
Belo Horizonte amanheceu com moradores tentando p�r em ordem a vida depois do temporal da noite de domingo, que resultou em enchentes e alagamentos na regi�o da Avenida Teresa Cristina, a segunda em menos de dois meses, e rajadas de vento de 70 quil�metros por hora na Regi�o da Pampulha. No fim do dia, ap�s uma tr�gua com sol, a chuva retornou com for�a, principalmente no Centro da capital. Pedestres tiveram de se abrigar dentro de lojas, pois o alagamento tomou conta das cal�adas. Um dos pontos mais cr�ticos foi na Rua Caet�s, entre a Rua S�o Paulo e a Avenida Afonso Pena. Na Regi�o Leste, uma �rvore de grande porte caiu sobre a Avenida Francisco Sales, em frente � Santa Casa de Belo Horizonte, fechando o tr�nsito.

Quem sofreu com as chuvas das �ltimas 48 horas, o come�o da semana foi de lidar com mau cheiro e o risco de doen�as deixado pela lama que se acumulou nas ruas por onde as �guas passaram arrastando tudo. Na porta das casas, acumulavam-se sof�s, colch�es, geladeiras danificados. Na Vila S�o Paulo, no limite dos munic�pios de Belo Horizonte e Contagem, os moradores contavam os preju�zos de forma resignada, temendo o que vem pela frente no per�odo chuvoso, que se estende at� mar�o.
Ao longo da mureta na Avenida Teresa Cristina, galhos retorcidos, lixo e muita sujeira mostravam a for�a da �gua que transbordou do C�rrego Ferrugem quando se encontrou com o Rio Arrudas. No meio deste cen�rio de destrui��o, quem passava pelas margens da avenida tamb�m se comoveu com a tentativa de resgate de um filhote de cachorro. Depois de ser arrastado pela correnteza, ele conseguiu sair da �gua e se abrigar na parte cimentada no interior do Ribeir�o Arrudas. A reportagem do Estado de Minas flagrou o esfor�o de algumas pessoas para salvar o c�o. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas n�o chegou a tempo. O n�vel da �gua subiu e o filhote foi novamente levado pelas �guas.
Emerg�ncia

Com a chuva forte sobre a capital na noite de domingo, a Defesa Civil bloqueou as avenidas Vilarinho e Tereza Cristina. A pancada come�ou na Regi�o da Pampulha, classificada como extremamente forte, e logo seguiu para Venda Nova e as regionais Nordeste e Oeste. Ainda em poucos minutos a chuvarada ganhou as regi�es Leste, Centro-Sul e Barreiro. O volume de chuva na regi�o do Barreiro foi de 41,4 mil�metros, de acordo com a Defesa Civil. “Dezembro � o m�s mais chuvoso, com o maior �ndice durante o ano”, afirmou o meteorologista do Instituto Nacional Claudemir de Azevedo.
Localizada na Rua Padre Fl�vio, na Vila S�o Paulo, a casa do motorista Jo�o Carlos de Souza, de 70 anos, estava na �rea de alagamento da Avenida Teresa Cristina. As paredes do im�vel t�m as marcas das sucessivas enchentes que ele j� enfrentou desde a d�cada de 1980. A enchente de domingo alcan�ou 2 metros de altura. A �gua encobriu m�veis e fez com que ele tivesse que deixar a casa �s pressas. “A Defesa Civil vem aqui, avisa, mas parece que os �rg�os p�blicos fazem vista grossa”, reclama.
Ele lembra que em menos de dois meses � a segunda vez que tempestades trazem transtornos � regi�o. A pen�ltima chuva foi em 29 de outubro, quando ele perdeu a geladeira e outros pertences. Nesse domingo, conseguiu salvar a televis�o. “Estou tirando �gua e lama desde 1 hora da manh�. J� estou com minha m�o inchada de tanto bater p�”, afirmou. Ele perdeu a conta do n�mero de enchentes que enfrentou. “O C�rrego Ferrugem transborda em cima da Teresa Cristina. O c�rrego tinha que acompanhar o leito do Rio Arrudas. Poderia resolver se fizessem uma galeria aqui na rua para receber a �gua da chuva”, sugere.
Recorrente
Roberto Fonseca, de 62, h� 15 mora na Vila S�o Paulo e, todos os anos, tem que lidar com os estragos da chuva. No dia que sucedeu ao temporal, ele olhava sem acreditar nos m�veis danificados pela enchente, que se acumulavam no passeio. Um caminh�o-pipa da Prefeitura de Contagem ajudava na retirada da lama na garagem e no interior da casa. “Meu carro ficou alagado. Perdi m�veis. � a segunda vez que isso acontece este ano. Essa situa��o d� muito des�nimo”, afirma. Ele n�o entende os motivos de o poder p�blico n�o resolver o problema. “Pagamos IPTU t�o caro e n�o fazem nada”, disse sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
O empres�rio Patr�cio Rocha Resende, de 49, contabilizava os preju�zos no galp�o do Gr�mio Recreativo e Escola de Samba Chame Chame, que fica localizado na Rua Luminosa, paralela � Avenida Tereza Cristina, onde a �gua atingiu 2 metros de altura. “Menos de tr�s meses antes do carnaval e perdemos fantasias, alegorias e adere�os”, diz. O dano s� n�o foi maior poque ele conseguiu colocar parte das fantasias numa parte mais alta do galp�o onde fica guardado o material da escola.
Patr�cio acredita que o problema com as chuvas n�o se resolve pelo fato de o ponto de alagamento estar no limite dos munic�pios de Belo Horizonte e Contagem. “H� um jogo de empurra-empurra entre os governos municipais. Na �ltima chuva, colocamos os m�veis destru�dos pela chuva e levaram 15 dias para que fossem recolhidos.” Ele destaca que paga R$ 3 mil de IPTU do galp�o e R$ 3 mil de taxa de inc�ndio por ano. Ele defende que uma forma de compensar os moradores seria descontos no IPTU. “N�o temos apoio nenhum”, reclamou.