadinho(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Militares israelenses durante os trabalhos de resgate de corpos em Brumadinho (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Um aspecto criticado foi a utiliza��o de sensores t�rmicos, que chegaram a ser classificados como in�teis numa opera��o como a de Brumadinho. O que o senhor diria sobre isso e os demais recursos que trouxeram?
N�s seguimos os protocolos da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) e somos considerados uma das 10 unidades de resgate mais eficientes do mundo. Quando viajamos, trazemos todos os nossos equipamentos conosco. E o mais importante deles � o que fica entre as nossas duas orelhas. Sim, levamos c�meras t�rmicas e v�rios outros sensores. Realmente n�o sei porque criticaram tanto esse equipamento. Posso dizer que levamos tudo, ao longo da miss�o selecionamos o que era adequado e ao fim de quatro dias o que mais se tornou �til foram nossas m�os e nossa experi�ncia.

Como foi lidar com a lama de rejeitos de min�rio de ferro?
Cavar � muito f�cil. Voc� leva equipamentos e ferramentas e apenas cava com as suas m�os. � muito simples, muito primitivo. A pergunta �: ao longo desses 10 quil�metros de �rea soterrada, onde se deve cavar? Ent�o, por isso, temos de usar as nossas mentes e experi�ncia.

"N�s dividimos todos os nossos recursos, o tempo todo e mesmo ap�s termos ido embora, agora, ainda colaboramos"

Foi uma miss�o muito perigosa e exigiu coragem, uma vez que havia, ainda, o risco de colapso de mais barragens que estavam inst�veis e poderiam varrer as �reas de resgate. Como foi lidar com isso?
N�o h� necessidade de colocar nossos soldados em risco, quando n�o h� vidas humanas amea�adas. Assim, quando sobrevo�vamos a �rea de opera��o e percebemos que n�o tinha sobreviventes vis�veis, levantamos dois problemas principais. O primeiro, era a presen�a de elementos t�xicos na lama. O segundo, a instabilidade das outras barragens. Para garantir essa seguran�a, enviamos amostras do solo e leituras estruturais das barragens para serem avaliadas por universidades em Israel. Em apenas duas horas essas leituras foram respondidas. Envi�vamos �s 7h e �s 9h, antes da chegada dos militares ao setor de opera��es, j� sab�amos que era seguro procurar pelas v�timas.

Voc�s compartilharam parte desses recursos e t�cnicas com as equipes de resgate do Brasil?
N�s dividimos todos os nossos recursos, o tempo todo e mesmo ap�s termos ido embora, agora, ainda colaboramos. Inclusive, vamos presentear os brasileiros com um algor�timo �nico que criamos e que diz o que aconteceu com um corpo em caso de inunda��es como essa. Isso ajuda a melhorar as buscas pelas v�timas. Em Brumadinho, encontramos 249 corpos que agiram diferentemente quando pegos pela lama. Isso poder� ser melhor previsto com esse programa, a partir do �ltimo sinal de telefone celular da pessoa. Esperamos que uma trag�dia assim n�o volte a ocorrer, mas caso ocorra isso poder� melhorar o trabalho das equipes de resgate brasileiras.

Ao todo estiveram em Brumadinho 130 militares enviados pelo governo de Israel para auxiliar nas buscas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Ao todo estiveram em Brumadinho 130 militares enviados pelo governo de Israel para auxiliar nas buscas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Neste momento h� 11 militares israelenses ajudando os brasileiros a combater os inc�ndios na Amaz�nia. O senhor acredita que mais esse aux�lio ajuda a fortalecer os la�os de amizade entre os dois pa�ses? Gostaria de pensar que pode contar com o Brasil caso Israel venha a enfrentar uma calamidade similar?
Acredito no povo brasileiro. Quando chegamos aqui, n�s viemos como uma na��o. Mas depois de pouco tempo, nos apaixonamos ao conhecer pessoas de cora��o aberto, muito bravas, muito determinadas e que valorizam a vida. Por isso, as pessoas do Brasil podem confiar que viremos ajudar sempre que precisarmos. N�o pelos governos, mas pelas pessoas daqui. Esperamos nunca precisar, mas caso seja necess�rio, tenho certeza que se ligar para o coronel Est�v�o (Edgard Estevo da Silva, comandante-geral dos Bombeiros), nossos amigos brasileiros vir�o em nosso socorro, com ou sem uma decis�o do governo.

Qual mensagem o senhor gostaria de deixar para as fam�lias das v�timas da trag�dia?
Gostaria de dizer que nossos cora��es est�o com as fam�lias das v�timas. N�s viemos aqui por elas. Sabemos o que � esperar pelas pessoas que amamos. Procuramos por um piloto nosso que desapareceu no Mar da Galileia (tenente Yakir Naveh) por 57 anos at� poder recuperar o seu corpo. Resgatamos o corpo de um outro soldado depois do (Guerra do) Yom Kippur (conflito �rabe-israelense de 1973), 37 anos depois. Entendemos como � esperar por aqueles que amamos. Viemos aqui por voc�s e por voc�s fizemos todos os esfor�os.


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