
Milhares de pessoas s�o esperadas na sexta-feira, em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), para a grande festa em louvor � padroeira da cidade. � frente do jubileu no santu�rio dedicado � protetora dos olhos, est� o titular da Par�quia Santa Luzia, padre Felipe Lemos de Queir�s, que se mostra feliz com o grande n�mero de participantes da trezena. “Estamos com tr�s hor�rios, �s 6h, �s 15h e �s 19h30, e a igreja fica muito cheia. Acredito que, de sexta-feira a domingo, receberemos cerca de 50 mil pessoas.”
A prociss�o luminosa de 13 de dezembro (ver programa��o) com a imagem de Santa Luzia ser� �s 18h, sendo acompanhada pelas bandas de m�sica tradicionais do munic�pio. O cortejo vai passar pelas ruas do Serro, Floriano Peixoto, Bonfim e Direita at� chegar � Pra�a da Matriz. Na chegada, haver� show pirot�cnico, canto do Te Deum e b�n��o do Sant�ssimo Sacramento. O arcebispo metropolitano de BH e presidente da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, estar� presente ao santu�rio na sexta-feira, mas a arquidiocese ainda n�o divulgou o hor�rio da missa que ele vai presidir.
Para garantir mais tranquilidade aos romeiros, as barraquinhas foram transferidas para a Rua do Serro, no trecho conhecido como “atr�s da igreja”. Padre Felipe adianta que, ap�s as prociss�es, haver� shows no local. Neste ano, o jubileu tem como presidente o casal Jos� Oswaldo Xavier e Fl�via Patr�cia Cota Xavier e vice-presidente Laura Cristina Leal Morais Lima e Leonardo Fernandes Lima. No domingo, Dia dos Romeiros, h� tamb�m extensa programa��o, com missas e prociss�o �s 11h, e a Missa Sertaneja, �s 12h, na Igreja do Ros�rio.
Import�ncia espiritual
S�mbolo de f� e marco na recupera��o de bens culturais desaparecidos em Minas, o Santu�rio de Santa Luzia, ligado � Arquidiocese de Belo Horizonte, recebeu b�n��o oficial em 13 de dezembro de 1778. Padre Felipe destaca a import�ncia espiritual, hist�rica e cultural do templo na vida do munic�pio tricenten�rio. “Trata-se de uma das matrizes mais bonitas de Minas. Erguida no s�culo 18 no estilo joanino, ou segunda fase do Barroco – mais ornamentado e pomposo, embora delicado – a igreja, hoje santu�rio, tem grande significado na arte e arquitetura, mas tamb�m nos trabalhos pastorais e sociais.”
Visitar o Santu�rio de Santa Luzia � entrar num universo de f�, beleza e hist�ria e fazer descobertas. O altar de S�o Jos�, por exemplo, tem um enigma a ser desvendado. Em 1989, durante a �ltima restaura��o do templo foram encontrados, na parte de tr�s do ret�bulo, um compasso e um esquadro esculpidos na madeira e em policromia dourada, que estariam relacionados � ma�onaria. J� que foi deixada uma passagem sob a mesa do altar, � poss�vel ver, com nitidez, a talha com o esquadro – para os ma�ons, s�mbolo de retid�o e integridade de car�ter –, e o compasso, que representa equil�brio, justi�a e vida correta.
Pela tradi��o oral, as pe�as localizadas atr�s do altar pertenceriam ao forro do interior do camarim, depois ocultado em raz�o da liga��o com a iconografia ma��nica. Estudiosos dizem que, como os entalhes do trono de S�o Jos� s�o semelhantes ao altar-mor de Santa Luzia, � poss�vel que ele estivesse � mostra no s�culo 18. No s�culo seguinte, a exposi��o numa igreja cat�lica criaria problemas para os padres, pois a bula Syllabus, editada em 1864 pelo papa Pio IX (1792-1878), proibia as rela��es da Igreja com a ma�onaria.
Tamb�m se torna imposs�vel falar sobre o santu�rio de Santa Luzia, localizado em �rea tombada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), sem destacar a campanha pelos bens desaparecidos em Minas, que, em 2019, completa 16 anos. No templo, est�o tr�s anjos barrocos – dois sobre o arco-cruzeiro e outro no altar de Nosso Senhor dos Passos – que simbolizam a luta empreendida por autoridades estaduais e federais para localizar imagens, ret�bulos e demais tesouros desaparecidos ou furtados de templos coloniais do estado. As pe�as em poder de um colecionador iriam a leil�o no Rio de Janeiro (RJ), quando foram retiradas do preg�o por ordem judicial e entregues ao Iepha, para per�cia.
Hist�ria

Conforme pesquisa da historiadora luziense Elizabete de Almeida Teixeira T�fani, a capela primitiva dedicada a Santa Luzia foi erguida por volta de 1701, formando-se no entorno um rancho para tropeiros que chegavam dos currais da Bahia a fim de abastecer a regi�o das minas de ouro. “No in�cio, quando era capela, ficava de frente para a Rua do Serro, e s� depois que se tornou igreja � que ficou virada para a Rua Direita, como est� hoje”, conta a pesquisadora.
A hist�ria se completa com informa��es contidas no Invent�rio do Patrim�nio Cultural da Arquidiocese de BH/Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas. Entre 1721 e 1729, a capela foi ampliada por iniciativa do capit�o-mor Jo�o Ferreira dos Santos e outros pioneiros com o apoio do padre Louren�o de Valadares Vieira, vig�rio de Sabar�. Assim, o templo se tornou capela filial da freguesia de Santo Ant�nio de Ro�a Grande, j� que Santa Luzia estava vinculada � Vila Real de Nossa Senhora da Concei��o de Sabar�.
Programa��o
Dia de Santa Luzia
13 de dezembro
Missas no Santu�rio
» 0h, 5h, 7h, 9h, 11h, 13h, 15h e 17h
» 18h – Prociss�o solene com a imagem de Santa Luzia
Dia 14
» 16h – Missa com os enfermos, liturgia e Ter�o dos Homens
» 19h30 – Missa com os luzienses ausentes
Dia 15
Domingo dos Romeiros,
no Santu�rio
» 7h, 8h30, 10h, 15h e 19h30
» 11h – Prociss�o dos Romeiros, saindo da Igreja do Ros�rio
» 12h – Missa Sertaneja, na Igreja do Ros�rio